Lúcifer Morningstar (Tom Ellis) foi o líder de uma revolução que levou-o a ser exilado e a governar o inferno por ordem de seu Pai, mas ele cansou daquilo e decidiu largar tudo para trás e morar em Los Angeles, onde monta uma boate, a Lux. Sua bartender é Mazikeen (Lesley-Ann Brandt), que foi com ele para a Cidade dos Anjos. Um dia ele recebe a visita de uma velha amiga que termina sendo assassinada na sua frente. Então ele se junta com a policial Chloe Dancer (Lauren German) para descobrir que assassinou sua amiga, além de ser ameaçado por Amenadiel (D.B. Woodside), que acredita no desequilíbrio, pois enquanto Deus reina no Firmamento, Lúcifer deveria cuidar do inferno.
O piloto da série que foi lançado em 09 de agosto de 2015 é basicamente isso. A base da série é o personagem da Vertigo Comics criado por Neil Gaiman e Sam Keith para a revista Sandman #4 (abril de 1989) e depois fora aprimorado na revista mensal Lucifer (junho de 2000 a agosto de 2006), escrita por Mike Carey. Nota-se algumas características do personagem na interpretação do ator britânico Tom Ellis (As Aventuras de Merlin), mas infelizmente se perde nas expressões.
Eu não vou me prender a detalhes banais como cor do cabelo, cor de olhos tom da pele, mas vou sim falar sobre a caracterização dos personagens na série e a ideia do enredo.
Bem, voltando a Lúcifer, senti mais falta da sua placidez com as questões humanas, pois este parece se interessar e importar demais com as pessoas. Sem contar que nos momentos que cruza com o anjo Amenadiel, parece teme-lo, algo que não se nota nele nos quadrinhos. Se ele teme outros anjos, ele nunca demonstra, pois ele foi “escolhido” para governar o submundo, ele é superior a todos os outros anjos.
Também senti falta do uso da magia neste piloto. Tá, tudo bem, é o primeiro, mas Lúcifer não somente manipula os humanos, ele faz uso de magia para conseguir alcançar os meios. Ele É um ser mágico, sobrenatural.
Temos também Mazikeen, que é interpretada pela atriz Lesley-Ann Brandt (Spartacus: Deuses da Arena). Linda e sedutora, ela acompanhou Lúcifer do inferno para Los Angeles, onde se tornou bartender da boate de Lúcifer e tende a lembra-lo – como se isso fosse necessário (parece que na série é) – que ele é o senhor daquele reino e deve se portar como tal. Sinceramente, foi a maior das descaracterizações da série.
Eu conheci Mazikeen pelo encadernado “Lúcifer: O Diabo à Porta”, que cheguei até a resenhar, e ela é totalmente o oposto da personagem da série. Nesse ponto vou me prender a detalhes, pois uma das maiores características da “consorte” de Lúcifer é uma máscara a la Fantasma da Ópera que usa para tampar parte de seu rosto deformado. Ela é a única pessoa com quem Lúcifer demonstra alguma afeição e está longe de ser promíscua e viver de sexo. É uma guerreira e se porta como tal, ou seja, em momentos de calmaria se mantém apaziguada, mas quando se vê em guerra com algo ou alguém, se torna brutal. Ela nunca deixaria Lúcifer ser ameaçado por ninguém e nem demonstraria se arrepender de ter saído do inferno, pois se importa de estar ao lado do senhor do inferno e nada mais.
O “ponto-fraco” de Lúcifer surge na figura da policial Chloe Dancer, interpretada pela atriz Lauren German (O Albergue 2). Ela é o ponto-fraco, pois algo nela mexe com Lúcifer o que faz com que ele se importe em demasia com ela.
Vejo a personagem Chloe Dancer igual a personagem Zed Martin em Constantine, ou seja, um empecilho para a série ousar. A necessidade de se ter uma personagem feminina que faça o contraponto com o personagem masculino, tendo uma tensão sexual entre eles, mesmo que seja metafórica ou platônica, é algo que se vê em várias séries que terminaram falhando na primeira temporada. “Moolight” com Mick St. John (Alex O’Laughlin) e Beth Turner (Sophia Myles) e “Constantine” com John Constantine (Matt Ryan) e Zed Martin (Angélica Celaya) são claros exemplos disso. Mas lógico que pode funcionar como – por mais que eu ache chata e desnecessária – Catherine Chandler (Kristin Kreuk) e Vincent Keller (Jay Ryan) em “Bela e a Fera” e – essa eu gosto, mas ficou difícil acompanhar – Ichabod Crane (Tom Mison) e Abbie Mills (Nicole Beharie) em “Sleepy Hollow”.
Não estou dizendo que “Lucifer” será um fracasso, mas poderiam desenvolvê-lo bem mais, sem a necessidade de Chloe Dancer, pois é um personagem forte por si só, com personagens que o rodeiam de uma força igual. A mitologia de Lúcifer cresceu por si só nos quadrinhos e poderia muito bem ser transposta na TV, se não fosse a necessidade de podá-la.
O piloto não me agradou por todos os motivos acima, mas vamos esperar que a série seja mais do que o primeiro episódio apresentado e que “Lucifer” perdure por várias temporadas.
LUCIFER
Produção: Jerry Bruckheimer, Tom Kapinos (criador da série), Jonathan Littman, Len Wiseman.
Elenco: Tom Ellis, Lauren German, Lesley-Ann Brandt, D.B. Woodside, Kevin Alejandro, Scarlett Stevez.