Um filme de Ridley Scott com nomes como Lady Gaga, Adam Driver, Al Pacino, Jeremy Irons, Jared Leto e Salma Hayek se torna grandioso por si só.
A temática luxuosa é tão estelar quanto o elenco do filme Casa Gucci. Toda essa combinação poderia ser decadente, afinal é sabida a quantidade de diretores que falharam ao tentar conciliar tantos famosos na tela do cinema, mas não foi uma problemática para a genialidade de Ridley Scott.
Toda essa mistura poderia ser, sim decadente, mas em uma sacada de mestre, Scott deixa a decadência para o próprio enredo.
O roteiro é inspirado no livro “Casa Gucci: Uma História de Glamour, Cobiça, Loucura e Morte” escrito por Sara Gay Forden. Na trama cinematográfica somos apresentados à Patrizia Reggiani (Lady Gaga) e um dos herdeiros da famosa grife italiana criada por Guccio Gucci, Maurizio Gucci (Adam Driver). Os dois se esbarram em uma festa, e os acompanhamos até o momento em que ela é condenada como mandante do assassinato dele. Neste meio tempo, os dois se casam e, conforme a morte de outros membros da família Gucci, ou as “armações” da própria Patrizia, Maurizio passa a assumir cada vez mais uma posição de liderança dentro da grife.
Ridley Scott apresenta todos esses eventos à sua própria maneira. O filme é dinâmico e ousado ao marcar as décadas por intermédio da moda, música e penteados. Aliás, a música é um elemento importantíssimo na película.
A trilha sonora de Casa Gucci muitas vezes funciona de forma suavizadora para as maldades e falcatruas criadas pelos próprios personagens. Sendo assim, a sordidez torna-se sutil, seja pelo arranjo, ou pela ridícula postura dos personagens. A ousadia de Scott com relação a marcação do tempo pode ser um ponto de incômodo para alguns, afinal o próprio espectador precisa prestar atenção para se situar nos saltos temporais.
O ridículo em ‘Casa Gucci’ é parte da essência do filme, que por vezes se torna satírico, como se fôssemos convidados a rir dessa aristocracia que se perde em meio ao próprio dinheiro. Al Pacino (Aldo Gucci) e Jared Leto (Paolo Gucci) formam uma ótima dupla humorística, ganhando espaço de tela.
[rwp-review id=”0″]Lady Gaga e Adam Driver brilham como casal, e é impossível pensar em outra atriz para interpretar Patrizia Reggiani. O mais interessante da obra é que somos impossibilitados de dar apenas a Patrizia a alcunha de vilã em meio a tanta deslealdade, ambição e frieza por parte dos Gucci.
O filme é uma grande crítica a elite mundial, e sua arrogância e ambição desenfreada. Tudo isso em tons de imponência, humor e brilho. Deleitem-se com essa ópera pop.