Discutir representatividade e o papel da mulher em um mercado majoritariamente masculino é o objetivo do painel “Furiosas: Mulheres que chutam bundas”, já tradicional na CCXP, este ano rolou no auditório Prime e reuniu um time de peso para ponderar a questão.
Liderando a mesa estava Anne Caroline Quiangala, editora do blog Preta, Nerd & Burning Hell. Ao lado dela, a ilustradora Cinthia Saty, que entre outros trampos, produziu o desenho “Show da Luna”; Clarice França, editora e ilustradora da Nebulla; Brenda Lima, quadrinista que aborda temas como ansiedade em suas obras; Ana Cardoso, ilustradora e quadrinista, e Rebeca Prado, ilustradora e quadrinista da Maurício de Sousa Produções.
As meninas abriram o bate papo conversando sobre a representatividade feminina em produções que fizeram sucesso ou foram lançadas em 2018. Um nome foi unânime entre todas as participantes: Pantera Negra!
Outro ponto levantado foi a necessidade de termos na cultura pop, não só mulheres, mas mulheres de diferentes orientações sexuais, etnias e culturas. Um exemplo positivo mencionado foi a personagem Susie Putnam, da série original Netflix, Sabrina, que é interpretada por uma atriz não-binária, chamada Lachlan Watson. “Precisamos aceitar que as pessoas são diferentes e merecem representações diferentes”, declarou Rebeca Prado.
Apesar de considerarem que mulheres, de maneira geral, tiveram mais representatividade na cultura pop em 2018 do que em 2017, todas profissionais concordam que ainda há muito a avançar. Rebeca Prado, por exemplo, contou sobre o machismo que enfrenta na profissão de quadrinista. Produtora de obras de comédia, diz já ter escuto “você até que é engraçada para uma mulher” e coisas do tipo. “Uma migalha grande ainda é uma migalha”, falou a respeito das cenas de empoderamento feminino, que ainda são poucas.
Ainda sobre esse ponto, um dos participantes da platéia, fazendo uso de mansplaining (termo que, resumidamente é empregado quando um homem tenta explicar algo a uma mulher de forma mais “clara”), questionou se o empoderamento feminino não estava indo “longe de mais”, também no sentido de mulheres escreveram para mulheres e sobre mulheres.
Entre claro desconforto, as meninas levantaram uma discussão extremamente pertinente: a quantidade de homens protagonizando filmes, séries e HQs, ou ainda, produzindo tudo isso e o material sendo normalmente consumido. “Mulheres também precisam começar a ser protagonistas. Somos as maiores nas universidades, por exemplo”, explicou Brenda Lima. “O que mulheres escrevem não é exclusivamente para mulheres”. Cinthia Saty convidou ainda que mais homens passassem a conhecer trabalhos feitos por mulheres e porque não, pudessem se identificar com as histórias. No final das contas, o recado passado é o da busca por igualdade de oportunidades e de representatividade.
Com um gostinho de “quero mais”, o painel acabou sob pedidos para produção aumentar o tempo das “Furiosas” no ano que vem. Em coro majoritariamente feminino, todo auditório bateu palmas e reivindicou “queremos mais tempo!”.
O fato mostra como nós, mulheres, ainda precisamos lutar por espaço. Mas que estamos chegando! E o melhor, juntas.
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