CEO do Roblox gera revolta ao chamar crise com predadores de “oportunidade”

David Baszucki, CEO do Roblox, define crise com predadores como oportunidade e evita perguntas sobre segurança.

Ed Rezende
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A segurança digital de crianças e adolescentes voltou ao centro de um debate acalorado após declarações controversas de David Baszucki, CEO do Roblox. O executivo classificou a presença de predadores sexuais na plataforma como uma “oportunidade”, termo que gerou choque imediato.

A fala ocorreu durante sua participação no podcast Hard Fork, do New York Times. Baszucki tentava explicar as atualizações de segurança da empresa, sugerindo que o desafio de proteger os usuários impulsiona o desenvolvimento de tecnologias futuras. Para muitos, no entanto, a visão soou insensível diante da gravidade dos riscos.

Roblox

O cenário atual da plataforma exige medidas urgentes. Apenas no último ano, foram registrados mais de 13.316 casos de exploração infantil ligados ao ambiente do jogo. A situação motivou processos judiciais de três estados americanos, além de diversas ações em tribunais federais.

Roblox sob investigação

Pressionada também por legislações mais rígidas da União Europeia, a empresa desenvolveu uma nova inteligência artificial. A ferramenta promete estimar a idade dos usuários através de selfies em vídeo, tentando criar barreiras mais eficientes contra o aliciamento de menores.

Apesar da tecnologia, a postura de Baszucki na entrevista levantou dúvidas sobre as prioridades da empresa. Questionado se as novas medidas seriam suficientes para deter predadores — que historicamente burlam restrições —, o CEO evitou uma resposta concreta e afirmou que “não gostaria de comentar sobre isso”.

Ele preferiu destacar o crescimento da plataforma, que conta com 150 milhões de ativos diários. A tentativa de desviar o foco da segurança para os números de engajamento causou desconforto evidente nos entrevistadores.

Baszucki chegou a questionar, em tom de brincadeira, se aquele não deveria ser um espaço de apoio às inovações da empresa, esperando uma conversa sobre “coisas divertidas”. Essa desconexão entre o discurso corporativo e a realidade perigosa enfrentada por muitas crianças reforça a necessidade de vigilância constante.

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