Apesar de ter ido com as expectativas bem abaixo, não apenas eu, mas boa parte dos que compareceram a pré-estreia de Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa realizada pela Warner Bros. Brasil, Espaço /Z em parceria com os sites Nível Épico, Coxinha Nerd e Woo Magazine, o filme cumpre o que promete.
Talvez o melhor termo para definir Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa seja a ideia de que apesar de beber da fonte, o filme conseguiu ser aquilo que Esquadrão Suicida não conseguiu ser. O filme conta uma historia a partir da visão da personagem Arlequina. Por isso vemos uma Gotham mais colorida, quando temos o plano somente que o vilão do filme aparece, o Máscara Negra, a fotografia fica mais escura.
Algumas cenas, apesar de quererem mostrar como a visão da realidade da personagem é distorcida, eu julguei como desnecessárias, apesar de serem um tanto divertidas. Quem crítica o filme baseado no ponto de que ele é girl power, fala de machismo, estupro e assédio talvez nunca tenha lido sequer uma HQ da DC Comics nestes novos tempos. Talvez tenha esquecido que a Vertigo faz parte da DC, e que publicou Preacher, que deixaria qualquer conservador de cabelo em pé e pedindo sua censura no STF.
Violência, uma cena de quase estupro, assédio, abuso sexual, assédio moral e machismo estão presentes em todo o filme, esse filme não recomendável para macho frágil que não aguenta ver machista e estuprador apanhando porque gostariam de levar pra casa e nem aquele que não aguenta ver mulher metendo a porrada em machista, o que basicamente a DC em boa parte da vida fez na hora de contar historia de mulheres fortes.
Destaque para a trilha sonora perfeita que virou uma personagem importante do filme, fotografia colorida de Gotahm e também sombria nos momentos certos como já disse mais cima. Um dos melhores pontos de Aves de Rapina é a construção das personagens, diferente do “Vamos ser amigos” com menos 10 minutos de filme de Esquadrão Suicida, Aves de Rapina soube construir bem a ligação entre todas as personagens.
Destaque obvio para a interpretação de Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead como Caçadora esta sensacional, Jurnee Smollett-Bell como Canário Negro esta maravilhosa, com direito a cena clássica da personagem e Rosie Perez como a policial Montoya esta fabulosa. Detalhe importante, o filme deixa claro que Arlequina não faz parte do grupo Aves de Rapina.
O roteiro é louco, porque a Arlequina é a narradora da historia, ou seja, ele nem poderia contar uma historia linear como o que acontece mesmo no filme. O roteiro conta a historia da formação de Aves de Rapina sob a perspectiva da Arlequina, e a emancipação de todas as outras personagens para que eles formassem o bonde girl power de Gotham. Ewan McGregor como Máscara Negra também deixa claro sua homosexualidade e o seu relacionamento amoroso com seu capanga Victor Zsasz, que inclusive marca, como nos quadrinhos, no seu corpo para cada vitima que ele faz. Ambos quando aparecem enchem a tela de talento.
A diretora Cathy Yan conseguiu pegar o roteiro e dar a ele vida além de um filme girl power como também recheado de fan service, a direção de arte também merece palmas, arrisco que a Warner poderia mandar para a pré-lista do Oscar pelo menos neste quesito técnico.
Aves de Rapina é um Deadpool sendo que protagonizado por mulheres, pedir para que este filme atenda requisitos técnicos além de proporcionar uma boa diversão é ser hipócrita e injusto, como boa parte da crítica sempre foi com a DC Comics.