Yorgos Lanthimos conseguiu sair do patamar de diretor de cinema cult e abrir as portas para o grande público com A Favorita. Apesar da indicação de Melhor Roteiro Original, em 2017, com The Lobster, confessemos, Yorgo Lanthimos não é diretor para qualquer público.
Mais uma vez vemos as atrizes Olivia Colmam e Rachel Weisz trabalhando novamente com o diretor.
A Favorita é uma obra de arte. A produção, direção de arte, figurino, fotografia, atores, trilha sonora, takes usando lente Olho de Peixe, poucos cortes, o diretor usa muito o plano sequência e, muitas vezes, take usando o plano contra-plongée, quando os personagens são filmados de baixo pra cima. A trilha sonora é parte importante no filme. Ela ajuda o expectador a entrar na cena. Por ser dividido em atos, com nomes nada poéticos, como, Essa Lama Fede, mais todos os pontos técnicos já mencionados, em grande parte do filme tive a sensação de estar no teatro.
O filme trata de amor, poder, política (em segundo plano), ambição, perdas, delírios, prazer e dor. E dentro desse contexto temos a rainha Anne interpretada brilhantemente por Olivia Colmam – O Oscar já é dela. Lady Sarah, sua amiga de infância, atual gestora do castelo, vivida por Rachel Weizs e Abigail (Emma Stone), prima falida de Lady Sarah que, após uma vida de privilégios, passa viver à margem da sociedade por conta de um pai viciado em jogos.
A trama se desenvolve bem, como muitos pontos de humor negro e personagens beirando a caricatura e o ridículo – a cena de dança entre Lady Sarah e Mashman, vivido por Joe Alwyn é até bem moderninha, mas de uma maneira mágica, fluida e cadenciada, toda essa ode ao exagero e à decadência se torna belo e contemplativo.
Gostaria de dizer aqui o quanto fiquei satisfeita e mais admirada com o trabalho de Nicholas Hoult, quem o já viu atuando em outros filmes além de X-Men, sabe que ele é um ator e tanto. Caso não conheçam, fica aqui a dica. O papel de Nicholas é de um opositor à guerra no Parlamento que tenta mudar a opinião da rainha sobre o assunto, pedindo a ajuda de Abigail. Em contra ponto tempo Lady Sarah, apoiadora da guerra e não só a gestora do palácio, mas do Estado de certa maneira.
E assim se faz o plano de fundo de A Favorita. A rainha Anne é o ponto focal de toda essa história. É, sem dúvida, o ponto alto na carreira de Olivia Colmam, excelente, repito, excelente atriz britânica. Ela conseguiu me passar todo o background da rainha. E essa boa construção se dá pelos excelentes roteiros, diálogos, edição e direção.
Vale a ida ao cinema. Foram duas horas de filmes onde eu consegui experienciar o humor, a tensão, o carinho, o esplendoroso, o marginalizado, enfim… A Favorita é o tipo de filme que eu classifico como “Bonito de Se Ver”. Impecável e detalhista.
O final, bem… não me levantou nenhum questionamento mas imediatante me veio uma frase do personagem Dream de Sandman:
“O preço que se paga para conseguir o que se quer, é conseguir o que se queria.”