O primeiro livro do gênero romance sobrenatural de Colleen Hoover é inusitado e totalmente expressivo. Layla, publicado em 2021 pela editora Galera, conta com 368 páginas de pura tensão, ansiedade e ânsia por respostas.
A história de um jovem casal é o começo da trama, que conta com poucos personagens e cenários. Leeds, um herdeiro e músico iniciante, conhece Layla, uma moça espontânea, divertida e péssima dançarina, em um casamento. Ambos se apaixonam e isso traz algumas consequências para os dois.
Após alguns eventos, Leeds vê seu relacionamento murchar e, com o intuito de salvá-lo, leva sua namorada para o lugar onde se conheceram: a antiga mansão que também servia de hotel, mas que no momento estava à venda. Lá, ele conhece uma hóspede que o encanta e o faz repensar não somente seu amor pela atual companheira, mas também sua vida.
“Este é o momento em que, verdadeiramente, questiono quem sou como namorado, cuidador, ser humano. Não sei porque me importo tanto em ficar, ou porque acredito que devo manter Layla comigo. Meu comportamento neste exato momento vai contra qualquer moral que tenho, mas nunca senti tamanha certeza em meu coração.”
A quebra de expectativa e as reviravoltas impensáveis estão muito presentes nesse livro. A
autora trabalha com o ceticismo de quem lê e de seus personagens, deixando-nos claro a cada plot-twist que o inimaginável é possível em sua escrita e que, caso você seja tão cético quanto Leeds, com certeza irá se surpreender -e muito- com as saídas e fios que constroem a história.
Com momentos muito bem escritos, que beiram a irracionalidade, Colleen edifica aos poucos um perfil obsessivo não somente para os atores da trama, mas para o próprio leitor que, ao passar das páginas, se vê tão envolvido com os sentimentos muito bem descritos e trançados, que não consegue mais se desprender do universo que ela cria no romance, deixando a angustiante dualidade para dividirmos com os protagonistas.
A autora também traz uma mistura de emoções inusitada e cativante, pondo-nos em uma posição de desejo e impotência. Ela nos conduz pela visão e pensamentos de Leeds,
traçando nosso sentimento com a personagem e sua busca por respostas. Esse ponto é o que torna esse livro tão viciante , conforme a racionalidade do leitor é posta a prova, é possível acompanhar toda história numa linha tênue de obsessão, desejo e curiosidade. O certo e o errado já não faz mais sentido, causando uma confusão, que prende em uma capa de ansiedade e angústia muito bem arquitetada.
Este livro é feito para o leitor que deseja uma história nada convencional, nem um
pouco clichê e sem saídas fáceis e rápidas. Uma narrativa cheia de surpresas que, ao finalizar, percebemos que nossa racionalidade nos enganou da primeira página até o desfecho.