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Crítica | Guerra Civil é “cru, visceral e assustadoramente real”

Novo filme de Alex Garland, Guerra Civil triunfa nas atuações de Wagner Moura e Kirsten Dunst, na bela fotografia e design de som excepcional. Confira a crítica completa.

Douglas Costa
4 Min Ler
4 Cru, visceral e assustadoramente real
Guerra Civil (Civil War)

Em um futuro próximo, os EUA entram em colapso, mergulhando em uma Guerra Civil brutal. Em meio ao caos, uma equipe de jornalistas embarca em uma jornada perigosa para registrar o evento mais importante do conflito: a captura (ou rendição) do presidente americano pelas tropas dissidentes.

O mais novo filme de Alex Garland – conhecido pelo roteiro de Extermínio e como diretor em pérolas do sci-fi como Ex-Machina e Aniquilação – chega em um momento ímpar na história estadunidense, em um ano eleitoral explosivo. E dado os eventos de 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores do presidente Donald Trump invadiram o Capitólio, sede do Congresso estadunidense, a distopia de Garland não parece tão distante da realidade, o que torna Guerra Civil um longa cru, visceral e assustadoramente próximo de nós.

Guerra Civil Crítica

No entanto, apesar dessa proximidade, o roteiro acaba fugindo pela tangente, ao abordar temáticas importantes que fortaleceriam o argumento do filme, de maneira superficial. É como se ele tivesse algo a dizer, mas ficasse entalado na garganta o tempo todo, com receio de colocar para fora e acabar atingindo um lado. Portanto, é uma história que fica o tempo todo em cima do muro.

Mas, apesar de ser vago naquilo que tenta dizer, a história de Guerra Civil triunfa nas atuações, na fotografia e no design de som.

O grupo de jornalistas, formado por Kirsten Dunst (Ataque dos Cães), como a fotógrafa veterana e amargurada, Wagner Moura (Sr. & Sra. Smith) como o escritor destemido, Stephen Henderson (Duna) como o jornalista sábio e experiente, e Cailee Spaeny (Priscilla) como a fotógrafa novata, tem uma dinâmica maravilhosa.

E apesar do pouco desenvolvimento sobre o passado desses personagens, é visível na atuação de todos o peso de experiências anteriores e dos acontecimentos recentes.  E é o ótimo entrosamento que faz com que o público se importe com o destino dessas pessoas no meio desse conflito sangrento.

Guerra Civil

A fotografia de Rob Hardy, parceiro já de longa data de Garland, é capaz de evocar belíssimas cenas no meio da guerra, ao mesmo tempo que nos importantes momentos de conflito, não poupa imagens diretas e nenhum pouco embelezadas de morte e destruição.

O design de som é espetacular, usado para colocar o espectador dentro das batalhas, alternando momentos de calmaria (em conjunto com a fotografia) e momentos de pura loucura, com muito sucesso. E é nessas transições que os sustos são inevitáveis e colocam o público em alerta máximo para tudo o que acontece.

Guerra Civil faz um ótimo retrato de nossos tempos, e ainda um exercício de futurologia, nos mostrando onde devemos chegar se continuarmos no mesmo caminho.  Funciona como um road-movie de guerra, mas falha onde devia ser mais incisivo: na política.

Guerra Civil chega aos cinemas brasileiros em dia 18 de abril.

Agradecimentos à Diamond Films BR, que convidou o Cabana para ver o filme previamente.

Guerra Civil (Civil War)
Cru, visceral e assustadoramente real 4
Nota 4
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