Kirsten Lepore já ganhou diversos prêmios internacionais e é atualmente um dos grandes nomes da animação em stop-motion. Ela nos deu uma entrevista exclusiva, diretamente dos Estados Unidos para o Cabana do Leitor. Ao final da entrevista, assista “Bottle”, uma de suas obras mais premiadas.
1 – Como surgem as ideias para fazer animações?
É difícil falar, pois ideias podem vir quando você menos espera. Eu dou o meu melhor, procuro sempre estar atenta ao que me rodeia, ao máximo de detalhes dos lugares onde estou. Eu acredito que as ideias surgem nos pequenos detalhes. Eu também gosto de lojas de artesanatos, de paisagens e de brincar com materiais novos que eu considero estimulantes.
2 – Como aconteceu o encontro entre a animação (stop-motion) e a Kirsten?
Eu tive meu primeiro contato com stop-motion quando tinha 11-12 anos e meu pai me deixou usar a “camcorder” da família. Eu costumava fazer diversos filmes com minhas irmãs como atrizes e comecei a usar a mesma câmera para fazer animações com objetos e argila. Quando estava no meu último ano da faculdade, eu finalmente me empenhei para produzir meu primeiro filme de stop-motion.
3 – Tem planos para fazer um longa-metragem ?
Não no momento. Dá bastante trabalho planejar e filmar curtas de 10 minutos, este tem sido meu limite máximo até agora. Eu amo produzir curta-metragem porque enjoo muito rápido dos personagens. Eu me sinto ok com meus personagens no mundo que nós assistimos por 10 minutos (apesar de muitos se contrariarem). Eu estaria disposta a fazer um longa no futuro, mas obviamente precisaria de ajuda de um estúdio e teria muito menos controle sobre ele do que quando faço sozinha. Mas sinceramente estou esperando a ideia certa.
4 – Tem diferença das animações feitas em grandes estúdios para as feitas de maneira independente?
Sim. A principal diferença seria o que citei previamente: animações independentes refletem a visão única de uma pessoa. As coisas mudam quando vários artistas produzem. Mas essa colaboração pode ser fantástica! Outra grande diferença é o escopo do projeto. Por causa do tempo que se consome em uma animação, há muito o que fazer independentemente. Daí o porque de você não ver muitos filmes de animação independentes.
5 – Você acredita na teoria da Pixar?
Eu não sei ao certo o que é a Teoria Pixar, mas acho que eles fizeram ótimos filmes e possuem alguns dos mais talentosos artistas.
6 – Desenhos e animações antigamente eram feitas para crianças, hoje em dia elas são feitas para alcançar a todos, inclusive o público adulto. Essa democratização retirou a essência da animação hoje ?
Sempre existiram animações para adultos e crianças, apesar de filmes voltados para crianças terem tido mais visibilidade na mídia. Fico emocionada que as animações para adultos sejam mais aceitas e amadas como eu nunca vi nos filmes só para crianças. Acredito que a internet tenha sido a plataforma responsável por fazer com que todo tipo de animação não-tradicional atinja uma audiência geral. Eu sou realmente grata por isso.
7 – Você sofre influência de trabalhos de outros artistas?
Não, nunca. Brincadeira! (Risos) Sou influenciada por várias coisas – e não só animação. Eu adoro ver desde fotografia, pinturas, filmes, artesanato, até comida me influencia quando estou à procura de inspiração. E todas essas coisas são criadas por diversos tipos de artistas.
8 – Tem algum projeto em andamento? Pode nos falar um pouco sobre ele?
Eu tenho um curta-metragem em stop-motion finalizado em março, que venho enviando para festivais nos últimos meses. É chamado “Move Mountain” e foi minha tese de graduação, levei 2 anos e meio para produzir. Se tudo der certo, disponibilizarei on-line no início do próximo ano.
9 – Como você acha que o seu trabalho influencia as pessoas ?
Eu me sinto lisonjeada em receber e-mail de pessoas dizendo que amam meus filmes, que eles os influenciaram em tentar a animação. Eu acho isso o melhor elogio e é o que me faz continuar trabalhando e produzindo coisas novas.
10 – Kirsten por Kirsten?
Kirsten. Primeiro nome escandinavo, último nome italiano. 🙂
Tradução: Bruno Burlamaqui