O Planeta está aparentemente normal, as pessoas vivem as suas vidas pacatas; acordam e começam mais um dia daqueles que trazem a certeza de que a Terra está apenas girando em um ciclo infindável e que a raça humana será eternamente a mesma coisa. Mas naquele dia específico, a humanidade estava prestes a mudar drasticamente, afinal, um dia não pode ser normal quando a China joga uma bomba atômica no próprio território e a Presidente dos EUA constata que o mundo está sendo tomado por algo tão banal e ao mesmo tempo extremamente bizarro, o apocalipse finalmente começara e algo terrível esta por vir.
Todos nós já pensamos em centenas de histórias que poderiam dar o fim que o mundo tanto merece, sempre tentamos encontrar na ficção, na religião, nas profecias e nas antigas civilizações uma mísera prova, um sinal sutil de que o nosso mundo está acabando e de que em breve seremos extintos, e a verdade é que tudo é possível, só que quando imaginamos essas histórias automaticamente coisas malucas e geralmente clichês vem á mente; robôs se voltando contra a raça humana, zumbis, macacos hiper inteligentes, meteoros, juízo final, aliens etc. Enquanto todos seguem praticamente a mesma linha de ideias, o autor buscou destruição e catástrofe em algo muita mais simples, que habita o seu quarto, o vão da sua janela, o jardim do seu quintal: Aranhas.
A Colônia, livro de estreia do americano Ezekiel Bloone é uma história cuja narrativa nos leva a fazer uma viagem por diferentes países paralelamente, cada capítulo nos apresenta histórias, pessoas e cenários diferentes que possuem apenas uma coisa em comum: acontecimentos estranhos estão afetando a ordem das coisas, um fruto da natureza voltou-se contra a nossa raça. Perigo iminente e medo são as primeiras reações, mas logo todos entendem que é preciso lutar para combater algo que está disposto a devorar nossa carne.
“Ela nunca havia entendido o medo de aranhas.
Até aquele momento.
Finalmente, ali estava um motivo para ter medo.”
Além de a história ser interessante por explorar algo diferente, o escritor possui um jeito despojado de escrever, e cria uma intimidade com o leitor expondo os seus pensamentos dentro da história, falando palavrões e em muitas ocasiões questionando os personagens, misturando um pouco das ideias que eles possuem. Outro elemento que marca o livro são as críticas tecidas com muitos ideais em cada capítulo, enquanto a obra é narrada e nos tornamos “espectadores” de nossa própria realidade, o autor discute questões como política, feminismo, manipulação, economia, guerra, mídia, tudo sendo abordado e debatido pelos próprios protagonistas com muita clareza.
Os núcleos são bem desenvolvidos e se encaixam ao mesmo tempo em que as personagens principais são mais exploradas, e o ator vai mais a fundo em suas vidas, ele também desenvolve brevemente histórias aleatórias de pessoas que estão apenas vivendo normalmente, conta algum episódio de suas vidas e nos guia a pensar em qual será os seus destinos após o apocalipse.
Para quem gosta de um bom suspense com toques leves de terror, ficção e misticismo irá se animar com A Colônia, as cenas são fortes e narradas com certa precisão capaz de provocar sensações de nojo e agonia, o que é bom se você é o tipo de leitor que entra no clima e gosta de vivenciar mentalmente o que está sendo lido.
O livro foi publicado pela editora Suma de Letras no Brasil.
Revisado por: Bruna Vieira.