Felipe Fasanella do Canal Triplo F
Há alguns anos, o universo das animações era dividido entre Pixar e Dreamworks. As duas gigantes do setor se acostumaram a fazer filmes animados caríssimos, e o retorno na maioria das vezes foi garantido.
Produções acima de US$ 150 milhões de dólares eram quase uma regra, até o surgimento da Illumination Entertainment, que começou a trabalhar com valores um pouco abaixo dos US$ 100 milhões.
Vimos que filmes competentes podem ser feitos na faixa de US$ 60-70 milhões, como é o caso de Meu Malvado Favorito. Me surpreendi quando verifiquei que o custo de produção de Festa da Salsicha era de baixíssimos US$ 19 milhões. Mesmo com um elenco estelar, que inclui Seth Rogen, Jonah Hill, James Franco entre outros. Realmente um valor impressionante de tão baixo, devido a altíssima tecnologia e quantidade de pessoas envolvidas.
Após um excelente lançamento (US$ 34 milhões), que pagou o custo da produção em menos de 3 dias, uma controvérsia surgiu referente ao pagamento dos salários dos animadores.
A animation house responsável pelo filme foi a Nitrogen Studios, sediada no Canadá, principal alvo de reclamações anônimas, segundo o The Hollywood Reporter. As alegações são de que as condições de trabalho eram bem abaixo dos níveis do mercado.
Também foi alegado pelas fontes que os animadores eram pressionados a trabalhar diversas horas além do contratado, e que nenhum pagamento de hora extra foi efetuado.
“Táticas injustas de pressão foram utilizadas contra a equipe: intimidando funcionários a trabalharem fora do período oficial do estúdio, medidas disciplinares através de táticas assustadoras que causavam desmotivação e stress e ameaça de demissões, alegando também que outras empresas concorrentes trabalhavam a mais voluntariamente, e que por isso não receberiam nada por isso.”
Outra reclamação apresentada, é que diversos animadores que trabalharam na produção não foram creditados como colaboradores no filme. Essas entre muitas outras atitudes questionáveis foram levantadas contra a Sony, a produtora Annapurca Pictures e a Nitrogen Studios.
O diretor do filme e chefe criativo da Nitrogen disse ao The Hollywood Reporter que:
“As alegações não tem mérito. A produção aderiu a todos os regulamentos e obrigações contratuais com os artistas, referentes a horas trabalhadas. Todas as desavenças foram prontamente resolvidas.”
Fontes alegam que a produtora procurou tomar medidas para remediar a situação, distanciando o diretor dos animadores. Isso deixou o ambiente de trabalho ainda mais confuso e desgastante, conforme afirmou um dos artistas.
“Seria como um diretor de cinema dirigir seus atores através de SMS” afirmou a fonte.
A Unifor 2000, uma representante de trabalhadores sediada em Vancouver, impetrou uma reclamação formal contra a Nitrogen de forma independente. Isso se deve ao fato de muitos animadores terem receio de represálias em um ramo dominado por poucos estúdios.
Vale lembrar que essa é a segunda grande controvérsia envolvendo filmes de Seth Rogen em parceria com a Sony. A Entrevista, fora um filme responsável por ameaças terroristas e de vazamento de e-mails confidenciais da empresa.
Difícil saber exatamente quem é o responsável (Sony, Annapurca Pictures ou Nitrogen). Porém, pela diferença brutal entre o orçamento de Festa da Salsicha e outras animações CGI, e considerando que o único grande custo de uma animação são as horas trabalhadas dos animadores, podemos concluir facilmente que medidas radicais foram empregadas para reduzir o orçamento.
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Revisado por: Bruna Vieira.