As HQs estão conquistando cada vez mais fãs; adultos, jovens e crianças deixam-se encantar pelas lutas épicas, cenas de ação empolgantes, personagens “fodásticos” e histórias marcantes que os levam ao delírio total. O público antigo, que já se deliciava nas páginas coloridas dos quadrinhos, hoje acompanha seus filhos aos cinemas para ver os super heróis ganhando vida ou liberam a grana para aquele rolê da “molecada”, onde qualquer mesa de outback, calçada e bar viram rodas de debate e as principais discussões giram em torno de escolher um time para Guerra Civil, criticar Batman vs Superman, falar de Demolidor, rir das piadas do Deadpool e, por fim, travar uma batalha clássica entre DC e Marvel.
Mas essa nova Legião ainda está em fase de aprendizado, não são todas as pessoas que “captam as referências” e que sabem o motivo pelo qual todos nós devemos ser #TeamStark (ou será #TeamCap?), pois é, nem eu sei. Muitos também ficam confusos, afinal, o medo das “torcidas organizadas” DC e Marvel tem sido constante nos últimos dias.
A questão é que as HQs são um portal para o novo mundo que se abriu no meu universo, hoje eu já tenho um pouco mais de conhecimento sobre o assunto, mas isso é graças aos leitores do CDL, que me motivam todos os dias a mergulhar de cabeça nisso tudo e ajudar a criar um bom conteúdo.
Foi pensando em vocês que, enquanto estava fazendo minhas dezenas de pesquisas na Mãe Google, encontrei uma excelente matéria do Jornal britânico The Guardian sobre o visionário Stan Lee . Um cara fantástico, criador dos principais heróis da Marvel, desenhista, escritor, produtor, editor (a lista é grande). Stan Lee foi um verdadeiro revolucionário no mundo dos quadrinhos, ele aproximou os personagens da humanidade, vitalizando a ideia de que podemos ser extraordinários, que o poder está dentro de nós e que os heróis são gente como a gente.
Para os fãs, para os leigos, para quem é péssimo em inglês, para os curiosos, para a galera que fica perambulando na internet e para você, leitor do CDL, a matéria traduzida na íntegra.
Stan Lee: O Maior contador de histórias de todos os tempos?
Criador de super heróis atemporais, desde Homem de Ferro a X-Men, seus próprios poderes permitiram que ele enxergasse além do futuro.
Um empresário bilionário desenvolvendo tecnologias que os outros acreditam ser impossíveis. Um time de heróis que usam a ciência para compreender o Universo. Uma agência secreta do governo que protege os cidadãos de ameaças que podem nem existir. Não, esses não são personagens dos quadrinhos do Stan Lee: O CEO da Elon Musk, os heróicos pesquisadores da LIGO, os agentes secretos da NSA e da GCHQ, são peças reais do nosso mundo que mais parecem à extensão do universo Marvel todos os dias.
A menos que você esteve congelado em um freezer criogênico na última década, você provavelmente deve saber da ascensão das produções cinematográficas e televisivas da Marvel que vem quebrando recordes implacáveis no cenário do entretenimento. O que parece menos óbvio é que a maioria dessas histórias foram criadas pelo mesmo escritor de HQs. Respire fundo: Homem Aranha, X-Men, Homem de Ferro, Viúva Negra, Thor, O Incrível Hulk, SHIELD, Demolidor – todos foram criados por Stan Lee.
Entre os anos 60 e 70, Lee concedeu e roteirizou o panteão dos super heróis que transformou a Marvel no “Universo Compartilhado” mais significativo da atualidade na cultura pop. Esse período de intensa criatividade sobre-humana foi retratado no livro “Amazing Fantastic Incredible: A Marvellous Memoir” (sem tradução para o Português) do autor Stan Lee e Peter Davin (co-autor), com ilustrações de Collen Doran. É difícil ler sobre a vida de Lee, ou considerar sua carreira, sem concluir que o mestre do Universo Marvel é um dos melhores contadores de histórias do pós-guerra, talvez o maior da Era.
Depois dessa alegação, você pode estar gritando do outro lado da tela “J.R.R.Tolkien”, “George Martin” ou “George Luccas”, de fato eles são realmente incríveis, mas Lee facilmente equipara-se com esses gênios, pois desenvolveu histórias emblemáticas, importantes e grandiosas que deram vida e alma a cultura POP. Ser “Geek” ou “Nerd” ainda era considerado insulto quando Lee nos presenteou com o icônico Homem Aranha. Peter Parker, um jovem órfão, o típico nerd tímido que vive trancado em seu quarto. Mesmo depois de ser picado por uma aranha radioativa e adquirir grandes poderes, Parker reconheceu as grandes responsabilidades que ele tinha que carregar em seu coração, assim como os comportamentos que ele deveria ter de um “nerd de verdade”.
Usando as palavras do escritor Mark Watney (Perdido em Marte), os personagens de Lee nunca tem medo de desafiar a ciência e encarar qualquer problema, eles enfrentam tudo. A trilogia O Quarteto Fantástico talvez tenha sido a pior adaptação, mas o primeiro super time criado por Lee permanece como uma de suas criações mais estilosas. Encarando um ataque de Skrulls, uma grande ameaça de um Galactus enlouquecido, Reed Richards e sua tripulação transformam e usam a ciência para tentar resolver o problema. É a ciência, os raios galácticos que transformaram os quatro em Senhor Fantástico, Mulher Invisível, Homem Tocha e A Coisa; e foi a ciência que os expõe aqueles raios.
A ciência é um elemento fundamental nas criações de Lee: como o vilão Doctor Doom , que utilizou a ciência para o mal ou um inventor bilionário, Tony Stark, o Homem de Ferro, que soube utilizar a ciência com maestria para lutar pelo bem. Antes de Lee, os heróis eram todos como “Superman” ou o exibido John Waynes, que triunfa através da força e da crueldade. Os heróis de Lee triunfam através do cérebro (inteligência), das invenções, das inovações e sobretudo da CIÊNCIA. Tudo isso antecedeu o mundo dos hackers e dos gigantes da tecnologia que veio a surgir 50 anos depois dessas histórias, empunhando enorme poder para o bem e para o mal. Devido a grande popularidade da Marvel entre os Geeks, é fato que Lee ajudou a inspirar muitas pessoas que estão remodelando o nosso mundo hoje.
Mas as histórias de Lee são apenas grandes fantasias, faz de conta! Elas não são reais. Sim, mas conforme nós evoluímos para o que o físico Michio Kaku chama da “Era de descobertas científicas para a era de domínio cientifico”, as super fantasias de Lee tornam-se cada fez mais “proféticas”, plausíveis, do que um absurdo imaginário. Como todos os mundos míticos, o Universo Marvel comunica-se com nós através de metáforas, símbolos e outras verdades não literais. Como os sonhadores que trouxeram esses mitos modernos para a realidade, Stan Lee será lembrado como um dos maiores heróis da literatura.
Revisado por: Bruna Vieira.