Seguindo a semana especial do maravilhoso livro Pax, hoje vou falar sobre como a Guerra está presente no livro.
Atualmente, vivemos em um mundo onde muitos países são assolados por conflitos, trazendo muitas consequências para o meio ambiente, entre muitas outras devastações, mas Sara Pennypacker mostra de forma tocante como todos os seres vivos mudam durante a guerra e além disso a autora trás uma explicação para o que ela é.
“Tem uma doença que às vezes dá nas raposas que as faz deixar de agir de maneira normal e atacar estranhos. A guerra é uma doença humana parecida.”
A guerra faz parte do livro, ela não altera os personagens conforme acontece, os personagens já começam influenciados por ela. Cada personagem passa por algum problema, devido a ela.
“Na época, a guerra chegou à terra onde morei com humanos. Tudo foi destruído. Fogo para todo lado. Muitas mortes, e não só dos doentes de guerra, que são os machos adultos. Crianças, mães, idosos da própria espécie deles também. E todos os animais. Os homens que estavam com essa doença cuspiram caos pelo caminho todo.”
Os animais no livro, tem muito mais sabedoria sobre a guerra, do que os humanos. E dentre as várias lições que o livro traz, a autora busca a realidade do conflito e a demonstra de maneira incrivelmente sensível mas, sem deixar de demonstrar as consequências devastadoras que este deixa.
“Foi quando percebi: embora ele fosse homem, embora fosse branco, embora fosse de outro país, talvez tivéssemos muitas coisas em comum. Coisas importantes, mais importantes que o Exército que nos convocou.”
Indo além do óbvio, Sara Pennypacker mostra o conflito interno que o ser humano passa na guerra.
“Quando deixei o Exército, eu não me lembrava de uma única verdade sobre mim. É isso o que o treinamento militar faz com você. Não existem mais indivíduos, só peças para eles moldarem na máquina de guerra.”
Ao lidar com coisas que fogem ao nosso controle, cada um tem uma resposta: a Raposa esperando seu menino, Vola tentando se encontrar, o pai do menino fugindo para a guerra e se afastando do filho e Peter se impedindo de falar sobre sua dor.
É exatamente assim “no mundo real”, cada pessoa tem uma resposta para lidar com a dor, da melhor maneira que consegue, e quando esse sofrimento vem de um conflito, a necessidade de um culpado emerge, para que uma solução e até um conforto exista. Mas Sara Pennypacker lança uma ideia que nos faz refletir sobre os lados de uma guerra e sobre a culpa.
Peter se lembrou de Vola perguntando de que lado o seu pai estava lutando. “Do lado certo”, respondera ele, indignado por ela sequer perguntar. “Garoto”, dissera Vola, e repetira só para ter certeza de que tinha a atenção dele: “Garoto! Você acha que alguém na história do mundo foi lutar pelo lado errado?”
Continuando, além de demonstrar que ambos os lados tem culpa, é demonstrado que os resultados da guerra muitas vezes são causados pelo país em si mesmo, não pelo “inimigo”.
“Perguntou-se quantas crianças naquela mesma semana teriam acordado e encontrado o mundo alterado por uma perda como aquela — os pais indo para a guerra, talvez para nunca mais voltar? Isso era o pior dos casos, claro, mas e as perdas menores? Quantas crianças passariam meses afastadas de irmãos mais velhos ou irmãs? Quantos amigos precisaram se despedir? Quantas crianças tinham começado a enfrentar a fome? Quantas estavam sendo obrigadas a se mudar? Quantos animais de estimação precisaram ser deixados para trás, para se virarem sozinhos? E por que ninguém contava essas coisas? “As pessoas deviam falar a verdade sobre as consequências da guerra”, Vola tinha dito certa vez. Aquilo não era uma das consequências do conflito?”
Apesar de toda dor, destruição que a guerra traz, Sara Pennypacker, através de seus personagens, demonstra que há sempre esperança, que erros tem perdão e é essencial saber se perdoar.
Podemos ainda interpretar a existência de Pax como sendo a paz vivida pelo menino e pela sua família, quando a guerra começa, o menino se separa de Pax, ao decorrer da jornada, Peter busca a raposa, por ela ser a sua paz, e nessa jornada Peter encontra a si mesmo? Encontra Pax e a paz? Leiam e me falem. 😉
Esse livro extremamente honesto e sensível é altamente recomendado para todas as idades!
Fiquem ligados ao Cabana do Leitor para mais histórias tocantes como essa! 😉
Revisado por: Bruna Vieira.