Existe uma ideia de que por voltando para o público infantil em Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa, o filme deve ter uma execução “infantil”, com a justificativa de que crianças não são capazes de perceber e entender arte. Porém, fazer bons filmes para a criançada é uma tarefa muitas vezes ingrata, que requer muito carinho, capricho e dedicação.
Na era da economia da nostalgia e na realização de projetos infantis puramente por ganância, a adaptação de Chico Bento, um personagem amado nacionalmente, sem sombra de dúvidas é revigorante. A trama é simples e direta, mas nem por isso deixa de ser bem desenvolvida, e quando combinada com a linguagem visual do filme, que remete aos quadrinhos com uma sensibilidade enorme, o filme realmente se torna a goiaba mais suculenta do pomar.
Isaac Amendoim é uma explosão de fofura e carisma, não tem como não ver o Chico Bento todinho na sua atuação. A direção parece ter tomado um cuidado especial com os atores e atrizes mirins do longa, que se traduz em leveza, delicadeza e na esperançosa ingenuidade da infância.
O filme consegue usar e abusar dos recursos visuais não só da linguagem cinematográfica mas também dos quadrinhos, com sequências inspiradas e referências divertidas – e principalmente – bem acertadas. Não há nenhuma síndrome de grandeza megalomaníaca. O filme é simples, sutil e belo.
Chico Bento e a Goiabeira Maravilhosa é uma máquina do tempo que te transporta diretamente para o aconchego da infância, e com certeza deve plantar a sementinha da esperança no coração de crianças e adultos.