Muita gente pergunta, o por que do site Cabana do Leitor não falar tanto em literatura, principalmente a nacional? Bom, entre vários outros motivos que posso listar, este que você vai ler abaixo é o mais forte. Para quem não sabe o Cabana do Leitor surgiu em 2011 com o objetivo de divulgar a literatura nacional. Infelizmente este nicho é pouco explorado pelos brasileiros, mas ate que com uma certa razão. Boa parte dos escritores nacionais não se ajudam, na verdade se atropelam muitas vezes. O artigo escrito originalmente no blog O Pseudo Escritor, demostra claramente isso, vamos a ele:
Este post vai dar merda, e das grandes, mas vai ser escrito assim mesmo.
E não serei hipócrita; também tenho culpa nisso aí.
Mas vamos com passos lentos, até o ponto.
Esses dias, na andanças ali e aqui, deparei com alguns posts, em outros blogs, que pregavam uma campanha linda, muito linda: INCENTIVO E VALORIZAÇÃO DA LITERATURA NACIONAL. Um dos textos, a meu ver, era muito ruim; outro, muito bom; e um estava na medida.
Nas sugestões de livros que deveriam ser lidos, inclusive, títulos de Carolina Munhoz, Raphael Draccon, André Vianco, Leonel Caldela e de um time que mesclava bons autores do underground com alguns nem tanto, mas estavam ali por serem nacionais.
Não, não vou entrar no mérito de termos bons autores. Isso é tão objetivo quanto eu achar os filmes da Marvel infantilizados e gostar dos livros de Dan Brown.
Nesses três posts que li, sem nenhuma exceção, havia escritores por trás deles e leitores, mas, se não me engano, NENHUM deles citou sequer um livro que não fosse de uma panelinha. “Ah, mas eram bons livros!” Sim, de fato a maioria era, sim, mas é uma caixinha pequena, quando o tema é LITERATURA NACIONAL.
E aqui é que vem a hipocrisia nossa de cada dia: quantos autores nacionais novos lemos anualmente, desbravando títulos obscuros e na sorte? Eu tenho mania de comprar livros de ficção cujos autores nada sei, independente se nacionais ou internacionais; e costumo ignorar, com todas as forças, sugestões de amigos, afinal alguns possuem gostos duvidosos.
Na verdade, de uns anos para cá, desacelerei quanto à leitura de livros de ficção, concentrando em leituras mais didáticas e voltadas aos temas que escrevo; não por me achar superior aos colegas de escrita, mas porque simplesmente não consigo ler mais histórias. Isso atrasou leituras de livros de amigos, autores talentosos…
Só que o fato de eu não ler tais livros não me impede de divulgá-los. É simplesmente natural e quase automático eu perder minutos de meus dias indo num link, pegar a imagem da capa e fazer uma postagem; é normal eu montar e-books para alguns; arriscar dinheiro num projeto que a prefeitura local se recusou a ajudar; é o tal incentivo, é o que posso fazer.
Um amigo, esses dias, criticou que eu não leria os contos dele mesmo, então não fazia diferença o que ele faria ou não; nunca mais o lerei, é bem provável, mas isso não vai mudar o fato de que o continuarei incentivando a escrever e melhorar, assim como o fiz a pedir para um amigo, mais experiente, a ajudá-lo a reescrever um livro que estava, em nível literário e comercial, bem medíocre.
Uma amiga tem grande potencial, mas se lamenta muito, critica os leitores brasileiros, mas será que ela é uma leitora da nossa literatura, seja ela consagrada ou experimental?
Outro amigo, com centenas de livros encalhados, pouco se promove ou se dispõe a entrar em campanhas loucas com amigos e colegas literatos; é ruim ter exemplares mofando num canto, contudo ajudar o próximo poderia ser benéfico para ele.
Um jovem aqui na cidade quer lançar um livro solo, porém mal consegue promover a coletânea que participa e não incentiva os colegas de projeto; ou sequer consegue ir à um evento numa cidade vizinha.
Há quem encha grupos de spams, com artes elaboradas, mas não consegue compartilhar um simples post do colega, para dar aquela forcinha.
Uma vez, com alguns amigos, estávamos pressionando uma editora a rever as capas com imagens usadas ilegalmente, pois isso prejudicaria os autores do selo; em momento algum, culpamos os escritores por tal crime, mas foi um deles que nos intimou com ameaça, porque aquilo estava manchando sua imagem como autor, imagem esta que nem sequer havia começado. Ali eu notei, com extrema clareza, que é cada um por si e foda-se o grupo!
Por fim, esses dias rolou campanha para que deixássemos alguns e-books de graça e usássemos uma hashtag; eu esperava que todos fossem se ajudar e fiquei decepcionado quando vi só autopromoção, havendo poucas e mínimas exceções em casos de autores que compartilharam post do colega. Lamentável…
Todo mundo quer ser lido e enche a boca para defender a literatura nacional, mas, vamos ser sinceros, está pensando no próprio umbigo apenas, nos centavos angariados na venda daquele livro que se dedicou tanto a escrever, no bem-estar de ser lido. Eu mesmo penso muitas vezes assim, quando olho os números baixos de vendas ou leituras que consigo, sempre imaginando como melhorar aquilo.
Eu não fico com bandeiras, pois as odeio; acredito, sim, que nossas histórias possuem grande peso, até mais do que as que vendem milhares de exemplares; acho que alguns autores best-sellers são tão ruins quanto os amadores, inclusive brasileiros, o que reforça muitos preconceitos; e tenho convicção que ninguém conseguirá ir longe com essa desunião que noto entre a classe de escritores ou com essas panelinhas que só leem livros uns dos outros.
Como eu falei certa vez para uma amiga: você não precisa ler o livro de ninguém, mas ajuda na divulgação, indicar para quem pode se interessar ou simples e humildemente compartilhar um link não irá roubar seus leitores nem dar câncer no dedo.
Ou podemos ficar com essa hipocrisia de pedir valorização da literatura nacional… que escrevemos… ignorando a dos colegas.
Enquanto ser assim, o Cabana do Leitor irá se recusar a fazer parte deste mundo de “hipocrisia”, preferimos falar dos grandes escritores que fizeram seu nome através da literatura e através de suas competências e infelizmente isso é raro no ramo literário brasileiro. Melhor falar do Jhon Green, J.K Rowliing, que é sem estresse. Ai neste meio tempo descobrimos que o mundo Nerd é muito mais acolhedor que o mundo literário.