Eles eram um casal incomum. Na verdade, acho que nem sequer chegavam a ser um casal. Às vezes eram como namorados; às vezes mais pareciam dois amigos; outras tantas eram como amantes ou parceiros de crime. Eram muitas vezes todas essas coisas juntas, outras eram quase nada. Às vezes, eram como velhos conhecidos, outras pareciam não saber nada um do outro. Aqueles dois eram um mistério. Tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo. Ela não sabia porque gostava dele, ele mal sabia o que tinha nela que tanto o atraia. Eram diferentes e seguiam assim do seu jeito, sem se preocupar com o que todos diziam a seu respeito. Eles não ligavam e nem se preocupavam, não conseguiam mesmo ficar tanto tempo separados. Seguiam com as suas próprias regras, ou melhor, não tinham regras e se por acaso tivessem, quebrariam todas elas.
Ele chegava bêbado de madrugada no apartamento dela. Ela não escondia nada do seu passado. Ele não ligava no dia seguinte. Ela não esperava. Ele não acreditava nela e ela não acreditava nele. Não faziam promessas, não precisavam. Isso é coisa pra quem não tem certeza do que sente. Eles sabiam e sentiam. Ele era dela e vice versa. Eles não precisavam de rótulos, já passaram dessa fase e eram mais felizes assim do que muitos casais. Eram muito mais do que um status nas redes sociais. Viviam assim, à sua maneira e cada um pro seu lado, pois sabiam que se encontrariam logo ali adiante em uma dessas esquinas da vida. Essa mesma vida que os colocava frente a frente vez ou outra. Eles se amavam e isso bastava. Eram dois errados procurando o caminho certo ou seriam dois certos procurando o caminho errado? Quem poderia julgar os seus métodos? Quem poderia dizer se duraria pra sempre? Se eles mesmos não acreditavam nessa baboseira de destino? Ela era dele e vice versa. Eles se amavam e isso bastava.