Muita gente se incomoda com a furiosa onda de remakes dos últimos anos. Até porque, em sua grande maioria, são filmes sem o carisma e a alma do original. Seja como for, alguns exemplos como “Bravura Indômita” e “Os Infiltrados” estão aí para mostrar que nem sempre é assim. Esse não é o caso de “Além da Morte”.
Baseado no filme de 1990 de Joel Schumacher, “Além da Morte” tem uma premissa simples, mas promissora. A estudante de medicina Courtney (Ellen Page) trabalha em um “projeto extracurricular”, que consiste em descobrir o que há depois da morte. Para isso, conta com a ajuda de outros quatro estudantes (Diego Luna, Nina Dobrev, James Norton e Kiersey Clemons). Sua ideia é provocar sua própria morte por curtos períodos de tempo, sendo ressuscitada pelos amigos, buscando encontrar o que existe “do outro lado”.
No início, o experimento parece dar mais do que certo. O cérebro de Courtney é ativado e ela é capaz de lembrar de cada detalhe dos livros de medicina, o que logo chama a atenção dos colegas, que se mostram ansiosos por passar pela experiência. Porém, apesar de seu treinamento médico, o grupo de estudantes fica surpreso ao perceber que matarem uns aos outros consecutivamente pode trazer sérias consequências. Suas memórias mais traumáticas são ressuscitadas de forma mais vívida do que nunca.
Nossas ações, mesmo que impensadas, afetam àqueles ao nosso redor. Nossos pecados os machucam e apenas a humildade e arrependimento podem nos salvar. O filme gira em torno desse tema. A humildade para reconhecer nossos erros e pedir perdão, é o caminho da salvação. E, talvez, perdoar a nós mesmos seja mais difícil do que pedir o perdão de alguém.
Com um elenco competente e a direção mais competente ainda de Niels Arden Oplev, “Além da Morte” tem momentos interessantes, mas peca na história. O filme parece não saber bem para onde ir e fica rondando os personagens, com arcos pouco autênticos. Suas motivações poderiam até ser mais cativantes, caso fossem tratadas com maior cuidado pelo roteiro. E é aqui onde os atores brilham, dando o seu melhor com o que têm. O elenco consegue passar a verdade necessária para disfarçar a superficialidade dos personagens. É triste pensar que, no meio do filme, há um enorme ponto de virada e você não se importa nem um pouco com aquilo.
Apesar de não conduzir uma narrativa tão empolgante, Oplev apresenta soluções visuais interessantes. Há uma cena no apartamento de Courtney, onde o diretor usa os recursos do ambiente de forma inteligente e cria uma boa sequência de tensão. Fica evidente que não é um filme de terror, mas os elementos do gênero estão ali e aparecem, de vez em quando. O trabalho que faz com os barulhos e sons, os objetos inanimados que criam vida, os vultos passando atrás de alguém, tudo isso nos remete à clássica essência do terror.
Mesmo assim, não importa o quão estiloso seja visualmente, “Além da Morte” se recusa a engatar ou concluir alguma coisa. Começa em nenhum lugar e vai para lugar nenhum. No fim das contas, é apenas mais um remake esquecível.