A morte é a única certeza que temos na vida. Ela vem para todos, mais cedo ou mais tarde. Ela vem para aqueles que amamos, para aqueles que admiramos e também para aqueles que nem conhecemos direito, mas que alguém no mundo ama e admira. Para morrer, basta estar vivo, já dizia um velho ditado popular de autor desconhecido. E se ela – a morte – é a única certeza da vida, porque nos chocamos, sofremos e questionamos tanto quando ela se apresenta tão próxima de nossa realidade? Sofremos quando perdemos alguém que amamos. Sofremos mesmo quando sabemos que seria o melhor.
Quem partiu não sente. Quem fica é que sofre. Sofremos a dor da perda, porque nos sentimos injustiçados e abandonados à própria sorte. Sofremos sim, em grande parte, porque somos egoístas. O ser humano é egoísta por natureza. Sofremos porque imaginamos tudo aquilo que poderíamos ter vivido com aquela pessoa, por tudo que poderíamos ter dito e não dizemos, por medo ou orgulho, por tudo aquilo que poderíamos ter feito e não fizemos. Sofremos pelo nosso próprio arrependimento. Pela nossa própria perda. Por aquilo que não fizemos. Pelo nosso sonho interrompido. Pelo nosso próprio egoísmo, mais uma vez.
A saudade fica, é claro. Mas precisamos aprender a conviver com ela. Só que antes de pararmos para questionar as razões da natureza, antes de questionarmos a Deus ou qualquer que seja a sua crença, por que não paramos para observar as nossas próprias atitudes com aqueles que nos cercam? Estamos realmente fazendo o possível para deixar aqueles que convivem conosco felizes? Estamos realmente ajudando o outro a criar boas memórias ou estamos tão preocupados com nossa própria vida que nem enxergamos aquilo que está em volta?
Quem sabe se pararmos para observar o outro e nos preocuparmos mais com os sentimentos do próximo, seus desejos e sonhos. Quem sabe se deixarmos o orgulho de lado e pararmos para dizer tudo aquilo que está engasgado e viver tudo o que queremos viver com aquela pessoa, não soframos tanto pelo arrependimento e pela dor da perda quando ela finalmente se for. Pois sabemos, o fim é inevitável. Afinal, para morrer basta estar vivo!