Dos mesmos diretores de “Casamento Sangrento”, “Pânico 5” e “Pânico 6”, Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, “Abigail” chegou aos cinemas em 2024 e causa reações divergentes à proposta do filme.
Uma bailarina de 12 anos de idade é sequestrada, com a promessa de uma recompensa de 50 milhões de dólares. O grupo de sequestradores precisa manter a menina em cativeiro em uma mansão isolada, mas a situação sai do controle ao descobrirem que, na verdade, Abigail é uma vampira.
O filme nos apresenta os personagens com rostos já conhecidos: a protagonista Joey, interpretada por Melissa Barrera (que já havia trabalhando com os diretores previamente na franquia “Pânico”); Abigail, interpretada por Alisha Weir (Matilda: o Musical, 2022); Dean, interpretado por Angus Cloud (Euphoria, 2019/2022); além de outros nomes como Giancarlo Esposito, Dan Stevens, Kathryn Newton, William Catlett e Kevin Durand.
A sequência de abertura instiga a curiosidade ao apresentar rapidamente o plot da história. O sequestro de Abigail toma um rumo em uma dinâmica de mistério, com uma referência direta às obras da autora Agatha Christie. E também se aproxima do contexto de “Jogos Mortais”, onde os personagens são colocados propositalmente em uma situação sem saída e que inevitavelmente vão morrendo um a um.
Até este ponto, parece ser uma boa proposta narrativa e uma boa ideia, mas à medida que o filme avança, percebemos que sua execução é ruim.
A cada cena que passa o longa segue se afundando em um roteiro extremamente fraco e diálogos mal escritos, o que prejudica muito o esforço das atuações. Melissa Barrera é o ponto central do filme, e tenta levar a sério sua personagem, mesmo em situações vergonhosas e constrangedoras apresentadas no roteiro.
Apesar de ser um filme predominantemente escuro, existe uma qualidade técnica principalmente da fotografia, som e cenários, que caracterizam muito bem a atmosfera de terror e suspense que o longa exige. Essas qualidades ficam em segundo plano quando o filme tenta criar situações cômicas, que se misturam a falta de competência narrativa, com jump-scares gratuitos que não funcionam, exageros que confrontam o senso do ridículo e deixam o espectador no limite da vergonha alheia.
Abigail apresenta falhas e falhas….
Essas falhas até poderiam ser justificadas como uma sátira intencional ou como um filme assumidamente de comédia, mas “Abigail” também não se afirma neste lugar.
Pode ser uma experiência divertida, se visto como um entretenimento sem profundidade ou seriedade, abraçando o estilo nonsense.
Não como uma obra artística, mas como um filme-propaganda que busca alcançar um público habituado ao consumo de informações superficiais e descartáveis, aderindo à onda de conteúdos “Tik Tok” onde, bem pontuado por Sérgio Wanderley, “em terra de Tik Tok quem faz dancinha é rei”, há uma cena de dancinha que percebemos as referências desde a popular cena da série “Wandinha” até o uso deste artificio em filmes de terror como “M3gan”.
Ao final, um desfecho incoerente banhado a sangue. Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett falham na concretização de “Abigail”, um filme que não se afirma como um bom terror, nem como uma boa comédia, recheado de características negativas que já haviam sido percebidas anteriormente em outros filmes dos diretores.