Desde sua estreia no cenário live-action em The Mandalorian, Ahsoka Tano marcou um ponto crucial para o futuro do universo Star Wars. A personagem, já querida pelos fãs de longa data que acompanhavam as animações Clone Wars e Rebels, ganhou nova relevância ao ser representada no mundo real, sinalizando seu papel vital na saga.
A confirmação de sua própria série – produzida pelo seu criador, Dave Filoni – reforçou esse destaque. Agora, passado a primeira temporada de Ahsoka, é fácil dizer que essa importância fica ainda mais evidente.
Mais que isso… a produção nos brinda com um vislumbre do vasto potencial que o universo Star Wars ainda tem a oferecer ao público, além de apresentar momentos emocionantes que tocam o coração dos fãs de longa data.
A trama se localiza após a queda do Império (e na mesma linha de tempo de The Mandalorian), acompanhando os passos da ex-Jedi em sua busca de rastros do temível Grande Almirante Thrawn (Lars Mikkelsen) e, consequentemente, de seu amigo Ezra Bridger (Eman Esfandi).
Os primeiros episódios servem como uma introdução mais cadenciada, em comparação com a dinâmica posterior da temporada. Eles abordam essencialmente as mesmas informações, com uma virada significativa ocorrendo no quarto episódio.
É fascinante observar a evolução da relação mestre e padawan entre Ahsoka Tano (mais uma vez interpretada por Rosario Dawson) e Sabine Wren (Natasha Liu Bordizzo, de Crouching Tiger, Hidden Dragon: Sword of Destiny). Vale destacar a atuação de Dawson ao longo da temporada, capturando a essência da personagem conhecida das animações. Além disso, testemunhamos a guerreira reconciliando-se com eventos do passado.
Em termos de personagens, não há muitas adições novas pois a maioria dos rostos já são familiares aos fãs da saga, especialmente das animações… Mas vê-los em suas versões live-action, mesmo que brevemente, empolga demais.
Outro aspecto positivo é a presença marcante do Grande Almirante Thrawn na história, que representa a missão central de Ahsoka na temporada: encontrá-lo e impedir a sua insurgência. Mesmo não aparecendo muito, o personagem carrega o espírito ameaçador visto anteriormente e Mikkelsen repete o excelente trabalho visto na animação (sim, o ator fez a voz do vilão em Rebels).
Não podemos deixar de mencionar o notável desempenho de Ray Stevenson (falecido recentemente) como Baylan Skoll, que deve ter mais espaço numa inevitável segunda temporada. O ator entregou uma atuação fenomenal e é uma pena que ele não tenha tido a oportunidade de ver o resultado de seu trabalho.
Claro que nada é perfeito e, em algumas cenas, os efeitos especiais podem incomodar, mas no geral estão acima da média das recentes produções da Disney. A fotografia dos episódios também é muito bonita e de alta qualidade, mesmo quando fica meio perceptível a escala limitada de algumas cenas – lembrando que a produção utilizou massivamente a tecnologia The Volume, uma espécie de palco que foi quase completamente envolto em telas digitais e que foi usada em séries como The Mandalorian e filmes como Thor: Amor e Trovão.
A série entrega um vasto conteúdo para os fãs, tanto os de Clone Wars quanto os de Rebels. E por que não mencionar os fãs de Anakin Skywalker? Já sabíamos que Hayden Christensen apareceria na série, mas nada dizia que o personagem desempenharia um papel significativo ao longo dos episódios. Sua presença é um elemento crucial para o desenvolvimento de sua antiga padawan.
Uma das cenas mais impactantes é quando vemos Anakin em meio às Guerras Clônicas, com a imagem do cavaleiro Jedi se mesclando a de Darth Vader. Essa sequência foi marcante, tanto visualmente quanto emocionalmente.
Outra escolha acertada foi a transição da cena em que Ahsoka cai no mar – que ocorre no quarto episódio da série – para ela deitada no Mundo entre Mundos. Singela e poética, a cena serve como uma virada na trama e nos prepara para o que viria a seguir… é incrível.
Para as pessoas que assistiram (ou querem ver) Ahsoka sem ter visto as animações já citadas aqui, é recomendável dar uma chance a essas produções. Embora não seja obrigatório, acaba fazendo mais sentido apreciar esta série se os expectadores as conhecerem.
No final das contas, a produção é excepcional e traz de volta a magia do universo criado por George Lucas. E mais: Filoni, além de realizar com maestria uma temporada live-action da personagem que ele mesmo concebeu para as animações, comprova que Star Wars pode sim ser divertido e empolgante nos dias atuais – basta querer ser e saber fazer.