A INTZ saiu vencedora no confronto contra a KaBuM pelo placar de 3×2, e farão a final contra a PaiN Gaming no dia 05, realizando o clássico PaiNTZ. Estivemos na coletiva de imprensa com micaO e Maestro onde responderam perguntas sobre a série e sobre a final. Confira abaixo:
Como foi pra vocês que estão aí dentro jogar 5 partidas hoje, principalmente com essa pressão toda de ser uma equipe tradicionalmente boa em MD5. Como estava a cabeça de vocês?
micaO: Foi uma série que teve muita emoção, principalmente porque o segundo jogo a gente tinha ele na mão e a gente entregou, então a gente se cobrou bastante de voltar mais pró ativo nos próximos, a gente não foi tão pró ativo nos jogos. O draft da KaBuM foi um draft muito bom, então a gente teve dificuldade nesse sentido também, mas a gente acabou que tinha esses picks surpresas, e eu acho que a diferença foi esse fator coringa que a gente tem de sempre ter esses picks no bolso e não ter medo de usar eles no jogo mais decisivo, que é o quinto. Você pode ver que muitos times vão pro mais safe, e a gente se sente confiante o suficiente pra no jogo cinco ir com o que a gente tem no bolso.
Hoje foi uma série disputada, como que é se planejar para uma final tendo mostrado tanto jogo nessa semi final?
Maestro: Cara, é sempre bastante difícil na verdade, tem dois fatores que eu acho que são dificultadores na final. O primeiro é justamente a gente jogar muita coisa na mesa na semifinal, quando você tem que jogar muitos jogos as vezes você não consegue esconder alguma coisa, então basicamente é forçar nossa criatividade para continuar evoluindo. E o segundo fator é o fator PaiN, eu acho que esse time é um time super redondinho, que particularmente eu acho que a PRG não era um time difícil só pra eles, era um time difícil pra todo mundo, mas eu não diminuiria os méritos que eles tem de ganhar essa semi e chegar na final, então é um time redondo, não basta a gente ser criativo e ter estratégias no bolso, a gente precisa executar melhor no dia. Então, vai ser cansativo, vai ser difícil, mas na nossa profissão tudo vale a pena pelo show da MD5.
MicaO, Pain e INTZ fazem de novo a final do CBLOL e não tem como não lembrar daquela final cinco anos atrás. Em entrevistas passadas, você já comentou não ter nenhum sentimento de vingança contra PaiN porque vocês já se provaram em 2016, e também já comentou sobre sua vontade de empatar no número de títulos com o brTT. Como é essa rivalidade com o TT, já que vcs já se enfrentaram pelo menos 3 vezes em finais.
MicaO: É sensacional. Nosso maior nome do LoL é o brTT, e eu divido posição com ele, então é sempre um confronto muito massa, tem ano que eu to melhor, tem ano que ele ta melhor, acho que eu e ele nos destacamos há muito tempo, até porque a gente joga há muito tempo. Então é um confronto com muita história, quero muito ganhar dele pra ficar com o mesmo número de títulos e passar se possível, mas é sempre um confronto muito nice.
Maestro, como foi estudar essa KaBuM e consequentemente acabar estudando o Revolta, já que muito do jogo da equipe passa por ele pelo forte early game que ele acaba impondo? E uma resposta rápida do micaO, quem deu aquela brilhante call do barão no jogo 1?
micaO: Call do barão eu não lembro. (Risos) Tay ou Envy eu acho.
Maestro: Tava o Envy e o Shini fazendo, não era isso? Eu acho que foi o Shini e o Envy, os dois estavam fazendo, deram a call e o resto do time entrou na onda. Falando sobre a preparação pra KaBuM e pro Revolta, ele é um cara que sempre assisti a jogar, desde antes de entrar no cenário, então é um cara que eu respeito bastante, e além de saber que ele é um cara que se prepara muito bem, que ele tem um jogo muito forte, eu sei também que ele é um cara que se adapta. Então independente da preparação fixa que a gente tenha feito, a gente conversou sobre isso, se preparou, fez scouting, a gente sabe o que ele gosta de fazer, mas “estejam preparados pra qualquer outra coisa também”, porque a gente sabe que ele é um cara que se adapta. Igual, o pick de Sett era algo que ele não vinha fazendo, por exemplo, mas a gente sabia que se tinha um cara que ia se adaptar pra uma série de MD5, seria ele. Então, na minha visão como profissional, foi um prazer me preparar contra um grande jogador com uma grande história também.
Maestro, o quão importante tá sendo pra você e pra INTZ chegar nessa final mantendo os 5 jogadores depois de tantas críticas sobre a necessidade de mudar o time. Qual é a sensação de chegar numa final e mostrar pra todo mundo que esse elenco deu muito certo nessa segunda etapa?
Maestro: Pra mim, sendo sincero, é uma sensação de irmandade, de família, de algo a mais. Porque independente do que a gente tenha planejado pro split, sempre pode dar errado, sempre pode “ah, eu devia ter feito isso, devia ter pensado naquilo”, mas parece que esse grupo sempre me surpreende, eu sempre me sinto cada vez mais amigo deles, cada vez mais parte deles. Se fosse pra definir alguma coisa assim que eu sinto por eles seria “independente da dificuldade, a gente sempre dá um jeito”. Pra mim não tem nada melhor do que definir isso como, não sei, irmãos de guerra, irmãos de jogo, não sei, mas é algo desse tipo que eu sinto por eles.
micaO: Só pra complementar, eu acho que esse grupo a gente se destaca no sentido que a gente joga muito em time, a gente não liga de ter que givar um pouco algo individual pelo coletivo, a gente sempre vai pelo coletivo, o ego de ninguém fala mais alto durante o jogo.
Como foi durante uma fase regular apresentar instabilidade bastante notória e nessas semifinais vocês parecem ter se encontrado, encontrado uma maneira de jogar, mesmo com as derrotas para a KaBuM. Como foi o trabalho alinhar esses detalhes para que a INTZ chegue com uma equivalência para o jogo contra PaiN.
Maestro: Então, eu acho que detalhe é uma palavra muito importante nessa pergunta e nessa resposta. Porque o detalhe pode ser a diferença, mas esse detalhe às vezes demora 6 meses pra resolver um detalhe. “Ah, é só melhorar o mid game, é só melhorar o barão” e demora bastante pra poder resolver isso. Então eu acho que se não fosse a determinação e sacrifício de todo mundo pra entender o que a gente errava, entender o que a gente não era bom e poder resolver isso, eu acho que a gente não teria afinado pra semifinal e chegado na final novamente. Eu acho que no fim das contas, na hora que afunila tudo e tá tudo na linha, eu acho que isso que o micaO falou é o mais importante, você deixar seu ego de lado e entender que você quer fazer qualquer coisa pra ganhar, junto das pessoas com quem você joga junto. Então acho que é atenção aos detalhes e principalmente o sacrifício pra entender o que tá errado e o que fazer pra resolver isso.
Essa pergunta é baseada em uma fala de ontem do esA brincando em que ele disse “cara, terminou a entrevista? a gente tá bem cansado”. Vocês jogaram aproximadamente mais de 5 horas. Como está sendo a preparação até pra final, porque não será uma final presencial, e vai ter que ter uma preparação física desses atletas, porque são 5 horas sentados na frente do computador, e vai ser uma final diferente, porque não vai ter presença de torcida. Gostaria que você falasse um pouco desse bastidor, até por conta da pandemia, do afastamento social, do isolamento, como que vai ser essa preparação, exatamente até por vocês terem encarado 5 jogos.
Maestro: A gente vai falar sobre isso hoje e amanhã, a gente vai tomar algumas decisões sobre o que a gente vai fazer, então a gente quer juntar o mais cedo possível, mas antes a gente sempre vai tomar cuidado com a saúde dos atletas, da comissão e da diretoria. Então a gente quer juntar o mais rápido possível, a gente quer preparar um ambiente onde eles podem estar ao mesmo tempo confortáveis mas energizados. Eu particularmente acho que isso sobre o público é muito determinante na final, você ouvir as pessoas gritando, ver o show, ver toda a preparação, você não pensa em mais nada. Então eu acho que a gente vai se esforçar ao máximo no backstage pra que a gente possa jogar junto, talvez no mesmo ambiente, que a gente não tá ainda, e principalmente manter o ambiente energizado, com boas energias, gente mostrando que ta apoiando, que ta torcendo, e concentração total também. Eu não sei te definir ainda 100% do que a gente vai fazer, mas a gente vai conversar sobre isso hoje.
Raphael pelo Cabana do Leitor: Puxando um gancho da última pergunta, falando sobre preparação, mas preparação no quesito mental, porque vocês estão vindo não como favoritos, o favoritismo está com a PaiN, e vocês tem um jogador como o micaO que é um jogador que normalmente quando acontece algo com a INTZ as críticas caem em cima dele, mesmo que em jogo não tenha sido responsabilidade dele. Então como funciona a preparação de vocês no quesito de saúde mental dos atletas de vocês, vocês tem trabalhos com profissionais da saúde, usam psicólogos ou outros profissionais, como vai ser principalmente pra final, que vai ser diferente, como é esse planejamento?
Maestro: Sobre a preparação mental, acho que uma das coisas que eu mais pego com eles, foi uma das primeiras coisas que eu falei com os jovens que tavam entrando agora também, nossos subs, e a gente constantemente repete junto com nosso grupo, é que eles pensem que tudo que importa é a opinião de quem está dentro. O que eu quero dizer com isso é, não ser levado muito positivamente pelo pessoal hypando e nem negativamente pelo pessoal dando trash talk, hateando. Então acho que é muito importante eles se apegarem uns aos outros nesses momentos, e ligar só pra opinião de quem está jogando junto mesmo. Então acho que críticas são válidas, preparação mental de “ó, você pode fazer isso, você não pode fazer aquilo, não tenha medo disso, não dá esse over aqui”, isso só é válido se for de dentro. Então acho que essa questão de caiu hate em cima de um, hate em cima do outro, acho que é natural, é histórico, é do esporte, faz parte do esporte, quando você lida paixão é algo que a paixão e o ódio estão bem do ladinho um do outro, então pra nós profissionais é muito importante que a gente amplie bastante nossa opinião interna um sobre o outro, e a gente se alimente disso. Tanto em uma final grande aqui dentro como lá fora. Lá fora foi muito assim pra gente no MSI também. Então a gente precisa aprender sempre a confiar um nos outros e ir “nós contra o mundo” vamos dizer assim.
micaO: Então, pra falar primeiro em questão individual de crítica, eu acho que basicamente como tem o meme do “fora de posição”, qualquer coisa, qualquer vez que eu morro basicamente vai ser isso, o negócio é saber filtrar, é saber que tudo é inflado por causa disso. Essa série, por exemplo, eu morri pouquíssimas vezes, mas ainda vai ter um comentário “ah, morreu fora de posição”, é algo que sempre vai ser falado por causa de um meme, não é algo que analisam a gameplay e tiram a conclusão, é algo muito superficial por causa do meme, tem que saber filtrar, infelizmente não tem muito o que eu possa fazer, então eu só tento ignorar essas críticas sem base. E sobre jogar o jogo, a md5 pra mim é muito sobre você saber abaixar a emoção, é algo que vale, é tudo ou nada, então é natural que a emoção venha à flor da pele, que você fique muito pensando nisso, mas o que você tem que fazer é em qualquer momento que você fique muito hypado ou muito desanimado você tem que insta voltar pro racional, você tem que ver quais seus erros e você não pode se deixar levar pela emoção. É o que eu tiro de toda a minha experiência de md5.
Aproveitando sobre a fala de favoritismo da PaiN, a PaiN vem de um 3×0 contra vocês na fase de pontos, mas a gente sabe que em md5 as coisas mudam, principalmente na final. Vocês já conseguiram analisar alguma coisa do jogo da PaiN de ontem pensando em como vocês vão trazer essa vitória pra vocês, como vocês vão jogar, como vão por o jogo de vocês pra superar esse favoritismo da PaiN.
micaO: Pra mim eu só foquei na semifinal totalmente, não sei se o Maestro já está com planos maléficos aí.
Maestro: Meu plano maléfico é ganhar (risos) Olha, pra dizer, é mentira se eu falar que a gente não pensou ainda, a gente já comenta, já conversa, principalmente comissão, a gente realmente tenta deixar os jogadores um pouco de fora nesse sentido pra não poluir muito, mas é nosso papel já ir prevendo algumas coisa. Sim, a gente assistiu a série ontem, deu pra ver algumas coisas que eles fazem bem e mal, coisas que a gente pode explorar. E é pensar nesse time, esse time é o boss final, é o monstrão, o chefão, e é complicado, o brTT e o Robo no mesmo time, a gente já sabe como é essa dinâmica deles, os caras são decisivos, eles são bons, crescem em momentos decisivos. Então a gente tem que ser muito sangue frio, jogar com objetividade e jogar junto. Até lá a gente vai desenvolver sim algumas coisas, algumas estratégias que a gente acha específicas pra eles. Pra mim é sempre muito legal me preparar contra esse time, eu acho esse time incrivelmente bom, e eu acho que o meu pode ser tão bom ou melhor. Então pra mim vai ser melhor final, com certeza.
MicaO, em uma coletiva você disse que não gostava de experimentar picks, que era mais tradicional, e hoje você jogou com ziggs. Da onde que veio essa abertura, essa mentalidade de pegar um APC?
micaO: É aquela coisa que eu falei da gente se completar como time. Eu sou muito conservador em questão de pick, mas tá sempre o Maestro e o Tay, a rapaziada toda na real me enchendo o saco pra jogar com coisa nova, então eu meio que eu tento fazer eles não serem loucos demais, e eles me tentam fazer inovar mais, então de tanto eles me encherem o saco eu dei essa inventada de leve aí (riso)
Maestro: Ele ta mentindo também, a gente até enche o saco dele, mas ele que veio com esse conforto, com essa confiança dele no Ziggs, ele tem todo o mérito da ideia do pick e da execução também hoje.
MicaO: Nunca tinha jogado com essa b…..
Maestro: Você ganhou mvp com isso?
MicaO: ganhei, olha que doidera.
Maestro, você já deu entrevista onde você comentou lá no primeiro split que você estava colocando uma filosofia de treino diferente pra INTZ, que acabou não dando certo, vocês tiveram que lutar para não cair, mas vocês chegam agora, você mudou a sua filosofia de treino, você falou que ia tentar uma coisinha diferente, você manteve uma base do time na maioria dos jogos, isso obviamente deu resultado, vocês estão na final do CBLOL, mas eu queria que você comentasse um pouco mais sobre essa sua nova filosofia de treino, o que você puder falar é claro, que tem dado tão certo assim pra INTZ.
Maestro: Então, no início do ano a gente tava tentando alguns métodos meio diferentes, não muito ortodoxos de treino, particularmente acho que não deu muito certo no split né, os resultados não foram legais. Mas eu sou teimoso, mais pra frente talvez eu tente de novo, de maneira um pouco mais organizada. Mas eu acho que a gente deu uma mudada sim, no sentido que a gente ficou um pouco mais conservador nesse split, e ao mesmo tempo a gente tentou como comissão mudar um pouco do foco. Eu nunca tive uma comissão técnica tão ativa, tão pró-ativa como eu tive nesse split, e eu não to falando só das pessoas, estou falando da atitude de cada um também, a gente nunca conversou tanto sobre lol, nunca almoçou e jantou tanto lol como a gente faz hoje. E eu acho que a única coisa que eu mudei um pouco talvez foi tirar um pouco a minha cabeça um pouco dos jogos eletrônicos e ir um pouco pro esporte tradicional. Acho que foi a única coisa assim que eu mudei assim do primeiro pro segundo split, eu comecei a ler livros, ver vídeos e ver outras coisas de outros esportes, franquias e tudo mais, até porque a gente vai entrar nesse modelo em breve, porque eles já tem um pouco mais de experiência que a gente, muito mais anos de experiência que a gente, então eu comecei a pegar algumas coisas que eu achei que era legal de referência e trazer pra eles dentro do nosso treino. Então particularmente foi isso, mas acho que a gente nunca foi tão pró-ativo como comissão, e os jogadores têm respondido muito bem a isso também.
Você falou bastante sobre staff agora, sobre nunca ter tido uma staff tão ativa, e a INTZ foi uma das pioneiras a ingressar ou agregar dentro da sua organização profissionais multidisciplinares, nutricionistas, psicólogos, entre outras competências. Como essas pessoas colaboram pro sucesso e pro aumento de performance do time, quanto é importante ter várias pessoas agregando a rotina de trabalho dos jogadores, a saúde, e enfim, tudo que uma equipe multidisciplinar faz. E pra finalizar, deixa um recado preparando a torcida pra final.
Maestro: Eu acho que no momento que você tira as pessoas de um ambiente comum, e coloca no ambiente competitivo, onde ela faz isso pra viver basicamente, eu acho que o mental é diferente, a preparação física, mental, alimentação tem que ser diferente, porque no fim do dia a gente mira a performance, a performance de resultados, mas ao mesmo tempo que você mira isso, você não alcança a performance dando a melhor comida, o melhor mouse, o melhor teclado, então, existe todo um trabalho de união. Então, eu acho que além da multidisciplinaridade de alguém que pode responder pra você qual é o problema que você tem nas costas, no punho, no dedo, e alguém que possa te ajudar a fazer conversas, como psicólogo por exemplo, a resolver essas coisas, você tem que ter um trabalho de compor um grupo, todo mundo tem que tá junto ao grupo, a gente tem pessoas interessadas desde o começo. A gente não tá em GH agora, mas só pra te dar um exemplo da vivência de quem trabalha na INTZ, a pessoa que faz a comida, a pessoa que faz a limpeza, elas são envolvidas também, elas assistem os jogos, elas perguntam, elas querem o bem estar do atleta, assim como a parte de cima da administração também. Tem gente que nem assiste o jogo, o cara que fica lá no twitter, que faz os posts e tal, todo mundo torce, todo mundo entra junto e participa. Então eu acho sim que tem que abranger outras disciplinas pra cuidar do atleta, não é só dar treino coletivo que vai funcionar, como eu disse, se você pegar algumas referências do esporte, o jogador de basquete não joga basquete o dia inteiro, não é só sobre isso o treino dele, ele tem reuniões, têm meditação, tem alimentação, tem musculação, tem outras coisas, e ao mesmo tempo todo mundo tá na mesma página, todo mundo ser torcedor e trabalhar em prol disso. Então é nisso que eu acredito, pelo menos.
MicaO: Meu recado pra torcida é agradecer todo mundo que confiou, o de sempre, e acho que um a mais, a final é no dia do meu aniversário, se a rapaziada quiser me mandar presente, principalmente no pic pay, tamo aceitando com certeza. (risos)