A Pixar acerta em cheio mais uma vez e cria uma animação à altura dos sucessos de “Toy Story” (1995), “Viva – A Vida é uma Festa” (2017) e o próprio longa de “Divertida Mente” (2015). Na sequência, “Divertida Mente 2“, há mais um momento de autodescoberta, não só para Riley, mas também para próprios sentimentos, que evoluem juntamente com ela. Agora, entrando na adolescência, novas emoções surgem e as antigas ganham profundidade e multifacetas.
No primeiro filme, já se destacava que a vida não é feita apenas de momentos constantes de alegria. Evidencia que todas as emoções são necessárias para o desenvolvimento e a formação da identidade de cada ser, tornando-o único.
Seguindo essa reflexão, a famosa e clichê frase de que a vida é como uma montanha-russa de emoções torna-se realidade de forma esplêndida em “Divertida Mente 2“. O filme é um acalento, um abraço quentinho na criança interior de cada um, sempre nervosa com as novas aventuras que a vida reserva.
A grande identificação do público é inegável e um ponto forte do filme que representa bem tudo o que é: um misto de sentimentos, literalmente. Apesar de ser uma animação infantil, atinge os adultos de maneira nostálgica, fazendo-os voltar no tempo e se ver refletidos na protagonista Riley, que tenta se encaixar em uma nova realidade.
O longa reforça a mensagem poderosa do original: que nenhuma emoção é absoluta, e acrescenta que, ao explorar o perigo de concentrar o poder em um único sentimento, ele traz a reflexão sobre as complexidades do mundo emocional humano e os desafios de encontrar equilíbrio.
A narrativa segue um caminho familiar ao primeiro filme, com as emoções sendo “expulsas” da sala de controle e tentando encontrar uma maneira de voltar, acessando caminhos pela mente de Riley.
Divertida Mente 2 revisita lugares apresentados antes, mas com algumas modificações. No geral, a fórmula é a mesma que funcionou bem no primeiro filme. O preciosismo, na verdade, está em como a Pixar consegue, de forma didática e criativa, abordar um assunto tão profundo como as emoções.
Na animação também são explorados com maestria a forma como os sentimentos, ao mesmo tempo que podem causar uma confusão mental, também podem ser responsáveis por proporcionar memórias e experiências únicas.
Nessa sequência, um novo mundo é descoberto através dos olhos de Riley, durante a adolescência. É um momento de questionar a existência, de sentir-se pertencente a algo, onde as emoções se afloram e muitas vezes definem uma nova personalidade.
Nessa nova fase, novas emoções são apresentadas: ansiedade, tédio, vergonha e inveja, que até então eram vistas como maléficas, pois acreditava-se que a alegria deveria ser constante, e que momentos sinuosos eram ruins.
Porém, ao longo da história, a beleza da vida é revelada: a tristeza pode vir como nostalgia de lembranças alegres, boas ideias podem surgir em momentos de tédio, o medo pode emergir em uma nova aventura, e a raiva pode motivar a superar obstáculos.
A vergonha pode ensinar a conhecer os limites, o nojo pode te salvar de algo ruim, a ansiedade ajuda a ampliar a concentração e motivação para alcançar os objetivos almejados e a inveja pode ser um estímulo para novas mudanças. Nenhuma emoção, sozinha, é 100% benéfica, mas todas juntas, em equilíbrio, fazem experimentar o melhor da vida: sentir, existir, viver.
Além de toda essa reflexão sobre abraçar todos os sentimentos que existem dentro de si, o filme também certamente arrancará muitas risadas do público brasileiro com a dublagem e a linguagem utilizada no longa. Com muitas expressões populares conhecidas e usadas no cotidiano, que dão um toque de humor descolado, atual e divertido no diálogo.
Sem dúvidas, “Divertida Mente 2” vale a pena ser assistido, seja sozinho, com a família ou com amigos. É um filme que promete tocar corações e gerar reflexões, proporcionando uma experiência inesquecível. O filme estreia nesta quinta-feira (20) nos cinemas brasileiro.