Dirigido por Craig Gillespie (Eu, Tonya) e com roteiro de um monte de gente, chega aos cinemas o crossover entre “O Diabo Veste Prada” e a franquia dos X homens e mulheres e um segredo.
Cruella é o mais novo filme da Disney baseado em animações antigas e clássicas. Não vou chamar de live action, pois não temos aqui a mesma história, mas sim um prequel, o surgimento de Cruella e uma nova roupagem para uma das vilãs mais cruéis (Cruella cruel, Cruella cruel) da Disney.
Emma Stone traz seus olhões e muitas expressões para o papel de Estella (Cruella), órfã de cabelo branco e preto que se culpa pela morte da mãe e conhece 2 meninos nas ruas, vivendo com eles até ficarem adultos e sobrevivendo dos roubos e esquemas planejados pelos três. Tem uns cachorrinhos engraçados no meio também.
Os 101 Dálmatas é um dos filmes da Disney mais próximos à realidade (sem magia e sobrenatural), mas Cruella precisa ser visto com olhos de que “tudo é possível” para ser bem apreciado. Tem que usar muito de “suspensão de descrença” pra relevar os golpes do grupo e todos os aparecimentos repentinos da protagonista.
Começamos a história com a jovem Estella e seus primeiros anos com a mãe. Estella é arteira, com temperamento forte e muito criativa com desenhos e moda.
A dificuldade financeira da família leva a trágica morte de sua mãe e isso tudo toma 20 minutos do filme, mas é transmitido tão rápido na tela que parece que deixaram o filme em 1.5x na velocidade e esqueceram de acertar no final.
Essa velocidade acontece em vários outros momentos do filme e, se levarmos em consideração que ele tem 2h14min, poderia ter sido ainda maior. Praticamente não há respiro. A todo momento temos um roubo ou cena digna de 11 homens e um segredo.
O figurino desse filme é magnífico. Não faço ideia de como Cruella consegue fazer os looks tão rápido e nem de onde consegue dinheiro para tal, mas tenho que agradecer a Jenny Beavan (maravilhosa, sensacional, mais Oscar pra ela) pelo deleite de ver tantas roupas lindas em tela.
Outro ponto positivo é o humor do filme. É ridículo e cringe, mas tem muita referência a animação e até dá novo significado a reputação de Cruella. Os nomes dos cachorros me fizeram rir também.
Até agora eu não falei de nenhum personagem que não seja a protagonista, e a razão para isso é que… não tem mais ninguém. Mentira, tem sim, mas nenhum outro personagem tem desenvolvimento considerativo.
Temos a Baronesa (Emma Thompson), que tem papel de concorrente, mas nessa briga de Emma, ninguém é heroína.
Todos os outros personagens não possuem desenvolvimento. E esse filme tem diversidade. Tem gordo, magro, preto, preta, velho, novo e até gay… e todos eles só estão ali pra servir de capangas pra fama da Cruella crescer. Tô vendo isso, eihn Disney. Num é isso que a gente chama de inclusão não…
Também quero ressaltar o diagnóstico de psicopatia. Psicopatia não é genético e nem se encaixa no comportamento da personagem. Usar esse diagnóstico dá mau exemplo sobre o transtorno de personalidade e propaga a desinformação.
Com um roteiro fraco, cores vibrantes, figurinos lindos, diversidade velada, CG de Dálmata horrorosos e mais atos do que o necessário pra contar a história… ainda assim Cruella vai agradar a muitas pessoas. Não é história de redenção pra criança, na verdade esse filme é pra adulto simpatizar com vilão. Tipo Joker, mas PG livre.
Ah! já ia esquecendo da trilha sonora. É um shuffle de melhores dos anos 70-80 sensacional. E ela encaixa bem em vários momentos do filme, quase como personagem. Só esqueceram de mixar e os volumes estão desregulados ou termina do nada.
Em tempos de filmes horrorosos, esse ao menos é uma boa pegada no cinema. Só não espere sair transformado. Aproveite a superficialidade e proclame seu amor por mais uma vilã.