Os demônios não vem do inferno abaixo de nós, pois nós próprios os criamos, assim podemos dizer para a Warner/DC, que ao decidir soltar uma Cut Edition nos cinemas, cheia de pequenos arcos que não se conectam organicamente dentro de uma grande trama, acabou sacramentando o, até então fracasso de críticas, que foi o longa que contava com o duelo entre os dois maiores heróis da Nona Arte, Batman e Superman.
Só que queriam os antigos e novos deuses que isso mudasse, pois a Warner ao disponibilizar a Ultimate Edition, viu a chuva de pesadas críticas negativas para com o longa e seu diretor, Zack Snyder, se transformarem em pedidos de desculpas, incluindo o próprio que aqui vos escreve. “Desculpa a gente, Snyder!“
A maioria dos problemas apresentados em sua versão inicial, como a continuidade das cenas, os vários núcleos que não se conectam, os pequenos arcos que não falam entre si devido ao excesso de cortes, tirando assim o telespectador da sua experiência, são aqui nesta edição praticamente extinguidos, pois temos um filme que flui naturalmente e a sensação que existia de que realmente estava faltando cenas, como as de um quebra-cabeça incompleto, o que faz com que as mais de 3 horas de filme sejam muito mais prazerosas de se assistir, e que nos levantam o questionamento: Por que a Warner não disponibilizou esta versão nos cinemas?
Os dois primeiros atos são, sem sombra de dúvidas, o ponto alto desta edição e nos deixam sempre com um gostinho de quero mais, pois neles somos apresentados finalmente as reais e completas motivações da maioria dos personagens (tirando Lex Luthor JR que ainda é confuso e se perde em vários momentos do filme no meio de tantas frases de efeito e maneirismos) tornado-as assim muito mais criveis, nos aproximando e nos fazendo entender mais a quase psicopatia do Batman ou a eterna dúvida do fazendeiro do Kansas, Superman. O filme deixa de ser tão pretensioso e passa a não depender tanto de uma possível continuação ou da imaginação dos fãs para se criar um real motivo sobre algum um acontecimento em específico que foi onde ele mais havia pecado em sua Cut Edition.
Tudo isso faz cair por terra a falácia que se criou de que “Batman v Superman: A Origem da Justiça é um filme grande demais para mentes pequenas.”
Vir aqui falar da trilha sonora feita pelo Hans Zimmer, ou que Zack Snyder realmente sabe trabalhar sua sonoplastia é chover no molhado, portanto não me apegarei a estes pontos, pois é de consenso geral que eles estão muito bons.
Mas como nem tudo são flores, esta versão ainda apresenta alguns problemas, e o principal deles é o terceiro ato, que quebra com muito do que os dois primeiros construíram, pois as motivações, que já foram citadas aqui neste texto, se perdem no meio de soluções escapistas de roteiro, que por mais que sejam interessantes (SAVE MARTHA!?!?) são preguiçosas e mal trabalhadas, e acabam estragando com o efeito esperado, terminando assim em mais uma batalha megalomaníaca e cheia de explosões, que se tornou tão clichê dentro dos filmes de heróis.
Batman v Superman: A Origem da Justiça apresenta personagens que nos deixam querendo assistir e saber mais sobre eles em seus próximos filmes, mas que entre si no mesmo longa não entram em perfeita harmonia e culpa disso se dá ao fato de termos um universo expandido apressado da DC nos cinemas.
No mais, temos aqui a versão estendida de Batman v Superman: A Origem da Justiça, que como um segundo filme de um universo compartilhado é realmente ótima, mas que ainda deixa um pouco a desejar por se tratar do primeiro encontro da única possível Trindade dos quadrinhos nas telonas.
Revisado por: Bruna Vieira.