O segundo episódio da antologia acontece de forma mais lenta, pois sua proposta é começar a desembolar os fatos do primeiro episódio e a explorar os personagens e seus conflitos antes e depois do ocorrido. O episódio continua estruturado entre presente e passado, o que nos leva a concluir que toda a temporada será assim. Mas essa ida e volta no tempo em nada cansa o espectador, ao contrário. As cenas, muito bem estruturadas na trama, manipula o entendimento do espectador mostrando o que, até o momento, lhe convém.
O episódio começa revelando algo sobre a vida do personagem principal: ele estava doente. O nome da doença não foi mencionado, mas temos vários indícios para concluir qual era: AIDS. Após o retorno de Versace do hospital para a mansão, começamos a ter um melhor desenvolvimento do conflito do seu companheiro com sua irmã. Donatella não gostava daquele monte de homens que iam à noite para a casa do irmão e culpava D’Amico por ser responsável por aquilo. D’Amico, no entanto, rebate dizendo que aquele comportamento não vinha dele e sim de Versace. Ao final da discussão fica a incógnita a ser decifrada se a vida de orgia era algo que Versace gostava ou se era algo que participava para agradar seu companheiro.
Também começamos a entender melhor a relação entre Gianni e Donatella. Donatella continua se mostrando uma mulher dominadora, mas que morre de amores pelo irmão e todos os seus esforços são para que ele fique bem.
A maior parte do episódio, no entanto, acompanhamos a vida do serial killer Andrew. Como ele chegou em Miami, o começo da sua obsessão por Versace, suas motivações e adentramos ainda mais na sua mente doentia que não mede esforços para conseguir o que quer.
O ponto alto do episódio, o seu plot twist, está na cena em que percebemos que o assassinato de Versace poderia ter sido evitado, mas não foi por neglicência da polícia. Num dado momento do primeiro episódio, ouvimos uma conversa entre policiais que eles já estavam procurando por Andrew, devido aos seus quatro assassinatos. Porém, nenhum cartaz de procurado havia sido colocado pela cidade – e aparentemente não o fizeram por “preguiça”. Já no segundo episódio, Andrew é reconhecido por um atendente de lanchonete que liga para a polícia e denuncia seu paradeiro. Porém, ao perceber o que está acontecendo, Andrew consegue fugir. Numa segunda cena, e aqui está a grande virada, Andrew entra numa loja de penhores para vender um artefato. A dona da loja desconfia da procedência do objeto. Olha, então, para um mural na parede da loja, onde estão pendurados todos os cartazes do procurados da polícia. Não há nenhum com a foto de Andrew. Sem provas de que há algo errado, a mulher aceita o objeto e paga por ele. Andrew sai do estabelecimento, tranquilamente com a grana. Se a polícia tivesse pendurado os cartazes de procurado, talvez aquele fosse o fim para Andrew. Daquela loja, o personagem foi para a pensão que estava hospedado, entrega o dinheiro a um amigo que lá vivia, pega suas coisas e vai para a praia matar sua vítima.
O episódio termina de forma menos suspensa que o primeiro, mas não menos instigante. Na última cena temos, mais uma vez, a evidência do quão Andrew é um personagem psicologicamente doente e ficamos a espera para saber o que mais ele fez para chegar ao momento do assassinato.
A 2ª temporada de American Crime Story vai ao ar todas as quartas-feiras, no FX.
Resenha por: Cecília Mouta.