O filme tem uma boa narrativa, bons efeitos e boa fotografia. Tem a história, o cenário, o elenco e a trilha, mas não dá certo.
Para os fãs dos filmes anteriores (Invocação do mal I e II), que é uma mistura entre narrativas envolvendo a vida de cada personagem, fatos sobrenaturais e mistério, uma dose sensata de suspense, A Freira pode ser motivo de decepção.
Esta franquia que é considerada uma boa pedida para os filmes de terror atuais, o filme ficou quase no mesmo nível e maturidade que Annabelle. Sustos esperados, personagens clássicos com ações clássicas, um demônio antigo que habita um lugar longínquo, a eterna guerra entre a Igreja Católica e acontecimentos sem explicação, fatos do passado dos personagens que viram sempre motivos de fraqueza ou arrependimento… são pautas já manjadas, mas que poderiam ter dado certo se não houvesse a tentativa de ser tão assustador quanto atual, talvez por conta dessa “moda” de filmes que decidem colocar humor atrelado a qualquer tipo de gênero a todo custo.
Desta vez, alguns símbolos novos apareceram, como o ocultismo, porém, mais uma vez, ficou parecendo um apanhado de tudo o que costuma rodear outros filmes do mesmo gênero ou apenas tudo o que a Igreja Católica é contra, e é onde o Diabo costuma entrar na história.
Existe também o apelo sexual e amoroso entre a personagem de Taissa Farmiga, uma freira que ainda não teve seus votos declarados, e o personagem de Jonas Bloquet, o mocinho conquistador e quem traz humor para o filme, que é muito típico de narrativas românticas clássicas. Tem um terceiro personagem importante que é o padre, Demian Bichir, que fica um pouco descontextualizado, parece que ele só está na trama para se resolver com alguém do passado, em forma de demônio, é claro!
O resto do elenco não tem tanto destaque, tirando o próprio demônio chamado de Valak, que aparece na forma de freira, mas até nisso ficou a desejar. Valak já havia aparecido em Invocação do mal II como um espírito antigo, bastante poderoso e sombrio, digno de medo. Mas com o excesso de sustos óbvios e aparecimentos que geraram risos, esse demônio acabou perdendo credibilidade no cenário top de terror.
De forma geral, A Freira é um filme que dá para assistir sozinho ou com amigos, com pipoca será melhor ainda. Garante sustos e algum divertimento. Com certeza não seria exibido na Sessão da tarde, mas é possível ver entrando na lista de Tela Quente numa segunda-feira qualquer.
Não é um filme necessariamente ruim em comparação a outros do mesmo gênero que tem aparecido, talvez ganhe com a produção mais elaborada e a narrativa que já vinha dos filmes anteriores. Mas para quem assistiu os dois primeiros, esse tem menos chances de se tornar favorito.