Em uma entrevista exclusiva para o CDL, Tom Karabachian, Daniel Rangel e o diretor Felipe Sholl contam suas experiências e desafios do longa, grande vencedor do Festival do Rio, Fala Comigo.
Fala Comigo aborda a relação improvável entre o adolescente Diogo, de 17 anos (Tom Karabachian) e Ângela (Karine Teles), uma mulher bem mais velha, depressiva e paciente da psicanalista Clarice, a mãe do garoto (Denise Fraga).
Confira a entrevista:
CDL: Conta como foi estrear seu longa-metragem e já participar da principal premiação do Festival do Rio.
Felipe Sholl – “Estrar no Festival do Rio é uma experiência incrível, porque eu já trabalhei no Festival e foi aqui que eu aprendi a gostar de cinema. Estrear em um filme e já ir para a competição é uma honra. Foi o meu primeiro longa como diretor, e o que facilitou muito o meu trabalho foi que eu tive uma equipe e um elenco que fizeram das tripas coração, não teve ninguém no elenco que não tivesse muito afim de tornar tudo isso possível. Foi um filme muito pobre, com baixíssimo orçamento, e graças a dedicação de todos isso foi possível.”
Tom Karabachian e Daniel Rangel também falam sobre as suas estreias e como foi contracenar com um elenco de peso:
TOM – “Para mim foi um processo muito rico e incrível, até porque eu sempre fui louco por cinema, e esse foi o primeiro filme que eu tive uma história. Quando eu descobri o elenco que eu contracenaria, eu pirei. Estar na mesma cena que esses grandes atores, olhando olho no olho, é muito emocionante. Toda equipe sempre me apoiou e me confortou muito, o que fez disso uma experiência única. Para nós, atores que estamos começando agora, é gratificante.”
DANIEL – “Esse foi o meu primeiro contato com o cinema e já contracenar com nomes que sempre foram referências para mim com a Denise e a Karine foi algo único. Tivemos a honra de pegar o Sholl como primeiro diretor. Ele cuida muito dos atores, valoriza o nosso trabalho, além de dar liberdade para interagirmos com os nossos personagens.”
CDL: Como foi a ideia de origem desse roteiro?
Felipe Sholl: “Não tem um lugar específico de onde surgiu a ideia do roteiro. Eu queria contar uma história de um amor que surgisse de um lugar que você não espera, de pessoas que estão buscando intimidade de um lugar que você não imagina e eu tinha a ideia dessa mulher, que foi abandonada e perdeu tudo que ela tinha, pois ela vivia para o casamento. Basicamente, eu sempre pensei em duas pessoas que não tinham nada e se encontram.”
CDL: Sholl, você foi muito elogiado por todo o elenco, comente sobre a sua particularidade como diretor.
Felipe Sholl: “Eu escrevo o papel para o ator, quando eu escrevi esse papel o Tom era uma criança, eu não tinha menor ideia de quem o faria, mas eu sempre deixo um espaço para o ator porque eu quero que ele traga um pouco dele próprio para o personagem. O Tom foi me canalizando para o personagem. Para a Karine foi a mesma coisa, eu só confirmei a Karine no papel faltando poucos meses para começarmos a gravar, e eu fui adaptando o personagem para ela.”
CDL: Como foi filmar um filme com baixo orçamento?
Felipe Sholl: “A questão do dinheiro sem dúvida é um limitador, mas acaba que nós temos que ser criativos para lidar com ele. Tudo foi em locação, tínhamos desde a obra do vizinho que a gente achava que foi um dia de gravação perdida, mas na realidade dava para usar, até o vizinho que ficou puto com o filme e botava o som alto na hora da filmagem. Uma semana antes da gente filmar, a casa da Ângela iria ser no Humaitá, só que era muito barulhento e o síndico ainda falou que dificultaria a nossa vida, e tivemos que arrumar outra casa com esse prazo curtíssimo. Mas quando você tem um desafio assim, você se empenha. O filme acaba ficando melhor.”
CDL: Como foi o processo de locação?
Felipe Sholl: “Eu precisava de coisas muito específicas. Por exemplo, o apartamento do Diogo tinha que ser um apartamento grande, para caber a família inteira; queria que essa família tivesse tido mais dinheiro e agora apertar os cintos para se manterem; e queria que fosse na zona sul para dar a ideia dessa burguesia decadente.”
Revisado por: Bruna Vieira.