O que faria se soubesse que quem deu a vida ao seu maior inimigo fora você? Como reagiria se soubesse que ele está tentando te atingir de todas as formas, de uma maneira cruel e sádica, através de pessoas inocentes de sua convivência? Aqui vemos uma adaptação visceral da graphic novel aclamada de Alan Moore em certo tom crescente, como uma trágica sinfonia. Observando os fatores, a animação trata do relacionamento de Batman e Batgirl, mesclando com James Gordon e claro, o Coringa. Batman, em seus conflitos com o seu abismo, se nega a querer ceder ás tentações que lá residem. Ele ama a solidão, e gosta de ficar assim. O seu vício, a sua menina dos olhos, é a luta contra o crime que parece aumentar e piorar a cada noite que se passa em Gotham City.
Batgirl por sua vez, acostumada com a vida de vigilante, não está conseguindo conciliar com a sua vida de bibliotecária (vulgo, cidadã normal de Gotham) durante o dia. Seus conflitos internos e seu relacionamento com o Batman ficam cada vez mais agressivos, porque apesar de trabalharem juntos, são seres com visões de mundo completamente diferentes. No primeiro ato, ela se deixa levar pela aventura e perigo que os jogos perigosos com bandidos e mafiosos proporcionam. Ela cede, e Batman a vê ceder. O que resulta numa briga entre os dois que acaba em uma relação sexual. Sim, eles fazem sexo.
Depois desses eventos, Batman, por muito tempo ignora Bárbara Gordon e se distancia de Batgirl, voltando a trabalhar sozinho, e ela volta a sua vida normal. Dados os eventos, o segundo ato é apresentado, entrando de começo, sutilmente, na saga do Coringa.
Vemos Batman conferindo uma cena de crime onde várias pessoas foram mortas pelo gás do riso. Imediatamente ele vai para o Asilo Arkham porque já sabia do que se tratava… era o início do Coringa na animação. Seu passado e presente são misturados discretamente através de lembranças da mulher, filho e carreira mal sucedida. Frame a frame nostalgicamente idênticos ás páginas da aclamada obra de 1988.
Passado tudo isso, pulamos para o terceiro ato. Conforme sabemos, Bárbara Gordon recebe o tiro que a deixa paraplégica pelo Coringa; James Gordon é levado ao show de horrores no parque de diversões abandonado e Batman vai atrás do Coringa, e o mesmo passara dos limites com a sua loucura em seu ápice… até o momento.
Ao final da animação, Batman conversa com o Coringa. Farto de jogos, cansado de piadas ruins, desabafando toda a sua frustração em ver que seus esforços para “curá-lo” foram em vão. E o palhaço termina com uma bela piada. Ele diz sobre dois homens tentando sair de um manicômio por um feixe de luz. Seria um comparativo hipotético dele e do Morcego? E depois só escutamos risadas que aos poucos, vão sumindo, o que permanece a dúvida ao final. Aliás, várias!
O Coringa realmente abusou sexualmente de Bárbara Gordon? James Gordon, depois de ter sido torturado violentamente físico e psicologicamente, não ficou com sequelas? Batman realmente matou o Coringa no final e cedeu a loucura? São apenas algumas perguntas que ficarão nas entrelinhas e que precisaremos de Um Dia Ruim para podermos realmente saber.
Bela animação para os fãs mais recentes, apesar de ser mais pesada que o habitual. Um pouco duvidosa para os fãs mais antigos, mas ao mesmo tempo, intrigante.
O que sabemos, por hora, é que a loucura do Coringa é sem limites, sem pudor, violentamente sanguinolenta e feroz como um animal enraivecido, até que ele se prove maior do que isso. Ele não faz por algum tipo de ambição ou amor, ele o faz porque quer, porque gosta. Esse palhaço franzino é motivo suficiente para estar no patamar dos mais perigosos e insanos vilões dos quadrinhos, e isso é provado aqui, em mais uma de suas múltiplas facetas. Batman A Piada Mortal é, literalmente, a viagem á mente de um dos maiores criminosos psicopatas de todos os tempos.
Revisado por: Bruna Vieira.