Chega à conclusão a minissérie “A Corte das Corujas”, que iniciou na mensal Batman #1 (novembro de 2011), ganhando um encadernado em maio de 2012.
Este segundo encadernado intitulado “A Noite das Corujas” traz as partes da conclusão que transcorreram nas edições Batman #8 a #11 (junho a setembro de 2012), além de suas repercussões em Batman #12 (outubro de 2012) e Batman Annual #1 (julho de 2012).
Nessa segunda parte, Batman sofre ainda com o que enfrentara na Corte das Corujas, mas a mansão é atacada pelos Garras. Além de enfrentá-los, Batman ainda precisa salvar as pessoas de uma lista de futuros assassinatos das Corujas – contando com a ajuda de sua “família” –, desmascarar a Corte e enfrentar um novo Garra, muito superior aos outros e que traz uma surpresa para a vida de Bruce.
Na segunda história, conhecemos o pai de Alfred, Jarvis Pennyworth, que era mordomo da família Wayne antes dele e terminou tendo de encarar as consequências de Martha Wayne desafiar a Corte das Corujas. Já na terceira, nos encontramos novamente com a jovem Harper Row, que após ela e o irmão serem salvos pelo Batman, decide que precisa retribuir o favor.
Na última história, vemos Victor Fries fugindo da prisão. Após descobrir que sua fórmula foi usada com sucesso pela Corte das Corujas, decide que irá usá-la em sua esposa, mas uma surpresa o espera.
Bem, eu preferi não fazer uma resenha sobre o primeiro volume, pois sei que muitos não gostariam do que eu iria escrever, ainda mais se for para criticar Scott Snyder.
Antes de começar a falar sobre as histórias eu quero dizer que adoro “Vampiro Americano” e a minissérie “O Despertar”. Vejo nesses trabalhos de Snyder uma grande dedicação e um empenho enorme de contar histórias maravilhosas. Suas personagens femininas Têm uma força sem igual e não ficam a dever a nenhum personagem masculino, pelo contrário, podem até se sair melhor do que eles. Dito isso, eu falo agora que não gosto do Batman desenvolvido por Snyder.
Entendam, eu cresci sendo fã do Batman e sempre o vi como um personagem forte e decidido. Ele usa sistemas tecnológicos, mas não depende deles para agir, pelo contrário, ele depende de sua mente e é isso que o torna o maior detetive do Universo DC. Não que ele saiba tudo, mas sempre busca estar um passo a frente do seu adversário e para vencê-lo você precisa submetê-lo ao pior, como ocorreu em “A Queda do Morcego”, onde ele precisa enfrentar sozinho a fuga do Arkham e de Blackgate, além de encarar um homem que descobre sua identidade e pode destruir sua vida e a de seus parceiros.
Quando comecei a ler “A Corte das Corujas”, logo de cara me fez falta o Batman decidido que eu estava acostumado. Esse novo Batman (sim, ele é novo!) parece menos confiante e mais dependente da tecnologia a sua volta. Algumas coisas que cheguei a ler sobre esse começo de Novos 52 dizia que já tinha mais de cinco anos que o Batman estava em ação, tanto que ele já havia tido dois pupilos (Dick e Jason haviam sido Robin), um seguidor – Timothy, nessa nova realidade, nunca fora um Robin – e agora seu filho era o Robin. Isso demonstra que não tem pouco tempo que Bruce Wayne age como o Batman e ele é bem experiente em ação. Outra coisa que senti como um ponto negativo foi esse lance de Bruce não conhecer tudo de Gotham. Se sempre existiu uma coisa que ele buscou saber era tudo sobre Gotham, mesmo que fossem lendas e mitos. É isso que o torna o maior detetive da DC, pois mesmo que não acredite, ele tem conhecimento.
Alguns falaram. “Ah, mas em ‘Batman: Ano Dois’, o Batman não sabia da existência do Ceifador”. Bem, se perceberem bem, a Ano Dois é ainda o começo de carreira de Bruce Wayne como Batman. Ele havia começado a conquistar a confiança de Gordon, tinha bem menos de dois anos que havia iniciado seu vigilantismo e nem tinha Dick Grayson como parceiro, ainda, ou seja, estava bem no começo de carreira para conhecer toda a extensão de vilões ou outros vigilantes da cidade. Sem contar que ele sempre procurou entender sobre a morte dos pais deles, se havia sido um simples assalto ou se existia algo mais por trás. Aonde eu quero chegar com isso? Fica difícil acreditar que o Batman não tivesse nenhum pouco de conhecimento sobre a Corte das Corujas. Fica difícil crer que ele acharia que a Corte seria somente uma cantiga de ninar, e isso tornou o Batman muito fraco, essa submissão ao desconhecimento.
Se eu fosse ficar falando de tudo que eu não gosto na história central de “A Corte das Corujas”, ficaria páginas e páginas me explicando e muitos me odiariam mais do que já me odeiam por tecer opiniões contrárias a Novos 52, sendo assim, vou me prender ao pontos positivos desse segundo volume, principalmente.
A segunda história do encadernado nos apresenta Jarvis Pennyworth, o pai Alfred, que no primeiro encadernado aparece na lista de perseguidos pela Corte das Corujas. Nessa história é mostrado de forma bem interessante como ele entra para a lista negra. É fascinante como um personagem que tem uma ligação indireta com o Batman pôde ser retratado de forma tão significativa nessa história. Jarvis esteve presente, até certo momento, na infância de Bruce e testemunhou e vivenciou coisas com a família Wayne que Alfred termina não tomando conhecimento. E a forma como Snyder – junto à James T. Tynion IV, que co-escreve a história – narra os acontecimento dá um dinamismo todo novo. Me lembrou, em certo momento, “O Despertar”. Mas a história seguinte me lembrou muito “Vampiro Americano”.
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Como eu disse antes, Snyder desenvolve personagens femininas fortes, destemidas e que não desistem por qualquer coisa. Foi assim com Pearl Jones, Hattie Hargrove, Dra. Lee Archer e Leeward, e não poderia ser diferente com Harper Row, então a terceira história é – praticamente – dedicada a ela.
Eu sinceramente pensei que não fosse gostar da personagem. Pensei que seria uma tapa buraco ou algo assim, mas quando Snyder decide desenvolve-la sem ligação com o Batman – ou, pelo menos, tendo somente uma participação especial do Homem-Morcego – ele encanta. Harper chega ser tão genial quanto Timothy era antes de Novos 52. Ela é totalmente dedicada ao irmão, que sofre preconceitos – acho que ele é gay, mas não tenho certeza ainda – por conta de pessoas do bairro, e é capaz de qualquer coisa para defende-lo. Criativa, engenhosa, Harper Row é maravilhosa. Para que Snyder traria outras personagens do universo do Morcego se ele estava construindo Harper? Se teve alguma coisa que eu fiquei simplesmente fascinado foi essa personagem que tem um grande futuro pela frente e – torço eu – seja bem explorada futuramente nas revistas, pois ela supera uma Stephanie Brown fácil, fácil.
Já a última história vou voltar a ser chato – e vou terminar entregando alguns SPOILERS –, pois Snyder decide mexer em algo que não deveria ser mexido e dessa vez é na história de Victor Fries, o Senhor Frio.
Um dos dramas mais fascinantes dos vilões de Batman é o do Dr. Victor Fries, que congela o corpo da esposa enquanto busca a cura para seu problema de coração. Chega a ser emocionante a dedicação do vilão. Mas Snyder decide quebrar esse mito e me decepcionou com isso, pois a forma como ele nos entrega Fries é como mais um maníaco psicopata do Arkham.
Sempre fui apaixonado pelos dos vilões insanos do Batman, pois suas insanidades tinham uma motivação maior do que ser somente um louco. Existia uma certa nobreza em suas insanidades, e quando vejo isso ser quebrado, me entristece muito.
Batman: A Noite das Corujas finaliza a minissérie, mas não finaliza a ação da Corte em Gotham City, pelo contrário, Snyder implanta mais um mito dentro da cidade do Batman. Isso é legal e interessante, mas seria mais ainda se ele não tornasse o Batman um fraco e desinformado, totalmente suscetível à Corte. Vamos ver o que mais vem por aí.