Expectativas divididas, internet fervendo, fanboys surtando, as tags #TeamCap e #TeamStark marcam status de confusão e dúvida, ninguém sabia o que esperar de mais uma produção da Marvel, ou já sabiam até demais. Não estou aqui na intenção de anular os inúmeros erros que a Marvel cometeu ao longo de sua trajetória cinematográfica, mas não se pode negar que ela sempre soube ser inteligente e cativante e vem surpreendendo no mundo do cinema; bons roteiros, histórias excitantes, ótimas cenas e planos de filmagens, atores de primeira, ação e diversão em equilíbrio foram os pontos positivos que estiveram presente em quase todos os longas da franquia… Mas quando menos se espera, eles se superam e dão um show.
Capitão América: Guerra Civil era para ser mais um filme de super herói? Porque se era, eu sinto informar, mas ele definitivamente vai muito além disso. Provavelmente um dos melhores, se não o melhor filme do MCU (Marvel Cinematic Universe) até hoje – é o que ficou mais do que evidente nos aplausos empolgantes que envolveram a sessão que exalava felicidade. Enredo fantástico, ou melhor dizendo, adaptação; tudo começa quando os líderes mundiais decidem, por cautela e segurança, limitar, regular e monitorar as atuações da iniciativa Vingadores através do Tratado de Sokovia proposto pela ONU, o acordo responsável por dividir a equipe de heróis e dar origem a Guerra Civil.
Tudo poderia ser apenas uma questão política, daquelas bem sérias que tornam os nossos corações dispensáveis, mas não é só isso. Profundo demais, é no decorrer de cada cena do filme que conseguimos notar que apesar da lógica, das ideologias e da ciência, a batalha é entre o Amor e a Vingança. É nesse momento que notamos que não é uma “lutinha” de bem contra o mal, não tem lado certo ou errado e tão pouco Tony Stark versus Steve Rogers, sim é isso que você leu, porque mesmo estando em lados opostos, o propósito de suas lutas é exatamente o mesmo, um dilema entre o sentimento e a razão.
Surpreendentemente é em Capitão América: Guerra Civil que a sensação de União e amizade se torna muito mais forte do que em qualquer outro filme da franquia.
Esse impulso emocional e o senso de responsabilidade, assim como o medo de falhar e os erros cometidos pelos personagens, enfatizam ainda mais a ideia de que eles são tão humanos quanto heróis, o “gente como a gente” que fez da Marvel o sucesso que ela é hoje. As características de cada um foram tão bem construídas durante todos esses anos e tão evidenciadas no filme que a sensação de intimidade é constante e confortável.
Não faltaram presenças ilustres (até o Bilbo apareceu!), renovando universo com mais variedade de heróis, uma pluralidade de personalidades que é essencial e maravilhosa, não só por surpreender, mas também por ampliar ainda mais o MCU. Pantera Negra (Chadwik Boseman), o herdeiro de Wakanda, figura sensata, de olhar humilde, capaz de enlouquecer qualquer um com os seus golpes, rapidez e agilidade. Homem Formiga (Paul Rudd), pequeno como um inseto, grande como o Hulk (ou é maior?), cômico, irônico e cheio de truques na manga, demais! E agora sim, é ele, o magnífico, o espetacular Homem Aranha (Tom Holland), aquele momento da crítica que eu não sei o que dizer, apenas sentir. O bairro do Queens nunca foi tão importante! Com uma entrada triunfal divertidíssima nos diálogos e emocionante nos detalhes, Peter Parker estava de corpo e alma nesse filme; carismático, inteligente, nerd tímido, engraçado e um verdadeiro HERÓI, luta com ritmo, leveza e deixa transparecer seu espírito jovial. Esse casamento de Marvel e Sony gerou um lindo filho, O Homem Aranha está sensacional, cativante, ao que parece foi a escolha certa.
Mas não foram só os “novatos” que brilharam, é importante destacar o quão sensacional estão o Visão, o Gavião Arqueiro, Máquina de Combate, Falcão, todos muito bons, alguns com participações mais modestas, mesmo assim marcantes. Incríveis, maravilhosas e poderosas, as heroínas tiveram um enorme destaque no longa, Viúva Negra, Feiticeira Escarlate e Agente 13, tem cenas tão fantásticas quanto a dos heróis, no mesmo nível. Vale ressaltar que a igualdade de gêneros está muito bem inserida no filme.
O vilão Barão Zemo foi pouco desenvolvido, sem muito enfoque, sua presença em Guerra Civil é quase coadjuvante, tirando as cenas mais relevantes; já Bucky (O Soldado Invernal) que teve sua origem em Capitão América 2: O Soldado Invernal, está diretamente relacionado com o tema central, fica bem evidenciado e vai provocar dúvidas internas em muitos espectadores.
Se alguns fanboys esperam chegar no cinema e se deparar com um “Áudio Book” da HQ, é melhor nem ir, o filme não é o quadrinho, aliás, é diferente e nem de longe traz 100% de todo o conteúdo, inclusive modifica algumas coisas, mas é de conhecimento público (ou pelo menos deveria ser) no que consiste a adaptação de uma obra, e disso a Marvel entende muito bem. Toda a essência desse importante arco está muito bem representada, de modo que alguns diálogos ou participações, mesmo que curtas, resumem bem determinados plots que precisavam ser mencionados e foram. A transparência do filme é ainda melhor, de fácil compreensão, basta que a pessoa tenha assistido pelos menos os 5 filmes essenciais do MCU para entender o contexto geral.
A história está fenomenal e perfeitamente combinada com momentos que tiram o fôlego, ele não é um drama carregado e muito menos um cliché, é pura ação, adrenalina e diversão, de modo que permanecemos em êxtase até o último segundo e depois queremos mais uma dose. O roteiro é leve e ao mesmo tempo firme e forte, assim como toda a trama. As lutas estão sensacionais, muito bem coreografadas, hipnotizantes. Mas o principal é alcançar o tão sonhado objetivo e fazer jus ao hype alto com um excelente trabalho, e isso os irmãos Russo (diretores) e seu time de roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely, definitivamente conseguiram.
Iniciando a Fase 3 do Universo Cinematográfico da Marvel com o pé direito, Capitão América: Guerra Civil não é apenas a continuação dos filmes anteriores do Bandeiroso, ele é um Vingador na imaginação das pessoas, é um complemento de tudo, um episódio sem fim, a união do passado e a prévia do futuro. De modo geral ele reuni os principais elementos Marvel em um só. ÉPICO, é a única palavra capaz de definir tal obra.
Revisado por: Bruna Vieira.