A tempestade é um thriller que nos provoca uma pressão logo no início do livro. A vida de Margot Brown corre perigo. Não é um suspense qualquer, mas sim daquele tipo que você espera que a personagem sofra alguma coisa a qualquer momento. O que mais me deixou assombrada são os pensamentos dela quando se encontra dentro de um caixão, prestes a morrer. Eu me vi ali, junto com ela, sofrendo as mesmas coisas sensações. Eu não sei se teria a mesma perspicácia que Margot numa situação de vida ou morte como aquela, mas imagino que por um momento ela se sentiu impotente e praticamente sem forças, como eu estaria na situação dela.
Torci muito para ela conseguir escapar do serial killer Irony Joe, contudo uma coisa me incomodou e acho que à Margot também: ninguém sobrevivia para contar história! Algo estava errado, embora tudo indicasse que IJ (Irony Joe) era o serial killer que tinha capturado Margot, e ela a única que conseguiu escapar. Tinha algo de errado, muito errado, com a fuga de Margot do esconderijo. Ela não tinha “escapado” ainda, continuava sendo um alvo, afinal Irony Joe não deixava ninguém vivo. Ninguém nunca escapara para contar a história. Lógico que ele iria atrás dela. Margot teve que largar tudo o que conhecia: a escola, o pai e sua vida em Boston para morar com sua mãe, em outro país, longe de Irony Joe.
O que ela não sabia é que tudo aquilo na sua vida tinha sido premeditado. Todos os seus passos foram manipulados para que ela viesse para o Brasil. Ela deixou o medo falar mais alto. E não é para menos, não é? Que garota de 16 anos não ficaria com medo? Afinal, IJ iria procurar por ela para terminar o serviço que começou.
Eu desconfiei de todo mundo, claro, menos da mãe e do pai de Margot. E do Gustavo. Ele era esperto e discreto, mas não parecia um serial killer, entretanto o restante dos personagens, desconfiei de todos. Eu sentia que havia algo de errado com os amigos novos de Margot no Brasil. Ela fez amizade facilmente, tudo parecia maravilhoso demais para ser verdade. Personagens secundários misteriosos e muito bem construídos.
Muito me agradaram os pensamentos da Margot. Ela sentia algo estanho e, para sua idade, ela não se deixava influenciar pelas pessoas. Gostei muito disso. Ela não era uma adolescente qualquer. Identifiquei-me com ela, com sua responsabilidade e o seu desejo de fazer algumas coisas que adolescentes gostam de fazer, porém não dizem em voz alta.
Tive a leve impressão que a autora Manuela Titoto se inspirou nos clássicos de Agatha Christie, o que é muito bom, pois nos levou a deduzir quem era o serial killer, o sujeito que desde o primeiro dia da chegada de Margot ao Brasil, transformara a vida dela em um tremendo inferno. Eu tinha tanta certeza de quem era o psicopata e ainda assim nada me preparou para a descoberta de Margot. Claro que, antes de ela descobrir, eu já estava começando a suspeitar. Contudo havia uma coisa que não se encaixava, pois não tinha dado atenção de juntar as peças do quebra-cabeça para enfim entender o que estava acontecendo bem diante dos olhos de Margot.
A Tempestade me levou ao livro da Agatha Christie O Assassinato no Expresso do Oriente, que também havia algo que se não encaixava, até que no final, me deixou surpresa e incrédula.
Eu fiquei muito feliz ao descobrir que a autora é brasileira. Manuela Titoto conseguiu prender minha atenção do início ao fim na história de Margot. A trama possuía pouco romance, pois o foco da história era descobrir o serial killer que estava enlouquecendo a nossa protagonista Margot, mas mesmo com tanto mistério, eu shippei Gustavo e Margot. Quem não gosta de um romance, não é? O romance entre os jovens deixou a história um pouco mais leve em alguns momentos.
A Tempestade, de Manuela Titoto, é comercializado em formato digital pela Editora Novo Conceito.