Durante a coletiva de imprensa no Rio, Danilo Gentili fez questão de pedir que o filme fosse reprovado pela crítica, ok, entendemos o recado, mas não deu, o filme é bom mesmo.
Com o mérito de ser considerado o melhor filme brasileiro cômico dos últimos tempos, “Como se tornar o pior aluno da escola”, é uma comédia nostálgica, que conta a história de dois pré-adolescentes de classe média e sua rotina, aparentemente, normal no ensino médio, uma trama parecida com a dos colegiais Hollywoodianos.
O filme é baseado no livro de Danilo Gentili, lançado em 2009. No livro é ensinado um curso intensivo de como se tornar um estudante modelo nota Zero. O longa exibe o drama de um adolescente, que segue as regras tradicionais de um ambiente escolar, guiado pelos padrões ditados pela sociedade. Após passar por momentos de frustrações e questionamentos, o personagem repensa o tipo de vida que gostaria de ter e traz à memória, no primeiro momento, o exemplo do pai; que estudou, se qualificou, foi bem sucedido, mas não foi lembrado após sua morte. Passado essa reflexão épica, o adolescente encontra no banheiro da escola uma caixa com um caderno que possui dicas inusitadas de “como tocar o terror na escola, sem ser notado”. A partir de então começa a saga para mudar radicalmente sua personalidade, na busca por se tornar o pior aluno da escola.
Os jovens atores Bruno Munhoz e Daniel Pimental, que interpretaram os estudantes Bernardo e Pedro, mostram a típica realidade de dois pré-adolescentes nos dias atuais, os diversos conflitos e dilemas divididos entre manter boas notas e ter bom comportamento, e a imposição da sociedade e dos pais por ter sempre que vestir a bandeira do aluno nota dez.
Fabricio Bittar estreia na direção e traz uma comédia com várias doses de humor, desde as típicas piadas prontas conhecidas na escola, as que fazem você pensar, umas que não são tão importantes e outras que observam o assunto sério em conjunto com o humor. Danilo Gentili (que interpreta o pior aluno), não deixa nem um pouco a desejar e conduz muito bem o seu papel de forma autêntica, claro, em quase todos os momentos, sua característica é percebida no personagem.
Há muitas sacadas surpresas na história, que prendem o telespectador, como atuação de Roberto Carlos Vilagrán, o lendário Quico do seriado chaves, na pele do diretor Ademar, ele arrisca um portunhol “bem elaborado” e, em algumas momentos, empresta as mirabolantes frases de QUICO às cenas.
Não podemos esquecer, em momento algum, de dar destaque a Moacyr Franco, o ícone da comédia brasileira, que rouba ótimas risadas e que, infelizmente, teve poucas aparições juntamente com Joana Fomm, seus papeis, por sinal, foram muito bem representados.
A bela atuação e a sintonia dos adolescentes que vivem os personagens principais merecem ser comentados. Os meninos estudantes que se aventuram no longa, não ficam para trás e arrancam boas risadas, tanto quanto os veteranos. O filme apresenta excelente fotografia, figurino, edição e maquiagem.
Em conjunto, uma trilha sonora que te faz querer ver do que se trata a história ao ser narrada pelo protagonista. O longa passa longe de uma temática adolescente na busca por sexo tanto que a proposta principal é fugir da chatice, procurar pela diversão e desconstruir o politicamente correto. Polêmicas como a forma de abordar o bullying é visível em diversas cenas corriqueiras do filme.