O que será que sonham as estrelas? Será que elas observam a vida dos humanos? Será que já foram um? O Mistério da Estrela mexe com essas questões e muitas outras. O livro vem para nos mostrar que a vida é versátil e pode ser encontrada em diferentes formas, mesmo que seja apenas na imaginação.
O Mistério da Estrela é um livro de fantasia romântica escrito pelo multipremiado Neil Gaiman. Ele foi impresso pela editora Rocco em 2004. Três anos depois, o romance ganhou as telonas com um filme homônimo, qual foi estrelado por Michele Pfeiffer e Robert De Niro dentre outros talentosos atores.
O livro narra diversas histórias paralelas, todas elas envolvendo o surgimento de uma estrela personificada. As três bruxas irmãs querem consumir seu coração para se manterem jovens e poderosas para sempre; Tristan, o protagonista, quer levá-la para sua amada e comprovar seu amor; enquanto isso, herdeiros do reino estão atrás de um rubi lançado por seu pai, o rei. Quem encontrá-lo terá direito a governar após sua morte.
A trama é bem divertida e só isso já faz a história avançar com naturalidade e rapidez. Só pela genialidade com que ela é amarrada, o livro já seria perfeito. Entretanto, Gaiman não e um autor que conta apenas uma história. Suas palavras sempre trazem várias interpretações no mesmo verbete.
E em O Mistério da Estrela isso não é diferente. Logo de início pode-se observar que Neil Gaiman está querendo discutir um assunto que para ele é bastante natural e recorrente: o limiar. Seja ele uma fenda que separa o irreal do real, a emoção do racional ou mundos fantásticos de mundos seculares.
O limiar é o ponto que duas contradições se interligam. Gaiman parece fascinado por isso talvez porque é neste lugar que o nosso poder resida. Onde termina a imaginação e começa a realidade? Sandman inteiro é uma discussão sobre isso. Coraline também traz reflexões a respeito. Isso sugere que o autor quer nos provocar dizendo: tudo o que você vê como real já foi imaginação. E nem tudo o que você enxerga, prova, ouve, cheira e toca é totalmente verdadeiro.
Nessa investigação, o autor vai atrás da forma mais primitiva de “vida” que ele imagina: uma estrela, revelando que, assim como nós, elas também possuem sentimentos. A estrela pode até ser uma pessoa que um dia viveu na Terra como nós. Inclusive, pode até se apaixonar…
Enquanto a narrativa vai se desenrolado, o leitor vai sendo confrontado com a diferenciação do amor, desejo e paixão; com o tema status e também com situações mais mundanas, como é o caso do capitão crossdresser que precisa manter a masculinidade para comandar sua tripulação, mas no íntimo aceita sua feminilidade.