O diretor John R. Lionetti (Annabelle) tenta novamente marcar o mundo dos filmes de terror, mas falha rudemente, pela segunda vez. A trama conta com atores sem muita expressão e de qualidade mediana, que são uma verdadeira âncora para um filme que já não tinha potencial.
O longa começa no passado, contando sobre o suicídio da mãe de Clare (Joey King) e volta rapidamente para o presente, mostrando como a vida dela está após a morte da mãe e a sua relação com o pai, Jonathan (Ryan Phillippe), que é um acumulador com alguns problemas financeiros.
Em uma de suas buscas nos lixos da cidade, o pai de Clare encontra uma caixa de música exótica, que decide dar de presente para filha. Por conta do comportamento do pai, Clare é motivo de piada na escola, sofrendo certo bullying que às vezes até a envolve em confusões mais sérias; esse contexto é o que a leva a fazer o primeiro pedido de sete para a caixa, após conseguir traduzir parte da escrita ao seu redor. Porém, a protagonista não sabia as consequências de seus pedidos e nem a relação da caixa de música com a sua família. A trama se desenrola de forma rápida, mostrando o que motivou tal pedido e suas consequências, passando pela descoberta do verdadeiro significado da caixa, crises dos mais diversos tipos e ataques de egoísmo da personagem principal.
‘7 desejos’ pode ser considerado um dos piores filmes de terror recente, conseguindo ultrapassar até mesmo ‘O chamado 3’. O filme mistura o misticismo por trás de objetos, como normalmente se faz com a tabuleiro Ouija – só que nesse caso, é uma caixa de música-, com mortes que tentam imitar o clássico ‘Premonição’, só que de maneira aleatória e bem mais nojenta. Dessa forma, o filme fica em cima do muro entre o trash sanguinário e o terror sobrenatural, não conseguindo cumprir nenhum dos dois bem.
A estória tem como ponto positivo, mostrar o que o poder pode fazer com as pessoas, quando elas não estão preparadas para recebê-lo; a trama revela o pior lado da protagonista, que já era fútil e irritante, mostrando a cada segundo o quanto mais ela pode ser egoísta, chegando ao ponto de beirar o insuportável. Clare disfarça com inocência, o mau caráter e a falta de vergonha na cara, até a hora em que sua máscara cai; em alguns momentos a personagem (ou a atriz) toma atitudes tão ruins que te deixam com raiva e fazem você ter vontade de gritar: ‘Nossa, bem feito’, mesmo que você acredite em karma.
Não há destaque para nenhuma atuação, já que todas ficaram dentro do mediano esperado para um filme com muitas falhas de roteiro, como falta de linearidade e desfechos concretos. O destaque negativo vai para o diretor, que novamente não consegue ser bem sucedido com um filme de terror, e para a protagonista Clare, acima de tudo, brinca com a vida dos outros por desejos muito fúteis.
‘7 desejos’ mostra muito bem o caminho tenebroso que os filmes de terror estão seguindo rio abaixo nos últimos anos, os amantes do gênero ainda esperam ansiosamente pelo ‘O exorcista’ do século XXI.