Desde que a Disney descobriu o enorme potencial lucrativo por trás de remakes de filmes clássicos em forma de live action, a lista de produções desse tipo não para. Cinderela, Mogli – O Menino Lobo e A Bela e a Fera foram apenas o início dessa onda, e agora “Aladdin” entra na lista.
É preciso ter em mente que, por mais apegado que sejamos às versões originais desses filmes que acompanharam a nossa infância, o live action nunca será uma representação fiel da animação por motivos óbvios. Contudo, independente disso, não há mal nenhum em abrir espaço para o que é novo, afinal, adaptações são necessárias.
Dirigido por Guy Ritchie (Sherlock Holmes e Rei Arthur), “Aladdin” conta a história do jovem morador de Agrabah, que, órfão de pai e mãe, precisou aprender a se virar sozinho desde cedo. Interpretado pelo ator canadense Mena Massoud, Aladdin e o macaco Abu, seu fiel companheiro, levam uma vida bastante humilde na vila, até que um encontro inesperado com a princesa Jasmine (Naomi Scott) muda completamente a rotina do rapaz.
Encantando, Aladdin faz de tudo para passar mais tempo com a princesa, mesmo que essa não tenha sua identidade revelada inicialmente, e acaba invadindo o castelo para isso. No meio dessa invasão, eis que surge o vilão Jafar, interpretado por Marwan Kenzari e grão-vizir do Sultão (Navid Negahban). Como todo bom vilão, Jafar apresenta uma enorme ganância por poder e está atrás de um homem que consiga lhe entregar um artefato mágico – a famosa lâmpada – e é aí que a história começa a ficar mais movimentada, mas vocês já sabiam disso.
Toda a história claramente se volta para a relação de Aladdin, o escolhido para encontrar a tal lâmpada, e o gênio que nela reside e que é capaz de conceder três desejos a quem esfregar o objeto. A música “Nothing Like a Friend” é o gancho que dá início a essa parceria entre os dois, e só com essa apresentação é possível notar que a produção desse filme não poupou esforços para entregar algo “à altura”. Contagiante, a vontade é de entrar na tela do cinema e fazer parte do espetáculo. Daí por diante, conforme a história vai se desenvolvendo e com algumas mudanças à parte, é um live action que conquista de maneira bastante carismática.
A verdade é que a escolha do elenco realmente foi um grande acerto se pensarmos nos protagonistas e no elenco coadjuvante. Por outro lado, Jafar não corresponde nem um pouco às expectativas do vilão que conhecemos da animação. Muito pelo contrário, ele passa até um pouco despercebido se comparado à atuação dos outros personagens no geral. Sem o carisma que se espera, parece que Marwan Kenzari não se encontrou tanto assim no papel. Se não fosse pelo papagaio Iago com tiradas bem pontuais, talvez o antagonista nem seria tão marcante, o que é um pouco decepcionante.
Mas falemos de coisas boas: sem sombra de dúvidas uma das cenas mais esperadas é a de Aladdin junto a Jasmine no tapete mágico, interpretando a canção “A Whole New World”, e sinceramente: nenhum defeito. A canção, que é cantada originalmente por Lea Salonga e Brad Kane, é uma grata surpresa. Talvez alguns estranhem no início por não se tratar das mesmas vozes que acompanharam nossa infância, mas é uma belíssima versão e com altas chances de emocionar os fãs (sim, não vou negar que algumas lágrimas rolaram nessa hora).
Além do que, uma coisa é certa: por mais que os protagonistas da história sejam o jovem Aladdin e a princesa Jasmine, o gênio da lâmpada – assim como na versão original – tem papel de destaque e Will Smith não deixa nem um pouco a desejar. Mesmo que tal escolha tenha sido alvo de críticas e rejeição, o diretor Guy Ritchie, em entrevista ao jornal The Irish Times, declarou: “Acredito que quando verem o gênio com todo seu esplendor, todos ficarão consolados.” E ele está mais do que certo, porque definitivamente foi uma ótima decisão para a trama.
Para os saudosistas que se prendem à figura de Robin Williams: let it go, nem que seja só um pouquinho. Claro que ninguém vai substituir o lendário ator que deu a voz ao personagem no filme de 1992, mas é inegável que Will Smith desempenha um ótimo papel como gênio – e muitas vezes acaba roubando a cena, por sinal. Além dele, o papagaio de Jafar, Iago (dublado por Alan Tudyik), o macaco Abu e até mesmo o tapete mágico são personagens que cativam.
Para quem não sabe muito bem o que esperar no meio de tantas críticas e da questão expectativa x realidade que gira em torno de qualquer remake, “Aladdin” surpreende de uma forma incrivelmente positiva. É divertido, leve e, por mais que carregue uma mudança ou outra no roteiro (que se faz necessária), a história consegue prender e emocionar o público na medida certa. Talvez até mesmo os mais apaixonados pela versão original deem o braço a torcer, porque é praticamente impossível sair da sessão sem um sorriso no rosto e a sensação de que “a missão foi cumprida”.