Uma feiticeira super poderosa e vingativa é acordada e agora só uma pessoa pode detê-la: Hellboy! (Pode ler com a voz do narrador da sessão da tarde)
Dirigido por Neil Marshall (Abismo do Medo), Hellboy é o mais novo filme da franquia que leva o mesmo nome… mas não faz realmente parte da franquia.
Os mais velhos vão lembrar dos filmes 1 e 2, dirigidos por Guillermo Del Toro ( A Forma da Água, Labirinto do Fauno). Del Toro é famoso por construir universos com seus monstros e causar empatia na gente.
O filme de 2019 infelizmente não completa uma trilogia, é uma espécie de reboot, mas se aproveita de elementos dos filmes passados pra apoiar seu enredo.
Enredo esse que é carregado de cenas apressadas e mal editadas. Sabe quando você quer assistir a um conteúdo, mas coloca ele em velocidade 2x, pra terminar mais rápido? Acho que fizeram isso com esse filme… se esqueceram de dar tempo para as coisas. A velocidade também tira o tom de importância das revelações. Clímax depende de timing e construção… normalmente é uma crescente. Ritmo constante cansa o expectador e desvia a atenção.
Há também uma pressa pra apresentar o problema do filme. O primeiro ato já faz isso, o que come tempo de apresentação e estabelecimento de personagens.
David Harbour faz um bom Hellboy, só lamento que ele viva nas sombras do Ron Perlman (intérprete dos filmes antigos). Gosto muito da interação dele com Ian Macshane, mas esse cara é bom em tudo o que faz, então até se o papel fosse ruim, ele seria bom.
Um grande nome desse elenco é Milla Jovovich (eterna matadora de zumbis), ela interpreta a tal feiticeira vingativa. Essa personagem é tão importante na mitologia que essa interpretação foi muito mal aproveitada, não só pela atuação como pelo roteiro, que muda do nada a motivação da vilã e não convence.
Outra coisa que não convence é o CG do filme. Além de ser muito ruim, deixa a desejar em comparação com os filmes antigos, que tinham mais atenção a detalhes dos personagens principais, como o rabo do Hellboy, que tinha vida própria, estava sempre em movimento. Pra não dizer que é tudo uma horror, a maquiagem é legal, nos personagens menores, em cenas mais discretas.
Ainda falando do CG, queria destacar uma luta horrorosa no meio do filme, que só se sustenta por ter uma música do Muse que eu amo muito.
Vamos tirar um momento pra agradecer a Sasha Lane e Daniel Dae Kim por se divertirem com o filme e tentarem fazer alguma coisa de seus personagens.
Fãs da franquia provavelmente não vão gostar, mas pra quem não conhece, talvez algumas piadas colem. E o filme abre espaço pra uma continuação (por favor, não).
Em suma, Hellboy é um filme que tentou ser algo, se baseando na fama dos filmes antigos. Faltou direção, faltou roteiro, faltou edição e faltou até trilha sonora coerente. Existe boa vontade, mas péssima execução.