Nessa sexta feira (4), fomos convidados para participar da coletiva de imprensa com o diretor de E-Sports da Riot no Brasil, Carlos Antunes, que teve como tema o campeonato de 2020 e o que o futuro aguarda para o CBLOL nos próximos anos, com o sistema de franquias sendo implementado.
Antes da coletiva em si, Carlos comentou um pouco sobre como foi a experiência de realizar o CBLOL com todas as dificuldades impostas pela pandemia, sobre os cuidados de saúde que serão tomados tanto para a final do Brasil como para o Mundial e sobre o aumento constante de telespectadores, atingindo novos records de transmissão e visualização.
Confira quais foram as perguntas e o que a torcida pode aguardar do campeonato para o ano de 2021 e em diante:
Já pensando sobre 2021, já existe algo sobre o que você pode dizer de quando a comunidade pode esperar da divulgação dos times que estarão no CBLOL 2021?
Carlos: Nosso cronograma é que no último trimestre do ano a gente faça essas divulgações. Elas acontecem depois que a gente fizer o processo de avaliação, mas tem uma etapa posterior que é a assinatura dos contratos. E mesmo que a gente esteja em paralelo em todas as conversas, discutindo os detalhes dos contratos para que depois não apareça nenhuma surpresa, ou tenha um trabalho muito grande de análise de um time jurídico que talvez esteja pouco envolvido e isso leve mais tempo, a gente já está trabalhando com os times jurídicos de todos os candidatos, e já estão passando e já passou documentos de minutas e tudo mais, mas assim que a gente terminar a seleção a gente passa por um momento de assinatura de contratos, pra formalizar quem são e ainda esse ano, no último trimestre, a nossa meta é, junto com os times selecionados, comunicar e a gente de fato começar a falar mais coisa sobre o CBLOL 2021, mas é nos próximos poucos meses.
Com o aumento do número de viewers, atingindo novos records, o cenário brasileiro começa a entrar no radar internacional também, com isso, a Riot Brasil pensa em começar uma transmissão em inglês do CBLOL, via streams oficiais, casters e parceiros, igual é feito em português com a LEC?
Carlos: Sim, a gente pensa nisso sim. Em inglês aparece um pouco no nosso radar, porque de fato acaba sendo uma transmissão internacional ampla, como por exemplo a LPL e a LCK acabam fazendo, mas até outros idiomas em específico, onde a gente sabe que acompanhar o CBLOL possa ser algo mais próximo, mais atual, a gente também considera. Então está no nosso radar, mas não é uma prioridade pro primeiro split do ano que vem, porque a gente tem várias coisas pra acertar de evolução do CBLOL 2021.
Tem também o planejamento geral das outras ligas, porque cada vez a gente tá com mais horas de transmissão, e a gente sabe que nosso público também assiste diferentes ligas, então a gente precisa acomodar tudo isso. Por exemplo, no ano que vem a gente vai pra 10 times, então a gente vai ter aproximadamente mais 1 hora de jogo por dia, então a gente acaba tendo uma grade difícil de planejar, mas isso não quer dizer que não alcançamos. Então sim, isso aparece no nosso radar, seja na transmissão ao vivo, na preparação de produtos específicos, seja na parceria com algumas outras ligas, que a gente possa fazer algo no meio do caminho.
O público demonstrou uma certa curiosidade em relação a identidade visual do CBLOL, porque vocês mostraram uma arte nova, inclusive até a foto de perfil do LoL Esports BR foi alterado pra essa grande final. Passa pela cabeça da Riot Brasil, já que estamos fechando uma era do CBLOL e vamos começar uma nova no ano que vem, mudar a identidade visual ou essa mudança foi mais pra essa final agora?
Carlos: Passa. Passa e porque que passa, não só na identidade visual como também em alguns conteúdos. Não só o ano que vem é o décimo ano do CBLOL, como a gente de fato até como formato de franquia a gente tá com outro objetivo, a gente tá em outro momento da nossa história que a gente quer passar e falar outras coisas. Então a evolução do CBLOL a gente planeja que ela aconteça em vários pontos de contato.
Possivelmente não todos de uma vez só, no dia 1 da transmissão do ano que vem, mas aqueles mais importantes para setar essa nova experiência, sim. Então passa pelo nosso planejamento sim. Esse momento agora em específico da final, ele tem uma identidade da final, então não necessariamente isso agora vai ser um preview do que vai acontecer ano quem vem, vocês vão entender mais quando estiverem assistindo a transmissão como um todo. Mas passa, quando a gente diz que o CBLOL vai entrar em um novo momento da sua história, o nosso objetivo é que ele passe toda uma experiência de assistir e participar do CBLOL.
Mudança de nome então não é cogitada, vai continuar como CBLOL?
Carlos: Aí a gente vai ver mais a frente, isso eu prefiro não comentar.
Você comentou sobre a questão dos testes feitos com jogadores, equipes e tudo mais. Após a grande final, as equipes já vão estar fazendo preparação pra poder embarcar pra China, uma vez que chegando lá eles também serão orientados a fazer essa quarentena pra se certificar que está tudo certo, e também por conta do curto prazo, apenas 20 dias até a primeira aparição dos times no campeonato mundial?
Carlos: Sim, a gente já está há mais de uma semana com todos os procedimentos adicionais ocorrendo com os dois times igualmente, então não importa o time que ganhe, os dois estão passando pelos mesmo testes incrementais aos nossos protocolos de estar na final, que estão associados aos protocolos definidos pelo evento do mundial. Então os teste são diferentes, a frequência com que atualizam o relatório de resultados dos exames também são todos próprios, a gente também está conversando com todo o consulado para que isso esteja claro, e o time vencedor vai embarcar dentro dos protocolos de viagem internacional.
Chegando na China, existe um outro set de protocolos do Mundial que envolve testes diários, outras orientações, quarentena, que todos os jogadores do mundo vão passar, então todo esse processo está sendo gerenciado aqui no Brasil pelo nosso time de league, mas a gente tá somando o processo da nossa final, com o da viagem internacional que vão fazer, com o da quarentena. Então sim, os times estão todos preparados no Brasil para irem com visto e com protocolos de vôo e de aceitação na China.
Raphael Bogatzky, pelo Cabana do Leitor: Vocês já confirmaram que teremos 10 times no modelo de Franquias, que é o número médio da maioria das ligas, mas muitos Pro Players já comentaram em vídeos e entrevistas que quanto maior o número de times num cenário, melhor costuma ser para esse cenário, porque existe mais gente para treinar, fazer scrims, costuma ser positivo para o cenário. Existe algum planejamento ou possibilidade a longo prazo, pro futuro, de haver um aumento no número de times, de 10 para 12, 14, e ir aumentando ao longo do tempo?
Carlos: Sim, existe na nossa visão uma capacidade de expansão da liga. Então a gente tem preparado mecanismos, já compartilhado com os times, de como fica toda a alteração da liga se a gente for expandir. Então existe essa previsão que é natural, a questão é quando a gente toma essa decisão. Sobre quando a gente toma essa decisão, isso também tem um fator do mercado, porque a medida que a liga aumenta, ela acaba também tendo mais custos e outras dificuldades operacionais para ela conseguir operar com mais times e mais dias de transmissão, mais estúdios, mais profissionais, mais recursos.
Então, hoje, quando a LPL (Liga Chinesa – 17 times) tem um split a gente tá falando de jogos quase 7 dias por semana, o tempo inteiro, cidade diferentes, e isso requer um outro contexto de negócio para que a liga seja sustentável. Então a gente optou por fazer um ponto de entrada no modelo de franquia onde a LCS (América do Norte – 10 times) e a LEC (Europa – 10 times) estão, que a gente consegue manter em dois dias de transmissão, a gente não sai do sábado e domingo, embora aumente um pouquinho, a gente vai ter um investimento do nosso lado, desde mais redroom, até mais profissionais, mais espaço, mas é uma coisa que é viável pra gente continuar evoluindo, mas a gente tem sim previsão pra crescimento da liga, sempre de 2 em 2 por causa do formato, atrelado aos resultados que a liga alcança, pra que a gente não mude o negócio pra quem já entrou na liga com 10 times, o que a gente não pode fazer é aumentar pra 12, 14 times e a liga não ser mais o mesmo negócio e não ser mais a mesma oportunidade pros times que entraram quando tinha 10. Mas a gente acredita que a liga vai crescer em negócio, e a gente está preparado pra aumentar o formato.
Sobre o cenário Universitário, nos EUA a gente vê muita iniciativa de campeonatos entre as faculdades. Agora que vai ser Tier 1 e academy, como que a Riot pretende, e se pretende, fazer alguma coisa no cenário universitário Brasileiro, já que a Riot é uma empresa Americana, e aqui tem muito foco no universitário, em questão de desenvolvimento, de juntar o lol com educação, como a Riot Brasil vê isso?
Carlos: Olha, essa é uma boa pergunta. Quando a gente lançou o UniLoL no formato como ele tava, o nosso maior objetivo era gerar o engajamento do universitário com o LoL, a gente até tinha uma frase que era “quando você entra na faculdade muita coisa na sua vida muda, a gente quer que o LoL seja uma oportunidade de você conhecer novas pessoas, se engajar com novas atividades nesse momento também”.
A medida que o tempo passa, a gente começa encontrar outras dimensões no E-sport universitário que lá no Estados Unidos já são mais evoluídas, como por exemplo o esport universitário profissional, ou a questão do encarreiramento profissional dentro do esport universitário, a própria LCS divulgou há pouco tempo o pensamento de expansão de tier 3 e de reconexão com o cenário universitário para o futuro que avalia esse nível de prontidão do cenário universitário pra isso.
A gente acha que aqui no brasil isso também poderá acontecer, então o nosso pensamento é: Para pensar como E-Sports, não como uma ativação de comunidade, que a gente inclusive não tem mais o torneio UniLoL, mas continua acontecendo os fomentos para as faculdades e para as agremiações, isso tá na nossa visão mas a gente entende que isso tá dentro de um pensamento um pouco maior de tier 3, de cenário profissional, um pensamento maior que a gente tá tendo. Justamente porque agora estamos falando de um CBLOL maior, com mais times, e com um modelo de Academy que tem uma função de dar suporte aos times para formar mais rápido novos talentos, surge um espaço pra gente observar, que é o espaço semi-profissional, então desde o Tier 3, até o universitário com fim profissionalizante, é uma coisa que tá no nosso radar.
Aqui no Brasil a gente tem no momento uma situação um pouco mais dispersa e não necessariamente no nível de maturidade Americana, então nosso olhar é um pouco mais cauteloso, pra gente não começar um projeto e não conseguir terminá-lo, mas existe sim um pensamento nosso de conectar ou de gerar conexões entre o E-Sport universitário e algo semi profissional que a gente consiga levar ao academy, pro CBLOL. É algo que a gente vai desenvolver ao longo do ano que vem, talvez a gente consiga ter algumas execuções, ou talvez a gente ainda esteja no planejamento, mas o fundamental pra gente é dar um passo que a gente tenha segurança, que faz sentido e que a gente vai seguir.
Desde 2013 a gente tem o CBLOL com a mesma cara, mudou o formato, já foi circuito regional, mas ele sempre continuou com a mesma cara e os torcedores sempre tem a mesma expectativa, sabe quais times que vão estar, enfim, e a gente vê que nas finais dos split tem um engajamento muito grande dos torcedores, então, pro ano que vem, com o sistema de franquias, o que a gente pode esperar pro torcedor, a torcida presente nos fim de semana, talvez uma melhor relação da torcida diretamente com os times?
Carlos: Faz parte da nossa conversa tanto interna dos nossos investimentos como com os times como que a gente pode cada vez mais aumentar o engajamento direto com o torcedor, então não só isso é uma coisa que a gente tá avaliando junto dos projetos dos times interessados na franquia, como que eles também vão se aproximar mais dos seus torcedores, que tipo de projeto eles vão ativar com suas torcidas para crescê-las, como também do nosso lado.
Em questão a termos específicos e qual é a mudança que a gente vai dar pra experiência do torcedor, isso a gente tá equalizando dentro de uma série de investimentos que a gente vai ter que fazer durante o ano, mas a gente tem uma visão de longo prazo de sim, de aproximar mais o torcedor do CBLOL em final de semana, cada vez mais alterar e inovar os projetos das finais, fazer parceria com outras empresas com relação a festas oficiais nos dias das transmissões das finais, então a gente quer sim aumentar esse contato do público mais presencial com o CBLOL.
Depende de um monte de investimentos que a gente vai ter que fazer, existe também todo um calendário financeiro associado a franquia de produtos que a gente precisa entregar desde cedo, curto, médio e longo prazo, mas a nossa visão é sim mudar e a gente estar mais próximo do torcedor sim.
Na parceria com o GamersClub, tem o planejamento de ocorrer algum campeonato mais off?
Carlos: A medida que a gente vai lançando os novos jogos, a gente tá tentando buscar novos formatos pra que a gente consiga manter a presença de vários torneios com algum envolvimento da Riot simultaneamente pra gente não ficar limitado no que a gente pode fazer, porque tem CBLOL, tem Pro Legends, então a gente tá testando muita coisa agora e a GamersClub é um ótimo parceiro, e a gente já trabalhou com eles no Pro Legends, em uma das etapas, trabalhamos também com outros parceiros, a gente trabalhou com eles no Valorant Ignition Series, então outros parceiros, como a gente também já trabalhou com a BBL no passado com o Circuito Desafiante, então contar com grandes parceiros, que tenham uma estratégia muito alinhada a nossa, que tenham uma preocupação com a qualidade da produção, que cresçam suas próprias comunidades é fundamental para nosso crescimento no futuro, não só para os novos jogos como para o LoL.
Então quando a gente for começar com Tier 3, existem diferentes formatos que a gente pode aplicar, mas a medida que a gente quer aumentar o alcance de um projeto, por exemplo de tier 3, pelo Brasil, a gente vai precisar de parceiros. Então, de fato nesse ano a gente vem se aproximando muito de alguns parceiros pra explorar sempre novas possibilidades, e uma vez que a gente casa com um parceiro, a gente tá sempre com o caderno aberto discutindo novas possibilidades. Então sim, faz parte da nossa estratégia de crescimento.
Falando sobre a questão de audiência, que vocês tiveram aumento, a que você atribui esse aumento da audiência por conta da quarentena e quanto vocês acham que vocês vão ter de retenção dessa audiência, ou até aumento, a partir do momento que a situação se normalizar?
Carlos: Muito do que vou falar agora são convicções que eu tenho e que nosso time tem, porque de fato nunca vivemos em um período tão longo numa quarentena tão longa como agora, então assim, na verdade temos que avaliar. Mas, o que a gente acredita, eu pessoalmente acredito, como a gente não alterou os nossos horários dos dias de semana, a gente continuou nos fins de semana, aonde sim existe um grupo que trabalha e estuda, mas a gente preservou os dias de semana, a gente acredita que isso minimiza um pouco do impacto de uma volta à atividade normal, a gente não tá ocupando o horário que seja de trabalho e estudo de uma grande maioria das pessoas.
Outro ponto que a gente também acha é o seguinte, nesse momento da quarentena eu acho que as pessoas elas precisaram se reconectar com outras pessoas e com entretenimento para ficar bem, coisas que elas gostavam de fazer, então acho que todo mundo mudou muito seus hábitos de consumo de conteúdo, e ver que ao longo desse tempo longo, a gente conseguiu com o CBLOL ser uma dessas escolhas pra muita gente dá pra gente também uma confiança de que isso se mantém, porque ao mesmo tempo a gente tá medindo através de pesquisas e escutas das redes sociais a qualidade desse engajamento que a gente recebe de feedback é muito positivo. Então, acho que esse momento fez com que todo mundo voltasse a buscar se reconectar com aquilo que gosta, e nessa oportunidade a gente conseguiu botar o CBLOL um pouco mais presente também na vida das pessoas. Outra coisa também que a gente aprendeu durante essa quarentena e que a gente pretende continuar também sempre usando é uma versatilidade maior da criação de conteúdo, então, a gente nunca fez tanta coisa diferente como fez agora.
Então a gente meio que reaprendeu a tentar buscar empregar coisa pra vários perfis diferentes em vez de ser só a galera que curte a transmissão. A gente tem o conteúdo que vai ao ar no meio da semana, a gente tinha podcast que virou videocast, a gente tem a produção independente dos casters que conta com o apoio da Riot, a gente inclusive estimula, então tem mais tipos de conteúdo que a gente foi botando no ar durante essa quarentena, que naturalmente também ajudam a reter pessoas que são ligadas em diferentes tipos de coisas.
E se a gente tá conseguindo contar uma história, por exemplo, de um time, de dois times, de diferentes formas, naturalmente haverá o interesse para assistir o jogo daqueles times, então agora o cblol não é mais só sobre o jogo, ele é sobre um monte de coisas diferentes que a gente tá testando, descontinuando se não dá certo, então a nossa flexibilidade e a importância que ficou pra gente de fazer coisas diferentes o tempo inteiro também nos dá um pouco de preparo pra gente continuar tentando manter esse público todo que gosta do CBLOL. A gente realmente tem tentado muito interagir mais com a comunidade, todos nós.
Mudar programa, ouvir, voltar pra pessoa que sugeriu, seja na follow, seja no twitter, se era aquilo que esperava, se não era, tirar do ar algo que eventualmente não é um consenso de que tá legal e de que deveria estar ali, e acho que isso dá pra gente mais confiança também do que fazer de como agir mais rápido. Então acho que naturalmente quando começa o split do ano que vem a gente vai ter um monte de coisas novas pra contar, e acho que a gente tá mais preparado pra contar essas coisas novas de uma forma mais ágil pra manter essa audiência.
Historicamente o CBLOL sempre cresceu, desde o primeiro ano, de fato agora a gente teve um grande crescimento, mas a gente vai trabalhar pra continuar entregando. Se não é mais uma disponibilidade de 2 horas no sábado, a gente vai entregar um pouquinho na terça, um pouquinho na quinta, e a gente descobriu que a comunidade consome, gosta, pede. Então acho que é por aí, a gente vai continuar flexível, mesmo depois que não precise mais ser flexível, e continuar buscando ajustar o que as pessoas querem e o que a gente quer produzir. Então essa é a confiança que a gente tem.
Esse ano a gente perdeu muito o medo de mudar. Na verdade a gente viu a importância de mudar, e mudar rápido. Então acho que uma vez que a gente entra por esse caminho e vê que funciona, vê que a comunidade gosta, é um caminho que a gente vai ter que seguir sempre.
Final de CBLOL é Show, é entretenimento, é muito mais do que um jogo. Quais foram as guidelines, o que foi pensado para a final no sentido de experiência, de entretenimento, o que não poderia faltar numa final de CBLOL independente de ela ser física ou Online.
Carlos: Ótima pergunta, mas sobre a final em si, eu não vou poder falar muita coisa. Vocês vão gostar mais se ver lá na hora. Mas uma coisa que eu posso dizer é o seguinte: A final do CBLOL, ela mais do que ser um jogo muito importante, ela é o fechamento do ano inteiro, então um guideline que a gente passa é que a gente precisa celebrar a história do ano inteiro, a história dos times, a história de tudo que aconteceu no ano, então esse retrospecto é uma viagem que a gente quer dar de memória, de celebração até de nostalgia, porque hoje em dia 6 meses é um tempo enorme, ainda mais dentro de casa.
Vamos fazer um conteúdo que seja pro ano inteiro, que passe o que a gente viveu no ano com o CBLOL. As nossas transmissões geralmente tentam não ser sobre o jogo, a final menos ainda. Um outro guideline que a gente espera passar, e vai passar, é um pouco da nossa responsabilidade com nosso público nesse momento, então reforçar procedimentos de segurança, reforçar que estamos juntos nessa, mostrar o que a gente fez de procedimento de segurança, que a gente tava conversando aqui de protocolo, que não só informar as pessoas, mas a gente e os jogadores dos times, mostrando o quão importante é o distanciamento, máscara, tudo isso, é mais uma influência para que todo mundo siga com isso, então nós temos uma responsabilidade, os times também têm e vêm trabalhando super bem nesse papel.
Mostrar que é um momento de celebração, que estamos fazendo coisas diferentes, mas a vida ainda requer cuidados e a gente vai falar sobre isso. A gente quer que mesmo quem não assiste todos os jogos, que não torce pra INTZ, que não torce pra PaiN, ainda se sinta encontrado, que relembre, que curta pra caramba, porque é sobre mais, na verdade é sobre a gente, aquele jogo, o LoL, tudo isso mas na verdade é um motivo pra gente, pra nossa comunidade.
Na Europa, com a chegada das franquias, os campeonatos regionais ganharam muita força e muita visibilidade, eu queria saber se existe questão de trabalhar isso aqui no Brasil, como é que vocês planejam trabalhar essas regionalidades, inclusive porque é uma demanda da comunidade de algumas regiões como Recife.
Carlos: Sim, existe isso no nosso radar sim, a gente entende que com a profissionalização da liga cada vez maior, e a franquia na verdade é um instrumento pra isso né, a gente vai gerar um mercado, um cenário, que vai precisar de novos talentos, então quanto mais essa cena crescer no Brasil inteiro, sustenta a longo prazo, então existem duas visões que a gente tem pra esse espaço do semi profissional, ou de alguém que quer ser profissional.
Um é o espaço que a Riot vai atuar, diretamente ou com parcerias, que a gente tá avaliando a melhor forma, que é a gente estimular a ter mais no nível semi profissional as conexões de acesso dos jogadores do Brasil inteiro ao cenário competitivo.
O outro lado é como que a gente consegue estimular de uma forma que seja escalada e viável que uma cena independente seja mais forte do que ela é hoje, porque a gente em algum momento como Riot a gente vai ter alguma limitação de capacidade de fazer as coisas todas, então a gente vai fazer algumas coisas, mas a gente precisa também da força e escolher os parceiros para que isso aumente de volume, então muito da gente estar trabalhando esse ano com mais organizadores de torneios em paralelo do que a gente já trabalhou antes vem disso, da gente entender o quanto que a gente precisa fazer Riot, o quanto que a gente consegue supervisionar, o quanto que a gente consegue só dar um apoio. Mas a gente precisa ter mais músculo, então a gente precisa olhar ativamente quem pode nos ajudar nessa cena, porque claramente entre o amador e o profissional, existe um pedaço que precisa ser trabalhado do semi profissional, que envolve um jogador que tem muito potencial em torneios amadores entrar em um torneio um pouco mais longo, onde ele tenha até alguma capacidade de ter um técnico, de jogar um tempo para ver a sua melhoria, entender o que um atleta profissional vai fazer da vida, pra aí fazer uma escolha de vida e entrar numa peneira, entrar num academy.
Esse espaço a gente precisa desenhar, porque ele não é um salto direto do amador para o academy, a gente acredita que na Europa isso também aconteceu, essas ligas regionais elas tem esse espaço do semi profissional, é um comprometimento de tempo e de energia que precisa ser feito, de todo mundo. Então a gente olha esse espaço, a gente avalia o que que a Riot pode fazer sem perder o foco do que a gente precisa fazer, mas como também que a gente consegue ajudar uma cena independente crescer forte e correta.
A gente tem uma legião de jogadores amadores no Brasil, e agora com o modelo de franquias, qual a estratégia pra esses meninos e meninas ingressarem no E-Sport e chegarem até o campeonato principal.
Carlos: Um dos pontos é esse projeto de semi profissional já comentado. Mas um processo relacionado ao sistema de franquias, é que dentro do processo de avaliação dos times, nós perguntamos para todos como eles pretendem desenvolver projetos que abasteçam sua base de talentos, que eles consigam descobrir novos potenciais, assim como por exemplo no futebol tem jogador que começa com potencial aos 13 anos pra jogar só 5, 6 anos depois, no E-Sport isso também pode acontecer, e todos os times estão nos apresentando projetos que estão ligados aos esforços deles de desenvolver talentos e abastecer os próprios academys, então para que não dependa só de uma estrutura de torneios independentes, a gente também tá buscando nos times esse esforço mais legítimo de a organização gerar demanda e desenvolver projetos.
Sejam projetos de peneira, sejam projetos de escolinha, sejam projetos de apoio a torneios independentes pra esse torneios ficarem também mais frequentes no calendário, mas os times também tem responsabilidade sobre isso, a gente colocou como uma das exigências e todos eles tem planos muito interessantes. E como a gente inclusive tem times regionais dentro do projeto, existem também esforços que são bastante focados em jogadores amadores daquelas regiões dos times.
Então a gente ativando o mercado de torneios independentes amadores, aproximando a experiência que o jogador amador pode ter, e os times procurando também ativamente jovens talentos, também resolve do outro lado a questão da procura, então a gente acha que em 2021 a gente vai oferecer muito mais oportunidade para os jogadores amadores que quiserem conhecer e depois optar por entrar no mundo profissional.
Muito está se comparando as franquias com alguns esportes, o principal deles é a NBA, porque afinal de contas, para se ter uma vaga exige uma compra e não vai ter rebaixamento, gostaria de saber como vocês vão trabalhar no quesito de consequência da competição para que ela se mantenha ainda num nível de competitividade muito alta, para que também não haja acomodações por parte dos atletas?
Carlos: Esse é um ponto que a gente pensou desde o começo quando a gente começou a desenhar, sobre como manter o estímulo da competitividade numa liga onde não há rebaixamento, então a gente tem estímulos nas duas pontas da performance. Existe uma regra já que é muito clara com os times que é: A má performance que coloque o time nas últimas posições por muitas etapas pode gerar uma rescisão do contrato com a liga, então, uma organização que fique em último lugar por um período de etapas ela vai comprovar que ela não está no mesmo espaço de desempenho esperado pela liga, e ela vai perder o direito à vaga, e aí nós estamos falando de uma rescisão contratual.
Isso é uma condição da liga. Então a performance não pode ser inferior a um determinado nível que a gente entende que o time está acomodado. Antes de chegar nesse ponto, existem avaliações frequentes da Riot com cada organização de como a performance está evoluindo. Naturalmente, para um time evoluir, outro tem que cair, mas a gente consegue entender quando existe um crescimento do desempenho da organização. Mas se a gente entende que o nível está acomodado, existem mecanismos dentro da relação da franquia de cobrança da gente com o time para que isso melhore. Por outro lado, a gente também ta desenvolvendo uma série de mecanismos de estímulo a performance, e aí a gente ta olhando muito a melhoria do desempenho no cenário internacional como sendo essa meta de performance.
Então, nós temos já também combinado com os times, dentro do movimento da franquia uma série de metas de desempenho do Brasil pelos torneios internacionais que também geram uma bonificação e geram uma premiação incremental, que também deve ser distribuída e investida no crescimento da organização. Então tanto a gente tem um retorno de valor do negócio do time se ele entender que investir no desempenho faz sentido, como também existe uma penalidade pros times que ficarem no fundo do desempenho, e não necessariamente precisa ser porque o time está erodindo o desempenho dele, mas se todos os times melhorarem, e algum time ficar no final da tabela um tempo muito longo, ele vai ter o contrato com a franquia rescindido, e algum outro time vai entrar na franquia.
Então esses são os mecanismos que nós temos, além do acompanhamento continuo de desempenho esportivo e vários outros, porque todos os times tem uma meta e a franquia tem uma meta de crescimento. Então tudo que não contribua pra isso será analisado e tem esse tipo de contrato para rescindir.