[alert type=red ]SPOILERS ALERT! [/alert]
A nova animação da Pixar Divertida Mente mal entrou em cartaz e já é sucesso de bilheteria. Mais uma vez o diretor Peter Docter (Monstros S.A e Toy Story) conseguiu elaborar uma história criativa que atraísse o público infantil e desafiasse o adulto. O filme retrata a história de Riley, uma menina de 11 anos que sofre uma reviravolta em sua vida quando os pais decidem se mudar de Minessota para São Francisco. Dentro da cabeça da garotinha há uma sala de controle e cinco “pessoinhas” comandam como a menina deve reagir aos estímulos do mundo exterior. Essas mini criaturas são as emoções de Riley: a líder, Alegria, a excluída Tristeza, a patricinha Nojinho, o cabeça quente Raiva e o preocupado Medo.
A missão das emoções, em primeira instância, é bem simples: assumir o comando quando forem solicitadas e garantir que as memórias da menina, que fluem para dentro do cérebro a todo momento, cheguem em segurança ao estoque chamado de Memórias de Longo Prazo, uma espécie de biblioteca que arquiva as lembranças dentro do cérebro de Riley e quando necessárias são trazidas de volta. Uma observação pertinente. As memórias da menina podem sofrer alterações caso a emoção errada as toque. Por exemplo: se uma memória alegre, da cor amarela, for tocada pela Tristeza, ela ficará azul, ou seja, triste, alterando os sentimentos da garotinha sobre aquele acontecimento.
As principais recordações são postas no centro da sala de controle e delas são formadas as ilhas de personalidade, que definem as principais características de Riley. No caso, a menina possui cinco delas: a da Diversão, dos Amigos, do Hóquei, seu esporte favorito, da Família e da Honestidade. Todas elas são formadas a partir de memórias felizes, e a Alegria faz questão que elas continuem assim. Na verdade, a grande maioria das memórias da menina foram responsabilidade da Alegria, mesmo que o acontecimento que geraria certa lembrança começasse com qualquer outro sentimento. A Alegria tomava os controles do computador e fazia com que ela se tornasse uma feliz.
O problema começou quando a Tristeza, normalmente esquecida, resolveu tocar nas memórias chaves de Riley, mudando-as completamente e acarretando discussões no pequeno grupo. No meio dessas confusões, a Alegria e a Tristeza são tiradas da sala de controle e as emoções restantes não conseguem controlar a menina, desta forma as ilhas de personalidade começam a ruir, uma por uma. Vamos imaginar nosso cérebro comandado apenas por emoções negativas: Raiva, Medo e Nojinho. A menina fica, logicamente, malcriada, fresca e atordoada com a nova cidade. A família começa a se desmoronar e a Raiva deduz que a melhor solução para resolver o problema era voltar para Minessota, ou seja, fugir.
Durante a viagem da Alegria e da Tristeza elas se deparam com diversas seções do cérebro de Riley, como por exemplo o subconsciente da menina, onde as “menininhas” assumem formas abstratas e quase ficam presas. Elas também conhecem os funcionários que são responsáveis por eliminar as memórias que não têm mais importância, pessoinhas divertidas que de vez em quando mandam para a sala de controle uma memória chiclete, como uma música de comercial que nos vem à cabeça nas horas mais importunas.
A grande sacada dos produtores de Divertida Mente foi mostrar o quanto nós, humanos, tomamos decisões impulsivas por agirmos em um momento em que a “emoção fala mais alto”. Além disso, enfatiza que é praticamente impossível buscarmos apenas a alegria em nossas vidas. As outras emoções são necessárias principalmente para amadurecermos. Como diria a diva Jout Jout “Sofrimento faz parte da vida! Não é para acabar com o sofrimento, é para aprender a lidar com ele!”
AH! Uma importante observação. Como a Pixar adora mexer com os nossos corações, o filme tem cena de chorar. Eles não poderiam perder essa marca. Assim como em Up!Altas Aventuras um oceano escorre dos olhos nas cenas do Sr. Fredricksen com a esposa, em Toy Story 3 fomos obrigados a ver aquela cena de tortura onde Woody e cia quase morrem queimados, ou mesmo em Monstros S.A na despedida da Boo e do Gatinho, Divertida Mente não fica para trás e nos envolve no drama do amigo imaginário de Riley, um elefantinho rosa que chora bala chamado Bing Bong que faz de tudo para não ser esquecido, mas no fim das contas, é deixado para trás de uma maneira heroica e cheia de lágrimas.