Quando assistimos a um filme e refletimos sobre ele, provavelmente teremos duas perguntas pairando em nossos pensamentos: Qual o propósito do filme?, e; O que ele traz de novidade? Em Mentes Sombrias, as respostas são simples: há um propósito em capturar os fãs órfãos de obras com a temática pós-apocalíptica jovem, mas que em termos de novidade não consegue satisfazer em nada.
Para resumir, Mentes Sombrias é uma enorme salada de ideias sem nenhum carisma e nenhuma identidade própria. Há todo momento você faz relação com as obras Divergente, Jogos Vorazes, X-Men, um Road Movie qualquer e até mesmo com o excelente quadrinho Sweet Tooth. Se caso estranhou essa mistura e tenha imaginado “Como isso pode dar certo?”, eu te respondo: definitivamente não deu certo.
O roteiro além de extremamente raso e acelerado, é repleto de furos e sem personalidade, onde apenas tenta se manter firme em ideias antes já exploradas no cinema. Todos os clichês possíveis de uma aventura juvenil está presente no filme.
Uma das questões mais problemáticas é a dificuldade que a obra tem de criar empatia entre o público e os personagens. Basicamente isso se dá pela inexistência de profundidade e a velocidade com que as situações se resolvem em tela. Não há tempo e nem conteúdo para que os personagens se tornem interessantes ao ponto de torcermos por eles.
E toda essa problemática do roteiro é acentuada pela direção fraca de Jennifer Yuh Nelson (Kung Fu Panda 3), que garante atuações medianas para ruins. Mesmo que seja notável a tentativa de Amandla Stenberg (que inclusive atuou em Jogos Vorazes) de emplacar uma protagonista complexa e uma figura feminina de respeito, o resultado ficou bem aquém do que deveria.
O roteiro também está pouco preocupado em criar uma ambientação satisfatória. É impossível sentir algum grau de perigo e impossível imergir no clima apocalíptico que o filme aparenta demonstrar. Direção, roteiro e direção de arte caminham abraçados aqui. É como se fosse um filme B de baixíssimo orçamento acreditando ser tão grandioso como qualquer Blockbuster.
As cenas de ação também não conseguem imprimir uma boa execução. Não empolgam em nada. A direção não consegue criar nessas cenas um sentimento que as sustente. Não traz sequer um vilão interessante, assim como seus momentos de ação, que em teoria deveriam carregar perigo, não geram importância para o público. É tudo muito raso e acelerado.
E a trilha sonora… espera… havia uma trilha sonora? Assim como todo o filme, ela é genérica ao ponto de nem lembrarmos que ela em algum momento existiu.
Para não dizer que é um desastre completo, o filme tem uma narrativa que não cansa e consegue tirar algumas poucas, bem poucas risadas e cria um certo “interesse” em sabermos para onde a trama quer nos levar.
Para concluir, Mentes Sombrias é, com toda certeza, uma tentativa desesperada, de alguns engravatados, de emplacar uma possível nova trilogia teen apocalíptica, mas que não consegue nada além de ser genérica e de não possuir nenhum carisma. Talvez o longa consiga agradar o público infantil e aos jovens que não assistiram aos filmes em que Mentes Sombrias usa como muleta de sustentação.