O segundo ano de 3% chega na Netflix no final desse mês, com mais episódios, novos personagens e uma premissa duvidosa.
A primeira temporada da série de ficção cientifica brasileira gira em torno de um grupo de jovens que precisam passar por um processo para ter uma vida melhor. A sociedade dividida entre pobreza e luxo, vê como única esperança de uma vida melhor o tal do processo que os leva ao Maralto. Nessa nova temporada, a obra irá explorar as consequências do resultado de cada um. Tal como os fantasmas que foram despertados após essa famigerada prova.
A ideia inicial apresentada pelo trailer não é das mais impressionantes. “A causa” roubou um elemento químico do Maralto e pretende o usar num plano para destruir o processo e a falácia utópica por trás dele. E com propriedade digo: essa premissa não é o ponto mais envolvente do novo ano.
A série consegue expandir seu universo com uma ambientação de cenários muito boa. As locações que deram vida ao “Maralto” e ao “Continente” conseguem ser visualmente muito distintas, mas ao mesmo tempo, de uma realidade de desigualdade tão próxima. E essa expansão de universo não se resume meramente a esse panorama, 3% nos leva para outras épocas dessa sociedade e torna sua “mitologia” mais intrigante.
As relações interpessoais são realmente envolventes, a série consegue prender os expectadores pelas ambições de seus personagens e toda a teia que junta uns aos outros. Sendo para mim, tais relações, o ponto alto dessa continuação. As atuações pecam em algumas cenas, que são entregues de forma exagerada. Entretanto, a preocupação na criação e no aprimoramento dos personagens, que eram em partes superficiais e robóticos no primeiro ano, traz para essa história, à primeira vista simples, uma certa cativação e profundidade.
O roteiro apesar de brincar com o telespectador propositalmente, às vezes duvida para onde de fato quer ir, embolando-se em alguns momentos. Mas a jornada dos personagens é sim muito satisfatória. Assim, acaba rendendo tensão, revelando segredos do passado e causando mortes surpreendentes.
A série ainda carrega muitas referências ao piloto original, que com certeza irá agradar os fãs atentos e de longa data.
O final poderia ser mais provocador, atraente, mas fecha de forma coerente todo enredo que foi construído até ali. Podendo, ou não, ter uma continuação. Dessa forma, 3% retorna para Netflix; numa narrativa de simples, porém enriquecida pelos vínculos e anseios de seus personagens, desde os antigos aos novos.
O elenco da série conta com Bianca Comparato, João Miguel, Vaneza Oliveira, Michel Gomes e Rodolfo Valente. Também integrando nesse novo ano, temos: Laila Garin, Cynthia Senek, Bruno Fagundes e Samuel de Assis; Além das participações de Fernanda Vasconcellos, Maria-Flor e Sílvio Guindane.
Criada por Pedro Aguilera, a segunda temporada de 3% estará disponível na plataforma de streaming a partir do dia 27 de Abril.