“Um corpo vivo e um corpo morto contém o mesmo número de partículas. Estruturalmente não há diferença discernível. Vida e morte são abstrações não quantificáveis, por que deveria me importar?”
Querido leitor, quero lhe fazer algumas sinceras perguntas: Qual foi a última vez que você parou para pensar sobre um assunto não muito convencional? Já teve alguma experiência que te fizesse mudar uma opinião, há muito antes estabelecida em sua vida? O que é certo? O que é moral? O que é a vida?
Tais perguntas são muito debatidas (ou não) nas aulas de Filosofia que tínhamos no Ensino Médio, sempre buscando um único objetivo: A verdade universal. Porém, como tudo nesse mundo, nem tudo pode ser explicado com apenas uma certeza, e essa é a graça do ser humano: Pensar diferente.
E o porquê desse texto tão “profundo” que seu autor começa essa recomendação? Porque, depois que você fechar esta aba e procurar tal obra, você provavelmente vai mergulhar num turbilhão de ideias (e até mesmo rever algumas que você já possui). Hoje, eu trago à vocês Watchmen!
A história se passa numa realidade da terra que lembra muito o período da Guerra Fria. EUA e URSS na troca de ameaças, e uma batalha nuclear é eminente. Ondas de violência se espalham, e é possível ver conflitos raciais e ondas de protestos contra o governo americano, principalmente por conta da Guerra do Vietnam (vencida pelos Estados Unidos nessa realidade).
O grande foco, porém, se dá pelo grupo de heróis locais que, devido ao ato dos bandidos de se fantasiarem, decidiram fazer o mesmo. Mesmo sendo um sucesso de manchetes, foi alvo de duras críticas, principalmente por parte dos policiais, levando o presidente Richard Nixon (eleito inúmeras vezes depois da morte de JFK) a promulgar uma lei que proibia o vigilantismo, levando o grupo a terminar suas ações.
Porém, depois do fim dos vigilantes, um deles é morto. Investigado pelo único que ainda age “clandestinamente”, Rorschach descobre teorias conspirativas, que podem ameaçar não só o futuro dos outros integrantes do grupo, mas também do mundo como um todo.
O grande ponto da história é o desenvolvimento dos personagens. Todos apresentam um tipo de passado, história e jornada de vida diferentes, e o jeito que isso impacta no “presente” deles. O jeito que o personagem é apresentado, e a vida dele contada, mostra resultados que são totalmente plausíveis. É tudo plausível e emocionante, e muitos leitores irão amar e/ou odiar o que lhe é apresentado.
Outro ponto que vale a pena ser mencionado é que, mesmo sendo heróis, apenas um deles tem poderes reais: Dr. Manhattan. Por ser praticamente onipotente, os EUA o trata como a “última esperança” de vitória da Guerra Fria, caso a União Soviética decidisse bombardear. O impacto social que o herói exerce, além de seus questionamentos sobre a vida humana, exploram ainda mais a brilhante história, escrita pelo gênio Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons.
A história de Watchmen é maravilhosa, o desenvolvimento é espetacular, e o final…Trata-se de um dos melhores finais já feitos (e que OBVIAMENTE não darei spoilers, pois é uma experiência que não irei estragar). E é aqui um dos principais pontos em que a HQ e o filme divergem.
O filme é uma das adaptações mais fiéis já feitas, até mesmo na dublagem brasileira (dirigida por Guilherme Briggs, grande nome e fã incondicional da obra original). A maior parte do filme é exatamente aquilo que se trata na HQ, até mesmo pelos diálogos idênticos. Porém, a proposta do final do filme foi afetada pela premissa de tentar parece mais plausível, o que fez com que tudo ficasse ainda melhor. A direção de Zack Snyder caiu como uma luva, usando e abusando do Slow Motion para dar ênfase na narrativa dos personagens. Um ritmo que pode ser cansativo para alguns, mas que dá um tempero a mais no filme como um todo. E como sempre acabo frisando, a trilha sonora do filme trás a tona o clima noir da história, contando com grandes nomes, como Bob Dylan e Janis Joplin.
Por isso, depois de tudo isso que foi apresentado, quero fazer um pedido: Depois de compartilhar esta análise, procure a HQ, procure o filme, feche tudo ao seu redor e embarque na história. Depois de assistir, pense, reflita sobre tudo o que foi apresentado. E claro, conte nos comentários o que achou de tudo 😉
“O mundo desgovernado não é moldado por forças metafísicas. Não é Deus que mata as crianças, não é o acaso que as trucida, nem é o destino que as dá de comer aos cães. Somos nós. Só nós.”