Joanne Rowling é mundialmente conhecia como J.K. Rowling pelo sucesso da série literária Harry Potter, que foi publicada em mais de 60 países e vendeu cerca de 650 milhões de livros. O fenômeno fez dela a série mais vendida da história e rendeu a autora o status de multimilionária, além de vários prêmios literários.
Quem começou a ter contato agora com a biografia dela (o que é meio difícil de acreditar) talvez não saiba que Harry Potter realmente fez magia na vida de “Jo”, como gosta de ser chamada. A série a tirou da pobreza e lhe concedeu uma fortuna de 500 milhões de libras em apenas cinco anos. Entenda como isso aconteceu.
BIOGRAFIA
Joanne nasceu em 31 de julho de 1965 em Yate, na Inglaterra, e foi uma criança que viveu lendo livros infantis – dentre eles O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, sucesso de C. S. Lewis – e escrevendo histórias que compartilhava com sua irmã frequentemente. Não é por acaso que uma das primeiras leitoras de Harry Potter e a Pedra Filosofal foi sua irmã Diane (segundo o filme biográfico de Rowling “Magia Além das Palavras” – 2011).
Todavia sua habilidade para contar histórias ficou em segundo plano durante a adolescência, pois teve que enfrentar a doença da mãe e suportar a relação conflituosa com o pai (com quem não tem falado ultimamente e sequer gosta de entrar em detalhes a respeito). A autora considerou esse período como infeliz e revelou que Hermione Granger foi baseada na própria vivência aos 11 anos.
Sua vida acadêmica lhe presenteou com o melhor amigo Sean Harris no Ensino Médio e o título de bacharel de artes em Francês e Estudos Clássicos na Universidade de Exeter, uma vez que não foi aceita em Oxford, onde prestou exames em 1982.
Apesar de diplomada, Jo mudava constantemente de varinha quando o assunto era emprego, pois não se identificava com eles; entretanto o anúncio do The Guardian fez Rowling se dirigir a Portugal para ensinar Inglês como língua estrangeira. Foi neste país que ela conheceu o telejornalista Jorge Arantes e com ele teve sua primeira filha, Jessica Isabel Rowling Arantes. Eles se casaram em 1992 e se separaram em 1993, pois seu relacionamento com o marido era conturbado.
Deixando Arantes e retornando à Inglaterra com sua filha, Rowling definiu sua situação financeira como “mais pobre possível que se pode ficar na Grã-Bretanha moderna, só que eu tinha um lar”. Ela se considerava um fracasso por estar desempregada após sete anos de formada e pelo insucesso de seu casamento; foi diagnosticada com depressão e admitiu que havia pensando em suicídio. Durante esse período negro, Rowling aproveitou para se concentrar na escrita e se inspirou na própria experiência para criar os Dementadores.
Quem avalia J. K. Rowling hoje em dia não imagina que a bem-sucedida escritora chegou a pensar em suicídio.
Os momentos difíceis que a autora enfrentou em sua vida a aproximou de vários movimentos filantrópicos, principalmente através de doações generosas às organizações com trabalho anti-pobreza e bem-estar infantil; também apoiou clínicas e pesquisas sobre esclerose múltipla, doença que levou sua mãe a óbito. E junto da baronesa Emma Nicholson, membro do Parlamento Europeu em 2005, criou o projeto Lumos.
Durante todo esse período conturbado de sua vida, Rowling já vinha escrevendo sua aclamada série nos momentos que conseguia.
A MAGIA DA PALAVRA
Harry Potter “simplesmente apareceu” na mente da autora em 1990 quando ela retornava de uma entrevista de emprego de Manchester para Londres (qual ela revela no filme “Magia Além das Palavras” que não tinha ido bem). Assim que chegou em casa, começou a trabalhar na ideia imediatamente. Contudo a morte de sua mãe, Anne, no mesmo ano interrompeu seu processo criativo. Ela vinha lutando contra a esclerose múltipla há dez anos.
O falecimento de Anne, a quem Jo era muito devotada, impactou sua escrita fazendo ela se conectar emocionalmente com o protagonista Harry, uma vez que ele também perdera os pais. Sua mãe jamais soube que ela estava escrevendo o livro.
Finalmente em 1995 o manuscrito de Harry Potter e a Pedra Filosofal foi finalizado e representado pela Christopher Little Literary Agency. A agência mostrou o livro para 12 editoras e todas elas o recusaram. Somente um ano depois, Harry Potter foi aceito pela Bloomsbury devido à exigência de Alice Newton, a filha de oito anos do presidente da empresa, que havia lido o volume e pedido a sequência.
Harry Potter foi publicado em 1997 com impressão mínima de mil cópias e desbancou a “profecia” de Barry Cunningham, editor da Bloomsbury, de que livros infantis não costumam vender muito. Em 1998, a compra dos direitos de publicação pela Scholastic Inc. por US$ 105.000 consagrou a obra de Rowling. Ela “quase morreu” quando soube.
A partir deste momento a vida da autora começou a mudar drasticamente. O Prisioneiro de Azkaban foi o primeiro livro a quebrar todos os recordes ao vender cerca de 3 milhões de exemplares nos Estados Unidos nas primeiras 48h de lançamento. Depois O Enigma do Príncipe superou a marca vendendo 9 milhões de cópias em apenas 24h e, mais tarde, As Relíquias da Morte venceu todos os livros antecessores ao vender 11 milhões de volumes simultaneamente no Reino Unido e nos EUA.
Os três primeiros livros da série ganharam consecutivamente o prêmio Nestlé Smarties Book Prizes, consagrando-a como a primeira pessoa a conquistá-lo três vezes seguidas. Em virtude disso, Rowling retirou O Cálice de Fogo da disputa para que outros livros tivessem oportunidade de ganhar o prêmio.
Junto ao fenômeno literário de vendas, a Warner Bros comprou os direitos para o cinema, também em 1998, com um valor especulado em milhões de dólares, mas os oito títulos renderam à produtora aproximadamente US$ 8 bilhões em bilheteria.
Uma das exigências de J. K. Rowling feita a Warner era que todo o elenco fosse britânico, o que a produtora atendeu.
Além de Harry Potter, Rowling escreveu Morte Súbita (2012) para o público adulto e através do pseudônimo Robert Galbraith produziu O Chamado do Cuco (2013), O Bicho-da-Seda (2014) e Vocação Para o Mal (2015).
INFLUÊNCIA, INSPIRAÇÃO E HOMENAGENS
A autora revelou em O, The Oprah Magazine que sua escritora favorita é Jane Austen, destacando o livro Emma .Em sua infância, as primeiras influências foram C. S. Lewis (O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa), Elizabeth Goudge (O Cavalinho Branco) e Paul Gallico (Manxmouse). Durante a adolescência também leu as obras de Tolkien.
A vida de Jo está muito presente em Harry Potter através dos personagens e detalhes do enredo.
Hermione Granger: inspirada em si mesma quando tinha 11 anos.
Ronald Weasley: inspirando em seu melhor amigo Sean Harris.
O carro voador dos Weasley: inspiração no carro Ford Anglia turquesa de Sean Harris.
Alvo Dumbledore: inspiração em Alfred Dunn, diretor do colégio St. Michael’s.
Estação de King’s Cross: seus pais se conheceram em um trem desta plataforma.
“K” de Kathleen: A Bloomsbury achava que os garotos não leriam uma história escrita por uma mulher, portanto pediu que Jo mudasse seu nome de “Joanne Rowling” colocando duas letras iniciais; o problema era que ela não tinha nome do meio, portanto escolheu a letra “K” em homenagem a sua vó paterna Kathleen.
Dementadores: período em que Jo ficou com depressão e sentia sua alma sugada.
Rita Skeeter: havia uma especulação em torno desta personagem devido ao relacionamento tenso de Rowling com a imprensa e que por isso ela a criou como uma jornalista fofoqueira e sem escrúpulos, mas a autora desmentiu os boatos ao revelar que Rita Skeeter fora escrita antes de ser famosa.
Harry Potter estabeleceu o sucesso de J. K. Rowling como uma das escritoras mais ricas do mundo e foi transformado em uma marca global que representa hoje cerca de 15 bilhões de dólares, mas começou lá atrás concedendo à autora uma bagatela de 1.500 libras após 12 recusas.