Titulo: para Copacabana, Com Amor
Autor: Diversos
Editora: Oito e Meio
O mote desta coletânea foi bem imaginado. Copacabana merece. Os contos de “Para Copacabana, com amor”, Editora Oito e meio, 160 páginas, são todos de amor e tem como cenário a atmosfera do famoso bairro carioca.
A organização de Daniel Russell Ribas entregou a cada escritor a tarefa de um conto, o que não impede que este volume tenha unidade, a gente se aprofunda em Copacabana nestes contos, siga lendo, lá vem mais uma história do incrível bairro, parece provocar este livro. Condensadas pela proposta do mote, as histórias adquirem o frescor de novidade e se equilibram a partir das inúmeras tentações estilísticas. São quase todos autores que estão começando, merecem portanto os parabéns pela iniciativa. Vou tratar aqui dos contos que mais me chamaram a atenção.
Antes, porém, não poderia deixar de destacar o trabalho das várias ilustradoras (Ana Muniz, Leticia Hasselmann, Fernanda Franco, Alliah, iida e Maria Matina) e o prefácio de Mônica Montone, que optou pela exaltação de Copacabana, uma escolha muito correta e bem realizada. Dito isto, vamos a alguns dos contos.
Em “Três vidas”, de Flávia Iriarte, destaco a narrativa controlada e o final bonito, que inspira simplicidade dentro do caos que é muitas vezes a princesinha do mar.
O discurso direto é o brilho de “Ai de mim, Copacabana”. Cesar Cardoso monta um conto com as memórias de uma senhora (um travesti?) sempre armada de navalha e sempre atrás de seus amores.
Luisa Borges Pontes também se sai bem com “Claraboia”. Seu conto é um diálogo acelerado rente à praia, bastante verossímel, mas que se abrevia rapidamente no fim, talvez com pressa de ponto final. Ficou bonito mesmo assim, ainda que falte à solução alguma imprevisibilidade.
Já o conto de Raphael Montes entrega uma história de primeira, “Balas de tamarindo” exibe técnica e enredo, seguindo juntos até o final cheio de gostosa ironia.
Em “Anestesia do som”, Bruna Maria extrapola o que é banal, este conto salta furiosamente do cotidiano da Capacabana de todos os dias.
E Verônica Ferreira em “A milenar entrega” consegue uma conclusão surpreendente, que traz tanta suavidade ao conto que impele à releitura.
Leonardo Marona aposta no visceral “Morangos e vinho”, traz para o leitor um universo de dor, compreensão e autenticidade confessional.
Em “Tudo se morde”, de Alliah, vive a declaração de amor que descobre em Copacabana a salvação através da paixão pelo corpo.
O conto “Cúmplices”, de Vinicius Faustini, evolui bem mas faltam-lhe páginas e o fim parece pouco verossímel neste mundo de transas descartáveis.
Ana Carolina Aquini fascina pelo lirismo de suas palavras no lindo conto “Beira-mar”, que encanta também pela falta, pela retórica clara da solidão.
Verônica Fantoni também brilha com “Nara”, um conto gostoso, que abre os poros da gente. Um conto singelo, que casa perfeitamente com o espírito do livro.
Daniel Russell Ribas, com “Clube”, projeta uma vontade de sintonia que é seu trunfo, tudo neste conto é familiar ao escritor, e mostra como a ficção permeia as vidas dos autores.
E finalmente, “Vestido de noiva”, de Danielle Schlossarek, dona de um discurso talentoso, em que a narradora se sobressai tanto quanto a protagonista. Fecha a coletânea demonstrando que há sempre quem conte e quem viva uma história em Copacabana.
E ainda tem aquele mar…