Para quem conhece meu trabalho, tenho atuado em pesquisas em realidade virtual, realidade aumentada e realidade misturada a alguns anos. É uma das minhas linhas de pesquisa por uma serie de razões. Acredito que a primeira delas é que a expansão da realidade me fascina de alguma forma porque tem a ver com ficção cientifica, coisa futurista e parece que esse futurista fica cada vez mais presente.
Das possibilidades de tecnologias de realidades que mencionei acima, a realidade virtual é a das mais imersivas porque ela quer te “sequestrar dessa realidade”. E é exatamente isso que ela faz. Quem nunca viu aqueles vídeos de pessoas em shopping que ao usar um óculos de RV, com um leve empurrão caem rolando no chão? Isso acontece porque a mente acha que o corpo esta em outro lugar. E isso, é muito divertido.
Enquanto a aumentada apenas adiciona elementos informacionais a partir de uma tela, como por exemplo, o Google Glass fazia, e a Misturada mistura elementos dos dois modelos, a realidade virtual é o que mais se aproxima dos contos de ficção mais famosos, como Avatar (Surrogates, 2009) ou filmes mais clássicos como Matrix (1999), Passageiro do Futuro (1992) entre outros, e por isso, brincam um pouco com nossa imaginação.
Idealizada por Morton Heilig em 1962 por uma maquina chamada Sensorama e depois em 1968 por Ivan Sutherland com a espada de Democles, a idéia de estar em outro lugar enganando o cérebro vem desde então evoluindo em diversos aspectos. A primeira tentativa de cinema 3D não foi bem aceita. Também, quem ficava confortável com aqueles óculos de lentes vermelhas e azuis? Não era uma coisa legal no final das contas. E apesar dos incríveis avanços no cinema, é no mundo dos games que aparentemente essa tecnologia caminha muito mais rápido. Já experimentei vários dispositivos de RV, incluindo as primeiras versões de óculos Rift, Samsung Gear Vr, entre outros, testei aqui na BGS, a segunda versão do PS VR, com o jogo Saber Beat.
Primeiras impressões e Saber Beat!
A versão mais recente do hardware, é mais confortável que sua versão anterior. O problema do cabo curto foi resolvido e os controles estão bem mais precisos. Minha maior preocupação com esse tipo de hardware é o ajuste no rosto, uma vez que eu uso óculos. Tanto na versão anterior quanto em outros dispositivos do gênero como o Rift, sempre vaza um pouco de iluminação externa, o que atrapalha muito a experiência de imersão. Mas nessa nova versão, não tive esse problema. Isso não significa que tenha sido resolvido, mas o ajuste de distância ainda pode ter alguma interferência dependendo da armação dos seus óculos (se vc usa um).
O jogo em questão, viralizou na internet e mostrava algo bem parecido a um jogo estilo Jedi/Sith Star Wars usando sabre de luz destruindo objetos. Bem, não se trata de um jogo de Star Wars (apesar de ser lol), e ele se baseia em elementos que devem ser eliminados no melhor estilo Ninja fruit, desviando de ocasionais obstáculos a medida que a batida da música rola de fundo. Sim, isso fez TODA a diferença. O corpo praticamente mexe sozinho. Não senti o peso do visor, tão pouco enjoo do movimento (Motion sickness). A experiência com esse jogo pode ser resumida em uma palavra apenas: PRECISO.
2 anos de Playstation VR
Nem parece muito tempo assim, mas esse ano a PSVR completou dois anos, e já conta com mais de 160 jogos exclusivos para VR, sem mencionar que o jogador pode usar o óculos para jogar outros jogos não VR. Mas com Borderlands anunciada em versão VR, bem, a única complicação é o preço do brinquedo. Na feira, sai pela bagatela de 2.799 dinheiros. A vantagem frente as versões anteriores é o bundle (câmera + controles + jogos). Colocando na ponta do lápis, a compra separada dos mesmos elementos sai mais caro.
Mas apesar de tantos títulos e jogos na PSN a partir de um canal exclusivo de VR, o preço ainda é a maior barreira para a adoção, apesar da Sony ter anunciada que já foram vendidas mais de 3 milhões de unidades. Comparando com uma das versões mais baratas do console, o PSVR custa quase dois consoles, uma vez que é possível encontrar PS4 a partir de 1500 reais.
Vantagem frente aos concorrentes.
Considerando os demais competidores do PS VR como o Samsung Gear VR, a posição do console japonês tem vantagem de braçada. Além dos 160 títulos e da melhor avaliação de hardware, o console ainda conta com a PSN, que disponibiliza mensalmente jogos para quem assina a Playstation Network Plus, enquanto a HTC e a Samsung apenas oferecem os dispositivos. Nesse sentido, o console na minha avaliação tem muito mais chances de oferecer um grau ainda maior de imersão do que um dispositivo celular.
Não que os demais competidores não estejam a altura do desafio, muito pelo contrario. Como mencionei antes, essa indústria está em franco desenvolvimento e a cada nova geração de dispositivos se resolvem detalhes que impactam a experiência do usuário. Nesse sentido, pensando na próxima geração de consoles, as surpresas podem ser ainda melhores.
Vale lembrar que apesar de Phil Spencer ter anunciando na E2016 que a Microsoft desejava perseguir essa modalidade, na E2018 a Microsoft disse que o Xbox One não teria suporte a RV e que a plataforma mais adequada para isso, seria mesmo o PC, legando a Hololens apenas o universo dos PCs.
Vale a pena ou não comprar?
SIM, vale. Isso quero dizer, se você tiver como comprar. No limite, é um hardware acessório que custa mais caro que o próprio console, mas a experiência vale muito a pena. Existem diversas perguntas no ar, de como: se eu ficar jogando isso o dia todo vou passar mal? Bem, provavelmente sim, mas isso não significa que não é um bom deal. O preço dificilmente vai cair, uma vez que a Sony está praticamente sozinha nesse segmento. Os grandes studios de games tem acenado com boa vontade para a produção de jogos cada vez mais envolventes e dinâmicos para essa modalidade, e ainda tem um fator importantíssimo a ser considerado. Acredito que o PSVR é mais um equipamento para a próxima geração de console do que a atual.
Bem, esse ano, o stande de VR da Sony também foi bem maior do que da BGS do ano passado. Então da para acreditar que ainda vem muita coisa boa por ai (menos o preço mais acessível).