Em A Lei da Noite (Live By Night), Ben Affleck encarna Joe Coughlin, um ex-soldado que voltou para seu país depois da Primeira Guerra com um profundo rancor de seguir ordens. Desde o começo, o tom do filme fica claro: tudo é uma questão de poder e crueldade. Coughlin acaba ficando entre as Máfias, Italiana e Irlandesa, que disputam o poder na cidade de Boston, e como em toda história que se preze: tudo começa e acaba por uma mulher.
Logo no início do filme, percebemos claramente que Joe faria qualquer coisa por Emma, a mulher que ele ama e que, acontece de ser amante do chefe da Máfia Irlandesa, Albert White. A partir daí, a vida dele tende a ficar cada vez mais complicada. Apesar de não querer entrar no meio dessa briga que anda levando muitas vidas consigo, o personagem se vê bem no meio da confusão, e o esperado acontece: Joe quase morre e tudo vem abaixo.
Como qualquer homem amargurado, Sr. Couglhin quer vingança, e procura o chefe da Máfia Italiana, Maso Pescatore, pedindo por um emprego e, principalmente, uma chance de acabar com o homem que odeia. Assim que muda para uma cidadezinha de Tampa, ele assume grande parte dos negócios locais da Máfia, e passa a lidar com situações difíceis para sua índole, ainda que corrompida, um tanto quanto correta.
Joe se vê diante de impasses, tentando manter boas relações com o delegado da cidade, o Chefe Figgis, e logo se deparando com problemas contra seus negócios, como uma garota que prega contra o Cassino que ele constrói, ou o próprio Klu Klux Klan, contra seus negócios já que grande parte deles envolvem a comunidade Cubana e negra.
Bem Affleck tentou dar uma de “mil e uma utilidades”, e assinou o roteiro, dirigiu e protagonizou o filme. O personagem cresce na escala de poder da Máfia, encurralando seus adversários e provocando até mesmo cenas inesperadas, porém Affleck parece ter pecado um pouco na atuação. Talvez ele tenha dado um passo maior do que a perna?

No geral, o filme segue um pouco superficial. É um bom filme, o roteiro segue sem tropeções, mas haviam coisas que poderiam ter sido mais exploradas, e situações em que você se sente um pouco desconfortável por sair um pouco do que conhecemos como a índole duvidosa da máfia. Vemos que Joe está envolvido, mas não concorda com a filosofia de “fazer tudo o que necessário para o negócio continuar”, não que ele se negue a matar, mas chega uma hora em que sua consciência fala mais alto e esse parece ser o início do seu fim.
A ambientação do filme é perfeita, o cenário e o figurino são lindos, assim como os carros; porém ele peca em apenas passar por fatos históricos e grupos importantes. O filme cita várias vezes a Lei, que interferia diretamente em seus negócios por proibir a fabricação e distribuição de bebidas alcoólicas, mas em momento algum o filme se dá ao trabalho de dignamente explicar esse fato; assim como a aparição do temido grupo extremista Klu Klux Klan, que apenas faz uma pequena aparição no filme, apática e até mesmo ridícula se você parar para pensar no porte e periculosidade da organização na época em que se passa o filme (entre os anos 1920 e 1940 aproximadamente).
O filme parece ligar terrivelmente a continuação do enredo com a morte dos personagens, como se esse fato marcasse o fim de um ciclo na vida de Joe e começasse outro, e é até triste quando você perceber que a vida dele gira em torno da morte de pessoas próximas ou inimigos.
A Lei da Noite estreia dia 23 de Fevereiro.