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E depois de tanta expectativa, tanta espera, eis que a franquia de Suzanne Collins finalmente chega ao fim com Jogos Vorazes: A Esperança – O Final. Devo admitir que, apesar da saga ser bastante interessante, principalmente no âmbito político, ela não conseguiu se manter e acabou frustrando grande parte dos expectadores com um final totalmente desmotivador.
A verdade é que esta última película estava sendo muito aguardada, pois nela estava concentrada toda a munição que Collins e o diretor Francis Lawrence (Eu Sou A Lenda) haviam guardado depois do anterior ter sido quase que um chá de Rivotril para muita gente. E não devo negar, tivemos sim muita ação, nada se comparado a Maze Runner: Prova de Fogo (2015), claro, porém de certa forma a obra conseguiu prender atenção do público.
O filme começa de maneira repentina, sem uma introdução ou grande abertura, justamente para passar uma sensação de continuidade. Katniss (Jennifer Lawrence) está de volta à sua base aliada, porém tentando se recuperar dos ferimentos causados por Peeta (Josh Hutcherson), que quase a matou estrangulada após despertar de seu transe causado pelas tropas de Snow (Donald Sutherland).
Para mim o grande ponto de Jogos Vorazes é certamente a sua audácia de conseguir trabalhar características sociais e políticas de uma forma instigante e ao mesmo tempo persuasiva, pois a cada cena, a cada acontecimento, os personagens vão tomando forma e tudo parece não fazer mais um grande sentido, nos forçando a realizar uma nova estratégia de escape para que possamos entender o que de fato está acontecendo ali. É uma narrativa transitória que desperta no expectador ou leitor dos livros, uma capacidade de raciocínio lógico que nos eleva a um certo grau de consciência dentro do nosso mundo real. No entanto, o grande problema neste filme é justamente a falta de tempo para que esses por menores pudessem se estabelecer adequadamente. A sensação que pairava era de que seguíamos uma corrida contra o tempo no intuito de que Katniss fosse atrás de sua vingança contra a Capital, mais especificamente contra Snow.
Ao que parece, a união de um jogo de valores, uma trama ágil e ao mesmo tempo persuasiva, características marcantes da saga, deixaram de coexistir de forma tão efetiva em A Esperança – O Final. O que vemos de início é um roteiro focado no “fazer e acontecer”, com pouco brilhantismo na condução de suas ideologias peculiares e ao mesmo tempo sem tanto impacto emocional. Um claro exemplo disso é a forma como a relação do triângulo amoroso entre Katniss, Peeta e Gale (Liam Hemsworth) se desenvolve ao longo do filme. Parece que todo aquele caos sentimental que acontecera nos últimos três longas não valeu de absolutamente nada, pois tudo foi adaptado de forma terrivelmente fria. Em tese isso pode ter sido ocasionado pela tensão pré-guerra em que ambos estavam expostos, porém ainda não encontro uma justificativa plausível para tal.
Outro grande problema de Jogos Vorazes: A Esperança – O Final foi certamente a quase inexistência de personagens de certa relevância para saga como Johanna Mason (Jena Malone) e Haymitch Abernathy (Woody Harrelson). Malone então teve sua participação reduzida a quase que um trabalho de figuração, uma coisa totalmente patética. Já Herrelson só apareceu realizado pontas em cenas de continuidade. Se isso tivesse acontecido unicamente com o Plutarch do falecido Philip Seymour Hoffman seria compreensível, já que o ator morreu em meio às gravações do filme, mas não foi o que ocorreu.
Quanto as atuações, Jennifer Lawrence esteve bem mediana interpretando a indecisa Katniss Everdeen, suas expressões em certos momentos soavam ou forçadas demais, ou totalmente apagadas. Tá certo que a personagem estava tentando lidar com um grande trauma e a sua situação atual não era das melhores, mas ainda sim senti que faltou um pouco mais de entrega por parte da moça. Nem parece aquela garota que roubou a cena no excelente Inverno da Alma (2011) da diretora Debra Granik. Já ó restante do elenco conseguiu manter um certo nível de equivalência, até porque não houve muito espaço para tantos destaques. Além de Jennifer os que mais apareceram foram Josh Hutcherson, Liam Hemsworth (muito mal aproveitado também diga-se de passagem), Donald Sutherland e Juliane Moore.
Já o ponto forte mesmo do filme foram as cenas de ação, principalmente na luta contra os Bestantes. Algumas sequências foram tão envolventes que até nos fizeram esquecer algumas perdas importantes que ocorreram pelo caminho. A trilha sonora também alcançou um excelente resultando em cima dessas tomadas mais explosivas. Já a fotografia aconteceu de forma simples, sem planos grandiosos ou tão impactantes. Quanto ao roteiro como um todo, eu entendi o sofrimento que seria encaixar tudo aquilo em um único filme até relevei a necessidade de evitar grandes suspenses para o ápice final. No fim ficou tudo muito previsível, mas já era de se esperar.
Jogos Vorazes – O Final com toda certeza não surpreendeu e de fato me deixou com a sensação de “missão incompleta”. Toda essa história de “guardar o melhor para o final” dessa vez não funcionou, ao contrário, acabou até atrapalhando o andamento de uma trama que tinha um grande potencial. O melhor que temos a fazer é idealizarmos a franquia dentro dos dois primeiros filmes. É o que irei fazer.