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Nos últimos dias, tivemos acontecimentos que infelizmente não são nada decorrentes. Denuncias de assédio e abuso, onde as vítimas em sua grande maioria mulheres, são constantemente deslegitimadas.
O último caso e o que está ganhando as mídias sociais, do ex jogador da Team oNe, é a prova viva disso.
Alanderson “4Lan” Meirelles não é acusado de assédio pela primeira vez, a streamer Gabruxona já havia denunciado o ex jogador por ofender e “partir pra cima” da streamer em um show de trap.
No caso da Gabruxona, ela saiu como a mentirosa. Ameaçaram, ofenderam e hoje ela lida com a pressão psicológica que passou desde o dia que resolveu expor o que aconteceu com ela.
Lendo os comentários desse tweet vemos que o problema não é apenas o suposto assediador, mas como ele faz com que sua vítima seja totalmente invalidada.
Na noite de ontem (17), a vítima que até então tinha se mantido em sigilo para obviamente não passar pelo mesmo processo de ser ofendida e ameaçada, foi a público e contou tudo que aconteceu, chorando.
“Eu fui a vítima do assédio. Não é justo eu ficar quieta e uma pessoa fazer isso com o meu próprio corpo sem o meu consentimento. A gente estava na casa do brTT e da Caju, era uma festa depois da BGS. Eu estava com uma amiga, a gente estava entre a piscina e a sala, em um semi corredor. Estávamos olhando um pessoal jogar cartas sentados no chão. Estávamos nos divertindo, dando risada e assistindo ao jogo. Do nada, sinto alguém pegar na minha bunda e apertar. No mesmo momento, olhei para a minha amiga que estava do meu lado, e ela estava com a mesma cara de assustada que eu. Viramos para o lado e vimos quem foi, a pessoa estava olhando pra gente.
Eu estava com medo de me expôr, mas agora não tem mais jeito. Está sobrando para quem não tem nada a ver com a história. Eu queria, de coração, que vocês entendessem que não é culpa de nenhuma das vítimas. Não é justo alguém colocar a mão no seu corpo sem que você permita. Fizemos o boletim de ocorrência e vamos até o fim. Mais uma vez, não é justo alguém chegar do seu lado, colocar a mão no seu corpo e sair impune“
Caju, mulher do jogador brTT ainda disse em seu twitter que sua amiga Gi passou 40 minutos no banho, se sentindo suja, como se a culpa fosse dela.
E bom, ela não precisava ir a público e passar pela humilhação de contar e ainda sim chamarem ela de mentirosa. Antes de registrar o BO na delegacia, o jogador disse que não haviam provas contra ele ou que ninguém tinha feito nada em relação a isso. Depois de registrar, ela tem que ouvir que ela quis, que ela pediu ou que ela nem tem certeza se foi assedio mesmo.
No Brasil, a cada quatro minutos uma mulher é agredida por ao menos um homem, segundo o Ministério da Saúde. O medo de denunciar e sofrer represália em casos de agressão, assédio e abuso é o mesmo.
Participei de algumas threads no twitter com algumas tags para as meninas contarem casos que aconteceram com elas e a quantidade de replys é assustadora.
A comunidade é tóxica e sua grande parcela prefere acreditar no assediador apenas por ele ser famoso ou torcer pro time que ele joga.
Termino esse texto triste, por saber que isso não vai mudar até todos perceberem que a palavra de uma mulher tem tanto peso e veracidade quanto a de um homem. Triste por saber que talvez, nada mais aconteça com o jogador acusado de assédio não por uma mulher, mas por cinco.
Triste por saber que não é a última vez. Se você conhece alguma mulher que está passando por isso, seja agressão doméstica ou assédio moral, denuncie.