Clive Barker é a lenda viva do horror. O escritor inglês de fantasia focada no obscuro já assinou mais de vinte best-sellers e, dentre os mais famosos, encontramos Hellraiser, que também ganhou grandes produções cinematográficas após o lançamento do romance escrito, trazido ao Brasil pela DarkSide Books.
O livro nos leva até os Cenobitas, que são seres extradimensionais com aparência demoníaca. Esses se mostram interessados em fazer uma espécie de pacto com quem os evoca em buscar de coisas materiais e outros prazeres humanos não muito convencionais. E é assim que a história tem início, um sujeito ganancioso que já viveu em meio a fartura de sexo e riquezas, mas que estava à procura de maneiras ainda não experimentadas de satisfação carnal.
Ele rolou de costas e gritou; gritou e implorou para que aquilo acabasse, mas as sensações só aumentavam, elevadas a novas alturas a cada prece que ele fazia para que cessassem.
Frank é tão ambicioso que só se importa consigo mesmo. Ele põe suas vontades acima da ética e até mesmo de sua família. Depois de ouvir falar sobre a caixa de Lemarchand, aquela que concede prazeres jamais vistos, não conseguiu tirá-la da mente até encontrar o seu guardião e enfim resolver o enigma para o mundo dos Cenobitas. O arrependimento foi instantâneo e ele nunca mais foi visto.
Isso durou até seu irmão fazer a mudança para a casa onde o ritual foi feito. Rory e Julia resolvem morar na casa de sua avó, mesmo Julia julgando o lugar como esquisito. O casal não está em uma boa fase e descobrimos mais a frente o que Frank tem a ver com esse problema. Uma terceira personagem, amiga de Rory, também nos é apresentada durante a mudança, essa tem um papel fundamental na história, apesar de não ter qualquer valor de início.
As súplicas se tornaram um só som, palavras e sentidos eclipsados pelo pânico. Parecia não haver fim para aquilo, senão a loucura. Nenhuma esperança, senão perder a esperança.
Tudo vai ficando mais tenso conforme vamos vendo quem é a Julia e o que essa mulher é capaz de fazer por uma antiga relação mal curada. Frank nunca esteve morto, e ele pode até mesmo voltar, mas não é nada fácil, por isso contará com a ajuda da mais nova dona da casa.
Clive não poupa seu público das cenas gore, que parecem ser descritas com um peso maior que as vistas nos filmes da franquia. A leitura é bem rápida, já que o livro conta com apenas 150 páginas. A escrita é fluida e direta. Aqui, não existem respiros ou altos e baixos, a história é construída dentro de uma banheira de sangue e muita bizarrice.
Essa edição especial é digna do seu aniversário de 30 anos, já que foi lançada em 2015. A capa dura lembra couro, como as roupas dos personagens do filme, com o puzzle estampado no centro em dourado. Como todo material distribuído pela DarkSide Books, o interior do livro também conta com artes incríveis anteriores a cada capítulo e algumas fotos e desenhos extras.
Inspirado nos interesses não-convencionais do autor, o livro reflete em cima do sadomasoquismo na sua forma mais crua. Um livro para fãs com estômago forte e apaixonados pelo cinema sobrenatural.