Esse livro é uma compilação de anotações de Stephen Hawking que traz consigo questões que deixam há muito tempo cientistas de cabelo em pé, e a humanidade sem saber o que fazer. Apresentada de forma mais despojada e fácil de ler, é clara a intenção da obra de fazer com que os jovens se aproximem mais da ciência e se interessem mais por ela.
Não que Stephen nos traga a solução para todas as coisas nessa edição de 255 páginas. Mas nessa obra bem menos densa do que as outras escritas por ele, é perceptível que o intuito é mostrar que a ciência não é tão complicada como as pessoas pensam (e logo, têm medo dela).
Que a ciência sobrevive da curiosidade de pessoas comuns, e é na busca pela resposta dessas perguntas, que acontecem os grandes avanços da humanidade. Não existe questão boba. Precisamos procurar respostas para todas as coisas e usar sim essa ciência em pro de um bem comum. Chega um momento em que ele fala de si mesmo, e de como ele não era em nada excepcional. Mas que com o apoio de grandes professores e amigos, a motivação foi essencial e também um grande gatilho para que ele nunca mais quisesse parar de descobrir sobre a teoria de tudo.
Stephen Hawking fala sobre existência de Deus para a humanidade e das leis da natureza que explicam o universo. E se você acredita que as leis da natureza são Deus, não está muito longe do que a ciência defende. É claro que o princípio do universo nos deixa com aquela pulga atrás da orelha: já existia antes do Big Bang? Passou a existir com o Big Bang? E se passou a existir depois do Big Bang, o que existiu antes? Questões que podem nos fazer pensar pela questão de espaço-tempo, de que se não houve nada antes do Big Bang, então não houve tempo para existir um criador. (Mas também não te impede de acreditar que exista sim um Deus presente nas leis da natureza, beleza? Hawking não queria tretar).
O cientista também nos fala de como o universo era micro e se tornou macro, desta forma nos provando que ele ainda está em expansão. Fica bem claro que existe uma busca constante pela origem do universo que explicaria quase todas as coisas do mundo. Mas ninguém sabe explicar ainda, e muitos cientistas têm receio de bater de frente com a questão de não ter existido nada antes do Big Bang. Por questões até mesmo religiosas: quem apertou o gatilho? Foi Deus? Ninguém queria saber do início do universo antes.
Stephen Hawking nos fala da Teoria M e da existência de multiuniversos, o que faz com que o leitor comece a pirar dentro de várias suposições de realidades.
Ele também nos explica como a tridimensionalidade é importante para a existência de vida inteligente: não sobreviveríamos em uma dimensão 2D. E você por algum momento já parou pra pensar que todo esse infinito que vê ao olhar pro céu pode estar compactado em uma casca de noz, e você achando que o universo é infinito? Pois é.
Hawking traz consigo questões (des)norteadoras que vão desde o surgimento dos elementos químicos (e isso inclui o carbono e a origem da vida), até a teoria de que somos vida parasitária e autodestrutiva na terra. Por isso mesmo, segundo ele, é necessário que a humanidade evolua a ponto de poder viajar por aí e colonizar o universo. Porque só olhando para fora é que poderemos resolver os problemas terráqueos.
Falando sobre problemas dos terráqueos, o livro não deixa de fora críticas políticas sobre momentos atuais como a falta de interesse na área científica por parte da desvalorização da educação, governos irresponsáveis que ligam mais para bombas nucleares do que melhorar o mundo para um bem comum, e a teoria de que nós vamos nos autodestruir em algum momento se não nos mobilizarmos para o bem.
Mas o cientista é bem otimista. Apesar do aquecimento global e o derretimento das calotas polares que podem transformar a Terra no novo planeta Vênus, Hawking acredita que a humanidade tenha evoluído o bastante em informação, a ponto de que ela possa sim perpetuar a própria espécie. Saímos da forma mais primitiva de transmissão de informação (DNA), e estamos cada vez mais evoluídos em tecnologia. Desta maneira, é possível que a própria tecnologia nos salve e nos evolua tanto na alteração genética (para solução de problemas), como através da inteligência artificial.
Numa observação de que uma moeda tem dois lados, Hawking não descarta que pode ser que essa evolução nos destrua por completo. Mas se soubermos usar todas essas coisas que temos a nosso favor, o cosmólogo deposita toda uma mensagem de motivação. Ele acredita que somos capazes de moldar um mundo melhor, e moldar outros mundos melhores para gerações futuras.
Apenas uma coisinha que me deixou intrigada é que parece ao longo do livro, Hawking retoma alguns assuntos quase da mesma maneira que foi abordado antes, o que depois de um tempo de leitura me deu a sensação de repetição de informação. Mas nada que desmereça a bela e sensacional obra que motiva, emociona e acredita nos jovens como possível futuro brilhante da raça humana.