“É assim que todos nós deslizamos, barcos contra a corrente, impelidos incessantemente de volta ao passado.”
O Grande Gadsby recria a famosa “Era do Jazz” vivida pela alta sociedade dos Estados Unidos durante os anos 20 quando o país vivia uma época de prosperidade logo após a Primeira Guerra Mundial. A brilhante apresentação do jornalista Ruy Castro já nos leva a crer que vai ser fácil se encantar pelo universo de ilusões criado pelo autor F. Scott Ftizgerald, um famoso romancista norte americano que ficou reconhecido como o ídolo da juventude insatisfeita de seu tempo. Pensei que, por se tratar de um romance de “época” teria uma linguagem de difícil compreensão, mas acabei me surpreendendo positivamente, pois o livro vai te levando de um capítulo a outro através das histórias interligadas de uma maneira tão leve que você nem percebe. Gatsby é um enigmático recém milionário que realiza festas homéricas para pessoas fúteis e materialistas que ele não conhece e que também não o conhecem de verdade a fim de ostentar um luxo que ninguém sabe ao certo de onde veio e dessa forma, acaba atiçando a curiosidade de pessoas que acabam criando especulações sobre quem seria aquele homem que os recebe em uma bela mansão frequentada por artistas famosos, diretores de cinema e músicos e ficam se perguntando de onde ele veio e qual seria o seu real objetivo?
É nesse ambiente que o jovem Nick Carraway acaba sendo inserido meio que “por acaso” começa a transitar no fantástico mundo de Gadsby e nos narra a história por uma perspectiva de quem está dentro e fora ao mesmo tempo, ou seja, ele tem uma forte ligação com esse universo encantado, mas não se deixa contaminar por ele, apesar de ser um primo distante de Daisy, uma jovem encantadora e deslumbrada que vive em um casamento de aparências com Tom Buchanan um homem turrão e grosseiro que mantém um relacionamento extraconjugal com uma mulher também casada e acaba sendo um personagem fundamental para revelar os segredos de Gatsby, mas quem seria realmente o vilão dessa história vivida por casais interligados? Se é que existe um verdadeiro culpado pela sucessão de fatos que traz a tona um amor inacabado do passado que acaba vindo a tona novamente e criando uma trama cheia de intrigas, paixões, interesses, segredos, adultério e conflitos que acabam levando a um desfecho trágico e inesperado, mostrando que tentar reviver o passado pode ser algo extremamente destrutivo. Até que ponto as pessoas que estão ao seu lado estão realmente do seu lado?
“Gatsby acreditou na luzinha verde, naquele futuro orgiástico que de ano em ano se afasta de nossos olhos. O futuro já nos iludiu tantas vezes, mas não importa…Amanhã correremos mais depressa e esticaremos nossos braços um pouco mais além…”
No livro o autor mostra essas relações marcadas por interesses fúteis e não por um sentimento real e traz à tona a essência insensível, cruel e egoísta das pessoas que só estão do seu lado até que isso não afete nem prejudique os seus interesses pessoais e como elas passam por cima das outras a fim de não mancharem sua reputação ou atrapalharem os seus planos. Mostra que as pessoas só ficam do seu lado enquanto precisam de algo que você tem e nos faz refletir e questionar até que ponto podemos confiar em alguém. Mesmo retratando uma história vivida por uma geração tão distante da nossa realidade, acaba sendo muito atual e quem lê acaba se identificando com algumas situações. Vale a pena ler!
Título: O Grande Gatsby (The Great Gatsby)
Autor: F. Scott Fitzgerald
Estilo: Romance
Editora: Geração
Páginas: 204
O Grande Gatsby também foi um sucesso do cinema retratado por Baz Luhrmann, o mesmo diretor de Romeu+Julieta e Moulin Rouge – Amor em Vermelho. Com a participação de grandes atores como Leonardo Di Caprio e Tobey Maguire, foi uma crítica à insensibilidade de uma era revestida de ouro e uma recriação de um dos melhores romances já escritos por F. Scott Fitzgerald. Confira o trailer: